- A taxa Selic subiu para 10,75% ao ano, atingindo a marca dos dois dígitos, após decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central – o Copom.
- Projetamos que a Selic atinja 11,75% ao ano em março, mas siga nesse patamar até o final do ano, quando deve começar a cair de novo.
- A alta dos juros só é sentida aos poucos nos preços, mas as oportunidades de investimento já são uma realidade.
- Confira aqui o que esperar e como investir com a nova Selic!
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (o Copom) elevou mais uma vez a nossa taxa básica de juros (a taxa Selic), para 10,75% ao ano. Na última reunião, em dezembro do ano passado, a taxa havia sido elevada para 9,25% ao ano.
A taxa está em processo de elevação desde março do ano passado, quando subiu de 2,00% para 2,75% ao ano, após o auge da pandemia da Covid-19 – período no qual o Banco Central reduziu os juros para estimular a economia, minimizando os impactos da pandemia sobre a economia do país.
O que disse o Copom?
Após cada reunião, o Copom divulga um comunicado detalhando sua decisão, e sinalizando ao mercado os próximos passos que devem ser tomados em relação à taxa Selic.
No comunicado de hoje, os diretores do Banco Central destacaram a continuidade das pressões sobre os preços, vindo tanto de bens mais voláteis (como gasolina e alimentos), quanto de serviços, que tendem a ser menos impactados por movimentos como a alta do preço de commodities – o que indica que inflação está mais disseminada na economia.
Por outro lado, o Copom sinalizou que a alta de juros implementada até agora ainda será sentida nos preços, e que pode começar a reduzir o ritmo do aperto monetário. Na nossa leitura, isso indica que o Copom entende que não precisa subir muito mais a Selic para trazer a inflação de volta à meta no ano que vem – no caso, dentro do “horizonte relevante”, como falamos em política monetária.
Horizonte Relevante de Política Monetária
Você já ouviu falar do tal do “horizonte relevante de política monetária? Esse conceito se refere ao período entre o aumento/queda na taxa de juros determinado pelo Banco Central, e o efeito disso na economia real – por meio do crédito, do câmbio e das expectativas.
Esse período pode variar entre 6-9 meses, a depender do país, e da metodologia usada.
Mas o importante a destacar é que, conforme nos aproximamos do final de um ano, os esforços do Copom se dirigem ao ano seguinte, dado que a elevação de juros hoje não impacta a inflação sentida hoje.
Assim, uma eventual alta de juros será sentida gradualmente ao longo dos 6-9 meses subsequentes.
O que esperar para frente?
Diante de tudo isso, esperamos agora que o Copom eleve a Selic mais uma vez na próxima reunião, em março, para 11,75% ao ano. A taxa deve seguir nesse patamar até o fim do ano– quando esperamos que ela comece a ser reduzida aos poucos, uma vez que a inflação também já deve estar mais fraca.
Mas o processo de desinflação não será rápido. A alta da Selic demora por volta de 9 meses para ser sentida na economia como um todo. E há riscos. O risco fiscal e a incerteza trazidas pelas eleições pressionam o valor da nossa moeda, que pode voltar a desvalorizar, afetando a inflação – não se esqueça que importamos do trigo para o pãozinho, à peça para o carro e à gasolina.
Assim, para o dia a dia do brasileiro, a alta dos juros e a queda da inflação serão sentidas gradualmente. Ou seja, devemos esperar maiores custos de crédito (em diferentes modalidades) ao longo dos próximos meses.Da mesma forma,a alta de preços deve começar a perder força especialmente na segunda metade do ano, e esperamos que a inflação termine 2022 em 5,2% – uma queda significativa dos 10,06% do ano passado.
Já para o mercado, a decisão de hoje não deve ter grandes impactos imediatos. Isso porque a decisão de subir 1,50pp da taxa Selic veio em linha com o esperado pela grande maioria dos analistas, inclusive nós. Desse modo, não esperamos movimentos muito significativos no mercado de renda fixa e na taxa de câmbio como reação ao anúncio do Copom.
Como investir com a Selic em dois dígitos?
Juros mais altos também significam oportunidades de investimento, muito além da “boa e velha” poupança. Um cenário de juros em elevação eleva a relevância e atratividade da Renda Fixa. Títulos pós fixados, como o Tesouro Selic, passarão a oferecer maiores retornos (de 10,75% ao ano), por seguirem a taxa Selic.
Já títulos de renda fixa indexados à inflação ajudarão a proteger o patrimônio da ainda presente incerteza de preços, assim como fundos de investimento de renda fixa. Contamos muito mais sobre oportunidades nessa classe de ativos aqui.
Mas, se era verdade que a Renda Fixa não tinha morrido no período de juros baixos (sempre sendo importante para investimentos como reserva de emergência), também é verdade que outros investimentos seguem trazendo oportunidades nesse período de juros em elevação e inflação pressionada.
Na bolsa, selecionamos ações de empresas vistas como de alta qualidade, com margem superior aos seus pares, endividamento baixo, crescimento de lucro e a preços atrativos.
Enquanto isso, a classe de ativos conhecida como alternativos também ganha relevância no momento atual, especialmente os ativos reais. Esse ativos costumam ter baixa correlação com ciclos econômicos e inflação, como commodities minerais e agrícolas, metais preciosos e criptoativos. Uma alternativa simples para acessar esses investimentos é por meio do eTrend Ativos reais.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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