No atual cenário do mercado financeiro, encontrar boas oportunidades no mercado de ações pode parecer desafiador, ainda mais quando observamos o desempenho do Ibovespa em 2024. Até o mês de novembro, tivemos 7 meses de queda e apenas 4 meses de alta no índice.
Mas será que esses movimentos de queda nas ações são armadilhas ou oportunidades de comprar boas empresas a preços atrativos? Essa aparente “promoção” pode vir acompanhada de riscos e complexidades que exigem uma análise cuidadosa.
Neste texto, exploraremos como identificar empresas com fundamentos sólidos em tempos de desvalorização, os indicadores financeiros essenciais para avaliar se uma ação está realmente barata, e os impactos do cenário macroeconômico nas decisões de investimento.
Além disso, discutiremos a volatilidade do mercado e como montar uma carteira de longo prazo, aproveitando as oportunidades que surgem em meio a esse ambiente desafiador.
Empresas com fundamentos sólidos em tempos de desvalorização
Diante do cenário macroeconômico atual – marcado pela alta percepção de risco – é possível encontrar diversas empresas que, apesar de enfrentarem períodos de queda, continuam apresentando fundamentos sólidos.
É importante entender que os investidores nem sempre vendem suas ações devido a desafios enfrentados nas empresas. Muitas vezes, as decisões de venda são influenciadas por fatores como o cenário econômico, o momento individual de cada investidor e a busca por oportunidades mais atrativas.
Um exemplo disso pode ser observado quando olhamos para o movimento dos fundos de investimento este ano. Até agosto de 2024, os fundos de crédito privado (ou seja, que investem em títulos de renda fixa) no Brasil registraram entradas de R$ 304 bilhões, enquanto os fundos multimercado (que alocam em diferentes investimentos, incluindo ações) enfrentaram saídas de R$ 145 bilhões.
Esse movimento de saída de investidores pode forçar gestores de ações a liquidar posições a preços baixos para atender aos resgates de capital – o que não necessariamente reflete uma deterioração nos fundamentos das empresas.
Assim, existem oportunidades interessantes para investidores que buscam ações com bons fundamentos sendo negociadas abaixo de seus múltiplos históricos.
Como identificar se uma ação está “descontada”?
Para encontrar ações que estão descontadas e podem ser oportunidades de compra, é crucial realizar uma análise dos fundamentos da empresa. Isso envolve analisar os resultados financeiros divulgados, compará-los com períodos anteriores e com empresas do mesmo segmento. Indicadores como crescimento de receita, lucros, margens operacionais, níveis de endividamento e alavancagem devem ser avaliados, assim como o posicionamento da empresa no seu segmento e no mercado.
Além disso, o investidor deve estar atento ao momento atual, para entender se a queda nos preços é parte de um movimento mais amplo no mercado, influenciado por fatores macroeconômicos ou se de fato faz parte de uma deterioração nos fundamentos da empresa.
Essa análise, portanto, ajuda a determinar se a pressão sobre os preços é um fenômeno “top down” — ou seja, que afeta o mercado como um todo — ou se reflete preocupações específicas em relação a companhia.
Distinguir entre uma queda temporária e problemas estruturais é fundamental para identificar oportunidades reais de compra e evitar armadilhas que possam comprometer a carteira no longo prazo.
Indicadores financeiros mais avaliados
Para determinar se uma ação está realmente barata, investidores podem considerar diversas métricas financeiras. Entre as mais relevantes estão o P/L (preço sobre lucro), o P/VPA (preço sobre valor patrimonial) e o fluxo de caixa descontado, que auxiliam na busca pelo “preço justo”. Da companhia Essas métricas são essenciais para avaliar se uma ação está subvalorizada em relação ao seu valor intrínseco.
É também crucial comparar essas métricas não apenas com o histórico da própria empresa, mas também com as de seus pares no mesmo segmento. Essa comparação permite entender o posicionamento da empresa no mercado e identificar se a desvalorização é justificada por fatores específicos ou se representa uma oportunidade de compra.
Impacto do cenário macroeconômico nas oportunidades de investimento
O cenário macroeconômico, especialmente em um contexto de juros altos e inflação elevada, impacta diretamente a disposição dos investidores em assumir riscos. Mesmo que algumas ações apresentem fundamentos sólidos, a cautela pode prevalecer – resultando em menor demanda e, consequentemente, preços mais baixos.
O aumento das taxas de juros também afeta a precificação das ações, conforme explicamos aqui. Com juros mais altos, o custo de capital das empresas aumenta, tornando mais caro financiar operações e investimentos. Isso resulta em um valor justo menor para as empresas. Além disso, taxas de juros mais altas tornam o crédito mais caro e menos acessível, o que pode impactar negativamente as companhias.
Assim, diante do contexto atual marcado pelos juros altos, é recomendável que os investidores adotem uma postura cautelosa e seletiva em suas escolhas. Focar em setores e empresas que tendem a se sair melhor em ciclos de alta de juros é uma estratégia inteligente, assim como buscar companhias com maior qualidade e menor alavancagem.
Quais são os riscos ao comprar ações em “promoção”?
Embora a ideia de comprar ações em “promoção” possa parecer atrativa, é importante estar ciente dos riscos envolvidos. A queda no preço pode refletir problemas mais profundos, seja na empresa em si, no setor em que ela atua ou até mesmo no cenário econômico – podendo afastar os investidores das ações por certo tempo. Portanto, realizar uma análise detalhada antes de tomar qualquer decisão de investimento é fundamental. É vital lembrar que não há nada tão “barato” que não possa ficar ainda mais barato, especialmente em períodos desafiadores do ponto de vista macroeconômico.
Para gerenciar esses riscos, investidores devem adotar uma abordagem cuidadosa na seleção de ações. Isso inclui diversificar suas carteiras para mitigar a exposição a riscos específicos, ter clareza sobre seus objetivos de investimento e seu perfil de risco, e considerar a utilização de análises complementares, como a análise técnica, para identificar pontos de entrada mais atrativos em ações com bons fundamentos.
Como montar uma carteira de longo prazo com ações em “promoção”
É possível aproveitar essas “promoções” para montar uma carteira de longo prazo. Os principais critérios para a seleção das empresas incluem a análise dos fundamentos das companhias, o momento de entrada, que pode ser avaliado por meio da análise técnica, e a diversificação entre setores e ativos que compõem a carteira do investidor.
Mas lembre-se sempre: a diversificação é a melhor amiga dos investimentos, especialmente em momentos de volatilidade. Portanto, ao construir sua carteira, busque equilibrar seus investimentos entre diferentes classes de ativos, como ações, renda fixa e fundos imobiliários. Isso não apenas ajuda a mitigar riscos, mas também pode potencializar retornos, pois diferentes ativos reagem de maneiras distintas às condições de mercado.
Além disso, revise regularmente sua carteira para garantir que ela continue alinhada com suas metas e tolerância ao risco. O mercado está em constante mudança, e uma abordagem proativa pode fazer toda a diferença no desempenho a longo prazo. Com disciplina e uma estratégia bem definida, você pode navegar pelas incertezas do mercado e aproveitar as oportunidades que possam surgir.
Volatilidade: oportunidade ou sinal de alerta?
A volatilidade do mercado pode criar oportunidades para investidores dispostos a assumir riscos, mas também pode servir como um sinal de alerta para investidores mais conservadores ou com objetivos de mais curto prazo. Cada investidor deve avaliar sua tolerância ao risco e sua estratégia de investimento antes de tomar decisões.
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Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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