No último dia 28, o governo federal anunciou a retomada de tributos federais incidentes sobre combustíveis. A medida de “reoneração” se refere à volta da incidência de PIS/Cofins e Cide (tributos federais) sobre gasolina e etanol – tributos que estavam zerados desde julho de 2022.
A lei complementar que aprovou a redução à zero das alíquotas determinava que a medida seria temporária, com validade até 31 de dezembro de 2022 – data após a qual os tributos federais voltariam à sua alíquota anterior, “reonerando” combustíveis como gasolina, etanol e diesel. Em seus primeiros dias de mandato, entretanto, o governo recém-eleito determinou, por meio de Medida Provisória, que a desoneração seguiria valendo por mais dois meses.
Nesse cenário, o início de março representava período limite para determinar a manutenção ou não da alíquota zero. A decisão, então, foi a da volta parcial da cobrança de tais tributos, de modo que o preço de combustíveis será afetado. Em bom português: a gasolina ficará mais cara.

Segundo o anúncio oficial, a reoneração será de R$ 0,47 por litro de gasolina A (que representa 73% da gasolina que consumimos nos veículos). Logo, o eleito no preço da bomba é de R$ 0,35 por litro, e R$ 0,02 por litro de etanol, mantendo a diferença de 45 centavos entre os dois produtos.
Com a redução de 13 centavos no preço da gasolina também anunciado no mesmo dia pela Petrobras (por conta da redução do preço de petróleo em mercados internacionais), calculamos que o preço do combustível “na bomba” terá um aumento líquido de 22 centavos.
Como o aumento determinado não recomporá por completo os impostos reduzidos, haverá uma parcela residual que ainda deverá ser retomada no período de quatro meses, caso o congresso não torne a medida uma lei permanente. Isso significa que o preço dos combustíveis pode subir novamente em alguns meses – caso não haja redução de preços por parte da Petrobras.
Imposto sobe e projeção de inflação desce?
Conforme detalhamos acima, a reoneração deve elevar o preço da gasolina e do etanol, impactando, consequentemente, a inflação.
Porém, a decisão não levou a uma mudança altista da nossa projeção de inflação para esse ano. Ou seja, não elevamos nossa projeção de alta de preços como resultado da retomada dos impostos. Isso porque nosso cenário para a inflação em 2023 já considerava o retorno de tais impostos, de maneira integral.
Assim, como a retomada dos impostos vigentes antes de julho de 2022 será apenas parcial, a inflação esperada para esse ano se reduz levemente. Projetamos agora que o IPCA encerre o ano de 2023 com alta de 5,5% (de 5,7% antes da reoneração).

Impacto nas contas públicas
A desoneração também terá impacto nas contas públicas. Afinal, como os impostos não serão retomados em sua totalidade, será preciso encontrar fontes de compensação desta arrecadação perdida. Caso contrário, a menor arrecadação resultará em crescimento da dívida, prejudicando ainda mais a já desafiadora situação fiscal do país – e impactando a economia como um todo, quase como uma bola de neve.
Falamos tudo sobre o que é risco fiscal e os impactos na economia e nos investimentos aqui!
Mais precisamente, estimamos que a reversão apenas parcial da desoneração de impostos anunciada pelo governo representa uma perda de arrecadação de cerca de R$ 11,4 bilhões no ano e R$ 4,6 bilhões em quatro meses.
Para compensar esta perda, o governo estabeleceu uma nova taxação sobre as exportações de petróleo bruto (não refinado). Ou seja, implementar um novo imposto sobre o petróleo exportado do Brasil para outros países. Por ora, a taxação ficará vigente entre março e junho deste ano, com alíquota de 9,2%.
Considerando o valor exportado (US$ 42,6 bilhões) e a taxa de câmbio média (R$/US$ 5,17) no ano passado, essa medida deve levar a uma receita adicional por parte do governo de aproximadamente R$ 16,8 bilhões em 2023 (dez meses remanescentes) ou R$ 6,7 bilhões em quatro meses. No caso, mais do que o suficiente para cobrir a diferença da reoneração parcial.
Em outras palavras: o efeito final nas contas públicas — da desoneração parcial somada à nova taxação — poderia ser positivo. Porém, de maneira relevante, os dividendos da Petrobras podem cair justamente por conta da nova taxação. Nesse caso, essa perda compensaria qualquer ganho real para os cofres públicos.
Impacto no setor
Enquanto o impacto fiscal segue incerto, o impacto negativo já foi sentido nas empresas brasileiras de petróleo e gás. Nosso time já via o setor sob risco político devido a possíveis aumentos na tributação, e o anúncio por parte do governo acabou tornando esse temor realidade: logo após o anúncio da reoneração, as ações de Petrobras, PetroReconcavo, 3R e PetroRio tiveram forte liquidação (entre –3,5 e 9%) em um dia. Desde então, caíram: PETR4 -5,8%, RECV3 -6,0%, RRRP3 -20,1%, PRIO3 -8,3%.
A Petrobras (PETR4) não é uma grande exportadora de petróleo bruto, já que a maior parte é consumida internamente em suas refinarias. Assim, outras empresas brasileiras e internacionais de óleo e gás pagarão, proporcionalmente, uma fatia maior dessa conta. A PetroRio (PRIO3) provavelmente sofrerá mais, seguida pela Petrobras e com impactos moderados para 3R (RRRP3) ou PetroReconcavo (RECV3). Mas não é um trimestre de impostos que mexe o ponteiro para os investidores: é a percepção dos riscos que estão por vir.
Caso o imposto (que por ora é temporário) se torne permanente, o preço interno de petróleo bruto também será afetado. Isso porque, como o Brasil exporta mais do que importa a matéria-prima, os preços internos tendem a seguir a paridade de preços de exportação (o PPE), e uma mudança afetaria negativamente as receitas das empresas.
Acreditamos que a percepção de risco para investir em ações de petróleo e gás no Brasil aumentou após esses eventos, mesmo que os impostos não se tornem permanentes. No entanto, vimos que grande parte dos efeitos de uma permanência do imposto de exportação já foi precificada na queda das empresas ao longo dos últimos dias. Também esperamos uma reação forte das empresas contra a proposta nos debates que ocorrerão no Congresso nos próximos 4 meses.
Ao final do período de quatro meses, o Congresso irá decidir pela reoneração completa da gasolina e do etanol ou pela manutenção do imposto de exportação sobre o petróleo bruto.
Mudança na política de preços da Petrobras?
No contexto do consequente aumento no preço dos combustíveis no país (após forte alta observada no último ano, na esteira da guerra no leste europeu), ganham força discussões no palco político sobre a implementação de algum tipo de controle de preços ou de mudança na política de preços de combustíveis praticada no Brasil.
O vai e vem de propostas de mudanças de legislação no Congresso desde meados do ano passado tende a impulsionar a volatilidade nos mercados, especialmente em ativos ligados ao setor de óleo e gás.
Assim, destacamos esse conteúdo — em vídeo e texto — em que te contamos tudo sobre como funcionam os ajustes de preços de combustíveis por aqui, e as potenciais consequências de alterações ao atual sistema na economia e nos seus investimentos.

Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 6928
1) Este relatório de análise foi elaborado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos ou XP”) de acordo com todas as exigências previstas na Resolução CVM 20/2021, tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar sua própria decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta ou solicitação de compra e/ou venda de qualquer produto. As informações contidas neste relatório são consideradas válidas na data de sua divulgação e foram obtidas de fontes públicas. A XP Investimentos não se responsabiliza por qualquer decisão tomada pelo cliente com base no presente relatório.
2) Este relatório foi elaborado considerando a classificação de risco dos produtos de modo a gerar resultados de alocação para cada perfil de investidor.
3) O(s) signatário(s) deste relatório declara(m) que as recomendações refletem única e exclusivamente suas análises e opiniões pessoais, que foram produzidas de forma independente, inclusive em relação à XP Investimentos e que estão sujeitas a modificações sem aviso prévio em decorrência de alterações nas condições de mercado, e que sua(s) remuneração(es) é(são) indiretamente influenciada por receitas provenientes dos negócios e operações financeiras realizadas pela XP Investimentos.
4) O analista responsável pelo conteúdo deste relatório e pelo cumprimento da Resolução CVM nº 20/2021 está indicado acima, sendo que, caso constem a indicação de mais um analista no relatório, o responsável será o primeiro analista credenciado a ser mencionado no relatório.
5) Os analistas da XP Investimentos estão obrigados ao cumprimento de todas as regras previstas no Código de Conduta da APIMEC Brasil para o Analista de Valores Mobiliários e na Política de Conduta dos Analistas de Valores Mobiliários da XP Investimentos.
6) O atendimento de nossos clientes é realizado por empregados da XP Investimentos ou por assessores de investimento que desempenham suas atividades por meio da XP, em conformidade com a Resolução CVM nº 178/2023, os quais encontram-se registrados na Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários – ANCORD. O assessor de investimento não pode realizar consultoria, administração ou gestão de patrimônio de clientes, devendo atuar como intermediário e solicitar autorização prévia do cliente para a realização de qualquer operação no mercado de capitais.
7) Para fins de verificação da adequação do perfil do investidor aos serviços e produtos de investimento oferecidos pela XP Investimentos, utilizamos a metodologia de adequação dos produtos por portfólio, nos termos das Regras e Procedimentos ANBIMA de Suitability nº 01 e do Código ANBIMA de Distribuição de Produtos de Investimento. Essa metodologia consiste em atribuir uma pontuação máxima de risco para cada perfil de investidor (conservador, moderado e agressivo), bem como uma pontuação de risco para cada um dos produtos oferecidos pela XP Investimentos, de modo que todos os clientes possam ter acesso a todos os produtos, desde que dentro das quantidades e limites da pontuação de risco definidas para o seu perfil. Antes de aplicar nos produtos e/ou contratar os serviços objeto deste material, é importante que você verifique se a sua pontuação de risco atual comporta a aplicação nos produtos e/ou a contratação dos serviços em questão, bem como se há limitações de volume, concentração e/ou quantidade para a aplicação desejada. Você pode consultar essas informações diretamente no momento da transmissão da sua ordem ou, ainda, consultando o risco geral da sua carteira na tela de carteira (Visão Risco). Caso a sua pontuação de risco atual não comporte a aplicação/contratação pretendida, ou caso existam limitações em relação à quantidade e/ou volume financeiro para a referida aplicação/contratação, isto significa que, com base na composição atual da sua carteira, esta aplicação/contratação não está adequada ao seu perfil. Em caso de dúvidas sobre o processo de adequação dos produtos oferecidos pela XP Investimentos ao seu perfil de investidor, consulte o FAQ. As condições de mercado, mudanças climáticas e o cenário macroeconômico podem afetar o desempenho do investimento.
8) A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço ou valor pode aumentar ou diminuir num curto espaço de tempo. Os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos. As informações presentes neste material são baseadas em simulações e os resultados reais poderão ser significativamente diferentes.
9) Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo assessores de investimentos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos.
10) SAC. 0800 77 20202. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710.
11) O custo da operação e a política de cobrança estão definidos nas tabelas de custos operacionais disponibilizadas no site da XP Investimentos: www.xpi.com.br.
12) A XP Investimentos se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste relatório ou seu conteúdo.
13) A Avaliação Técnica e a Avaliação de Fundamentos seguem diferentes metodologias de análise. A Análise Técnica é executada seguindo conceitos como tendência, suporte, resistência, candles, volumes, médias móveis entre outros. Já a Análise Fundamentalista utiliza como informação os resultados divulgados pelas companhias emissoras e suas projeções. Desta forma, as opiniões dos Analistas Fundamentalistas, que buscam os melhores retornos dadas as condições de mercado, o cenário macroeconômico e os eventos específicos da empresa e do setor, podem divergir das opiniões dos Analistas Técnicos, que visam identificar os movimentos mais prováveis dos preços dos ativos, com utilização de “stops” para limitar as possíveis perdas.
14) Ação é uma fração do capital de uma empresa que é negociada no mercado. É um título de renda variável, ou seja, um investimento no qual a rentabilidade não é preestabelecida, varia conforme as cotações de mercado. O investimento em ações é um investimento de alto risco e os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros e nenhuma declaração ou garantia, de forma expressa ou implícita, é feita neste material em relação a desempenhos. As condições de mercado, o cenário macroeconômico, os eventos específicos da empresa e do setor podem afetar o desempenho do investimento, podendo resultar até mesmo em significativas perdas patrimoniais. A duração recomendada para o investimento é de médio-longo prazo. Não há quaisquer garantias sobre o patrimônio do cliente neste tipo de produto.
15) O investimento em opções é preferencialmente indicado para investidores de perfil agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela XP Investimentos. No mercado de opções, são negociados direitos de compra ou venda de um bem por preço fixado em data futura, devendo o adquirente do direito negociado pagar um prêmio ao vendedor tal como num acordo seguro. As operações com esses derivativos são consideradas de risco muito alto por apresentarem altas relações de risco e retorno e algumas posições apresentarem a possibilidade de perdas superiores ao capital investido. A duração recomendada para o investimento é de curto prazo e o patrimônio do cliente não está garantido neste tipo de produto.
16) O investimento em termos são contratos para compra ou a venda de uma determinada quantidade de ações, a um preço fixado, para liquidação em prazo determinado. O prazo do contrato a Termo é livremente escolhido pelos investidores, obedecendo o prazo mínimo de 16 dias e máximo de 999 dias corridos. O preço será o valor da ação adicionado de uma parcela correspondente aos juros – que são fixados livremente em mercado, em função do prazo do contrato. Toda transação a termo requer um depósito de garantia. Essas garantias são prestadas em duas formas: cobertura ou margem.
17) O investimento em Mercados Futuros embute riscos de perdas patrimoniais significativos. Commodity é um objeto ou determinante de preço de um contrato futuro ou outro instrumento derivativo, podendo consubstanciar um índice, uma taxa, um valor mobiliário ou produto físico. É um investimento de risco muito alto, que contempla a possibilidade de oscilação de preço devido à utilização de alavancagem financeira. A duração recomendada para o investimento é de curto prazo e o patrimônio do cliente não está garantido neste tipo de produto. As condições de mercado, mudanças climáticas e o cenário macroeconômico podem afetar o desempenho do investimento.
18) ESTA INSTITUIÇÃO É ADERENTE AO CÓDIGO ANBIMA DE DISTRIBUIÇÃO DE PRODUTOS DE INVESTIMENTO.