Com a Selic em 13,75% ao ano, e expectativas de que siga em patamar elevado por algum tempo ainda, muitos investidores estão felizes com o rendimento disponível nos investimentos em renda fixa. Mas, para aqueles que ainda buscam por algo mais, sem ter que partir para a renda variável, existe uma opção de investimento em renda fixa, com retornos maiores do que os oferecidos pelo Tesouro: os investimentos em Crédito Privado.

O crédito privado é um tipo de emissão de dívida feita por empresas que buscam recursos para tornar possível um projeto, expansão de negócios ou por necessidade de capital de giro na operação. Assim, ao investir em crédito privado , o investidor está emprestando dinheiro às empresas em troca de uma remuneração.

Esse investimento é recomendado principalmente para investidores com objetivos de médio a longo prazo, buscando retornos mais elevados na renda fixa. Eles podem ser usados para proteção do patrimônio contra a inflação (quando indexados ao IPCA), para estratégias de renda passiva (para obter uma renda estável a longo prazo) ou em busca de potencial lucro por meio da venda antecipada , possível em casos de variação positiva no preço de títulos que ocorrem devido ao processo de marcação a mercado (lembrando que o preço do título pode também cair, a depender das condições de mercado).

Mais retorno, mais risco

 

Logicamente, esse rendimento superior do crédito privado vem acompanhado de um ônus: o aumento do risco,quando comparado a outros investimentos de renda fixa, como por exemplo os títulos públicos. Principalmente, pelo aumento do risco de crédito.

O risco de crédito é a probabilidade de o investidor não receber o valor prometido na data combinada (ou seja, tomar um calote). Os títulos que têm o menor risco de crédito do país são os do Tesouro Nacional, acessíveis via Tesouro Direto – os famosos títulos públicos. Isso ocorre, pois o governo é o emissor da moeda nacional, e o não pagamento só ocorreria  no caso de uma “quebra” generalizada do país – evento altamente improvável no momento. Por isso, consideramos o Tesouro Selic como o primeiro degrau dos investimentos, ao oferecer o menor risco, e consequentemente, menor retorno.

A ilustração acima simplifica o conceito de “risco”, sem escala

Conforme vemos na ilustração acima, no segundo degrau da escadinha do risco na renda fixa está o crédito bancário (como CDBs, LCIs e LCAs), que é protegido pelo FGC em até R$ 250 mil por CPF e por conglomerado financeiro, com limite de até R$ 1 milhão por pessoa a cada 4 anos.

Entenda melhor aqui.

Subindo mais um nível de risco, falamos aqui de títulos de dívida emitidos por empresas — prazer, crédito privado. Ao comprar um título como este (debêntures, por exemplo), você, pessoa que investiu, está ajudando a financiar algum projeto, expansão ou até mesmo a manutenção das atividades de uma empresa.

Desta forma, o investimento em crédito privado é um investimento mais arriscado, como o caso das Americanas tem lembrado o investidor de renda fixa, porque não possui garantia soberana e nem FGC.

Mas com uma carteira diversificada e fazendo boas escolhas, você pode ter, sim, uma rentabilidade acima dos títulos do Tesouro, correndo menos risco que em ativos de renda variável de modo geral.

Quais são os principais tipos de crédito privado?

 

Debêntures

As debêntures são títulos de dívida de médio ou longo prazos que podem ser emitidos por Sociedades Anônimas de capital aberto ou fechado, ou seja, empresas privadas, com a exceção de bancos.

As debêntures podem ser “comuns” ou incentivadas. As debêntures comuns seguem a tabela regressiva de tributação e podem ser emitidas por qualquer empresa e para diferentes propósitos, com liberdade no prazo e tipo de remuneração pelo emissor.

Por outro lado, as debêntures incentivadas, ou debêntures de infraestrutura, são aquelas que contam com isenção de imposto de renda. O motivo por trás disto é que os recursos levantados a partir dessas emissões são utilizados para financiar obras de infraestrutura, essenciais para o crescimento econômico, como aeroportos, rodovias e outros.

A remuneração deve ser prefixada, atrelada a índice de preços (inflação), que é o mais comum, ou à taxa referencial (TR). Por fim, são emissões de prazos mais longos, com prazo médio ponderado (duration) mínimo de quatro anos.

Além disso, as debêntures também podem ser conversíveis ou não conversíveis. A empresa pode oferecer ao investidor a possibilidade de converter sua debênture (dívida) em ações (sociedade) no vencimento do título como explicamos nesse vídeo.

CRI – Certificado de Recebíveis Imobiliário

Os CRIs, assim como as debêntures, representam títulos de dívidas cujos devedores são empresas. A diferença é que a emissão deve ser feita por uma companhia securitizadora de direitos creditórios imobiliários e os recursos poderão apenas financiar atividades ligadas ao setor imobiliário, residencial ou comercial.

Ao investir em um CRI, o investidor está antecipando à empresa devedora o fluxo de pagamentos que receberá ao longo do tempo. Os rendimentos desses ativos são isentos de imposto de renda para investidores pessoa física. Por conta da natureza de longo prazo dos empreendimentos imobiliários, os vencimentos costumam ser extensos, acima de três anos.

CRA – Certificado de Recebíveis do Agronegócio

Os CRAs também são emitidos por companhias securitizadoras, assim como os CRIs, porém com foco em direitos creditórios do agronegócio e seus recursos serão destinados às atividades agrícolas. Desde a produção, comercialização, beneficiamento e até mesmo a industrialização do campo.

Sua remuneração pode ser pós-fixada, prefixada ou atrelada à inflação, e os prazos podem variar, mas em geral são de médio a longo. Assim como os CRIs, são isentos de imposto de renda para investidores pessoa física.

Por fim, vale lembrar que no crédito privado também existem os FIDCs – Fundo de Investimento em Direitos Creditórios – que englobam direitos a aluguéis, cheques e pagamentos a prazo no cartão de crédito. Essas dívidas são convertidas em títulos e oferecidas no mercado. 

Comparando os principais títulos de renda fixa

Se perdeu na “sopa de letrinhas” do mercado financeiro do mundo da renda fixa?

Para te ajudar, na tabela abaixo, elencamos os principais títulos de renda fixa e suas características tributárias, além de mostrarmos quais possuem cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e quais remuneram o investidor com fluxos de pagamentos antes do vencimento (cupom periódico).

Ok, mas como escolher o melhor título de renda fixa?

 

Investir diretamente em crédito privado envolve buscar boas oportunidades entre ativos com boa classificação de crédito – ou seja, pesquisar, junto a agências de classificação de risco, aqueles produtos com “rating” (nota de crédito) alto. Para saber mais sobre ratings, leia esse post do nosso blog.. Além disso, busque relatórios de especialistas sobre os emissores para sentir segurança na sua escolha.

Observada a nota de crédito do emissor e com relatórios lidos, o processo de escolha é parecido com o dos outros títulos de renda fixa: confira os produtos que têm prazos compatíveis com o momento em que você vai precisar sacar e, só então, escolha o de maior rentabilidade dentro de todos esses filtros.

Calma! Nós sabemos que fazer esse tipo de escolha é demorado e delicado — por isso, você também pode contar com a ajuda de profissionais dentro das gestoras de investimentos!

Nas nossas carteiras recomendadas, temos também alguns fundos de crédito privado que fazem essas escolhas por você, inclusive definindo a hora certa de comprar e vender os papéis para otimizar os lucros.  

Dica de ouro

Para investir em crédito privado, é essencial ter uma visão de longo prazo.

Aqui, vale lembrar que fundos de investimento que possuem crédito privado com resgate imediato ou em poucos dias são mais sensíveis a movimentos de vendas por parte dos cotistas, porque são obrigados a se livrar de papéis na pressa.

Isso aconteceu no período mais agudo da crise em 2020: fundos mais líquidos que sofreram resgate em massa perderam muito dinheiro, porque precisaram vender a qualquer preço para pagar os cotistas que estavam de saída. O recente caso envolvendo a varejista Americanas também ilustra como momentos de stress no mercado podem impactar fundos de renda fixa que contenham crédito privado.

Assim, se você quer investir em crédito privado via fundos, procure aqueles que têm liquidez de pelo menos D+30, ou seja, que demoram a partir de 30 dias para creditar o dinheiro na sua conta quando você solicita o resgate. Essa limitação ajudará a evitar movimentos muito bruscos de retirada de cotistas em momentos de stress no mercado.

Quer mais opões de investimento em renda fixa? Confira nossas recomendações desse mês.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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