• O preço da gasolina subiu muito recentemente. Mas essa não foi uma exclusividade do Brasil.
  • Embora não tenhamos o combustível mais caro do mundo (em termos absolutos), esse aumento pesou no bolso do brasileiro.
  • Quando esses custos sobem, a dúvida surge: será que ainda vale a pena ter um carro?
  • Fizemos uma simulação usando diferentes meios de transporte e alternativas de investimentos – e te contamos aqui o que encontramos!

Qual a gasolina mais cara do mundo?

A Holanda é um país conhecido por uma série de características distintas, como por exemplo o trânsito dominado por bicicletas.

A geografia plana das cidades provavelmente colabora para que as pessoas usem mais bicicletas como principal meio de transporte, mas o alto custo do combustível (85% mais caro do que aqui no Brasil) certamente motiva o uso de meios de transporte alternativos.

A Holanda está entre os países com a gasolina mais cara do mundo – considerando uma comparação simples em dólar, não levando em conta a paridade de poder de compra. Além de importar boa parte do combustível consumido no país (correspondendo a 29% do total de bens importados), os altos preços pagos por consumidores holandeses também são resultado de uma taxação considerável sobre combustíveis fósseis – justamente para reduzir os incentivos para o uso de carros movidos a gasolina e outros combustíveis altamente poluentes, como diesel.

De fato, a prática de elevar os impostos sobre carros para incentivar o uso de meios de transporte mais “ASG” tem crescido ao redor do mundo nos últimos anos.

Veja a lista de preço de combustíveis de alguns países no dia 21/03/2022.

País Preço em US dólar Preço em real*
Venezuela $0,03  R$                            0,12
Irã $0,05  R$                            0,25
Rússia $0,43  R$                            2,12
Bolívia $0,55  R$                            2,68
Colômbia $0,63  R$                            3,08
Equador $0,67  R$                            3,32
Estados Unidos $1,24  R$                            6,10
Brasil $1,31  R$                            6,42
Chile $1,35  R$                            6,65
China $1,36  R$                            6,68
Japão $1,45  R$                            7,14
Canadá $1,57  R$                            7,71
Países Baixos (Holanda) $2,43  R$                         11,97
Mónaco $2,15  R$                         10,57
Hong Kong $2,19  R$                         10,76
*Taxa de câmbio utilizada de US$ 1,00 – R$ 4.92 / cotação do dia 22/03/2022

Porém, apesar de a gasolina parecer mais cara na Holanda do que no Brasil, ela pesa muito mais no bolso do brasileiro. Isso porque os preços nominais não são normalmente a melhor forma de comparação quando falamos de renda de países distintos.

Assim, uma forma de ter uma visão melhor de quanto a gasolina pode pesar no orçamento dos consumidores holandeses e brasileiros, comparativamente, é considerar o salário mínimo como base.

Foi esse exercício que fizemos, e apresentamos abaixo. Veja como a situação muda!

País Preço em US dólar do litro de gasolina (21/03/2022) salário mínimo em dólares % de 50l em relação ao salário mínimo
Venezuela $0,03 $1,74 72%
Irã $0,05 $77,99 3%
Rússia $0,43 $95,14 23%
Bolívia $0,55 $313,96 9%
Colômbia $0,63 $242,02 13%
Equador $0,67 $437,50 8%
Estados Unidos $1,24 $1.160,00 5%
Brasil $1,31 $246,34 26%
Chile $1,35 $303,66 22%
China $1,36 $344,48 20%
Japão $1,45 $1.349,80 5%
Canadá $1,57 $1.550,90 5%
Países Baixos $2,43 $1.953,70 6%
Mónaco $2,15 $2.205,00 5%
Hong Kong $2,19 $6.191,90 2%
Fonte: https://pt.globalpetrolprices.com/gasoline_prices/ e https://countryeconomy.com/national-minimum-wage

Como podemos ver, apesar da gasolina no Brasil não figurar entre uma das mais caras no mundo, essa situação muda bastante quando consideramos o quanto o custo com a gasolina pode pesar no bolso do trabalhador por aqui.

Rússia X Ucrânia e a alta da gasolina

Infelizmente, o aumento recente do custo do combustível no Brasil não foi para incentivar o uso de bicicletas. Inclusive, o tema da alta recente dos combustíveis não é uma exclusividade do nosso país.

Com a eclosão do conflito entre Rússia e Ucrânia no último mês, o impacto na alta de preços de combustíveis pode ser visto em todo o mundo – dado a alta do barril do petróleo no mercado internacional.

Falamos mais sobre a relação da guerra no leste europeu e o preço do petróleo e outros insumos básicos aqui.

O gráfico abaixo mostra a evolução do preço do barril de petróleo (tipo Brent, negociado na Bolsa de Londres) nos últimos anos. Fica fácil ver que a commodity já vinha assistindo uma alta nos preços desde meados do ano passado, puxada pela recuperação dos países da pandemia da Covid-19 – movimento que foi fortalecido ainda mais com a eclosão da guerra.

Assim, vimos o preço dos combustíveis por aqui disparar no último ano, acumulando alta de mais de 30%. Assim, ganha força a pergunta:

Será que é hora de largar o seu carro?

Sempre que o custo de algo em nossa vida começa a comprometer nosso orçamento, é importante considerar algumas mudanças. Por isso, fizemos as contas do custo de utilizar diferentes meios de transporte para percorrer cerca de 600km no mês.

Essa seria aproximadamente a distância de trabalhar todos os dias (a 10km de distância da sua casa), visitar amigos e família nos finais de semana, além de algumas visitas ao mercado e outros estabelecimentos nos finais de semana.

Veículo Custo mensal Custo anual
Carro próprio R$ 385,20  R$ 10.122,40
Moto própria R$ 128,40  R$ 2.990,80
Bicicleta (aluguel) R$ 39,90  R$ 358,80
Taxi e app R$ 3.920,00  R$ 47.040,00
Metrô/Ônibus R$ 264,00  R$ 3.168,00

Qual meio de transporte vale mais a pena?

Carro: o mais conveniente, porém caro

Apesar do custo mensal com gasolina não parecer tão relevante à primeira vista, quando consideramos também os custos anuais (como IPVA, manutenção, revisões, mas sem considerar o seguro), podemos ver que o carro é um dos transportes mais caros desse exemplo.

Moto: uma opção interessante, mas limitada

Quem opta por esse veículo vai perceber uma maior economia de combustível mensalmente. Considerando um carro que gasta em média 10km/litro, uma moto facilmente pode ser 3 vezes mais econômica. Dependendo do modelo pode ser inclusive mais econômica, com motores de baixas cilindradas que podem percorrer mais de 45km com 1 litro de gasolina.

Porém, é importante considerar todos os gastos anuais da posse do veículo. Assim como no carro, não foi considerado o custo de seguro, apenas o seguro obrigatório DPVAT. Além disso, a moto também pode trazer algumas limitações e desafios de segurança, que dependerá de cada pessoa.

Bicicleta: um privilégio barato e ecológico, mas para poucos

Apesar de não consumir nenhum combustível e as manutenções serem muito acessíveis, nem todos conseguem utilizar esse veículo. Algumas vezes a geografia da cidade não ajuda, ou mesmo (como é o caso de muitos) as distâncias são praticamente inconcebíveis, outras vezes o clima ou também a segurança podem ser um empecilho.

Assim, quem opta por andar de bicicleta deve considerar os momentos em que não será possível utilizá-la. Com isso, incluir custo com táxis, aplicativos de carona ou até aluguéis de carro para viagens mais longas. O custo utilizado foi de um aplicativo de bicicletas disponível em várias capitais, mas pode ser substituído pelo custo da compra de uma bicicleta.

Táxi e aplicativos de carona: surpreendentemente caros

O custo desse transporte pode ser salgado em comparação com a maioria dessa simulação. Ainda assim, pode ser necessário alguns dias para quem opta pelos veículos anteriormente citados. Uma festa que você não quer voltar dirigindo seu carro, um mercado com compras mais volumosas ou até os dias de chuva.

O custo pode variar bastante da região do país que você mora e os horários que vai utilizar. Considerando que nossa simulação é para alguém que vai ao trabalho em horários de pico, o custo médio de viagem utilizado foi de R$30,00 em dias de semana e R$20,00 para finais de semana.

Metro e ônibus: surpreendentemente no meio dessa lista

O custo do metrô ou ônibus, apesar de previsível e não muito alto, ainda foi maior que o custo de possuir uma moto, com todos os custos anuais envolvidos. É claro que isso considera a moto própria. Ou seja, há também o custo de aquisição da moto.

Outro ponto importante a se destacar é que o custo mensal desse transporte corresponde a quase 22% do salário mínimo brasileiro.

E se eu investisse?

Outro fator importante a se considerar é a rentabilidade que você pode obter com a troca de um veículo por outro. Com a taxa de juros a 11,75% ao mês, a rentabilidade do Tesouro Selic pode contribuir para pagar as contas do mês caso você escolha por um veículo mais barato.

Como exemplo, digamos que você tem um carro de R$70.000,00, deseje vendê-lo para investir e fazer com que essa rentabilidade ajude a pagar o uso do outro veículo. Usamos no exemplo o rendimento atual do Tesouro Selic que, livre de imposto, seria de 9,69% ao ano.

Veículo Valor investido após venda do carro Renda anual do investimento Rendimento livre de imposto Custo anual Saldo final
Moto  R$50.000,00  R$ 5.875,00  R$ 4.846,88  -R$2.990,80  R$ 1.856,08
Bicicleta  R$ 70.000,00  R$ 8.225,00  R$ 6.785,63  -R$358,80  R$ 6.426,83
Taxi e app  R$ 70.000,00  R$ 8.225,00  R$ 6.785,63  -R$47.040,00 – R$40.254,38
Metrô/ônibus  R$ 70.000,00  R$ 8.225,00  R$ 6.785,63  -R$ 3.168,00  R$ 3.617,63

Nesse exemplo, o valor disponível para investimento após a aquisição de uma moto é menor, considerando o uso de R$20.000,00 para essa compra (restando R$ 50.000 para investir).

Assim, financeiramente falando, seguir o exemplo dos holandeses e usar a bicicleta seria positivo para sua saúde financeira (e também da física).

Entretanto, é difícil afirmar que um meio de transporte é melhor que o outro. Apesar dos custos diferentes, é importante avaliar qual se encaixa melhor para o seu estilo de vida e colocar tudo na ponta do lápis antes de qualquer decisão. Inclusive, considerando a possibilidade de utilizar múltiplos meios de transporte.

Por isso, pegue um caderno, faça suas contas e invista com a Rico.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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