• A inflação nos EUA segue no maior patamar dos últimos 40 anos, refletindo desequilíbrios da pandemia e uma economia superaquecida.
  • Para controlar os preços, o Banco Central americano (o FED) passou a subir os juros por lá.
  • Como isso impacta o Brasil e como proteger seus investimentos?
  • A gente te conta tudo aqui!

A inflação ao consumidor nos Estados Unidos, medida pelo CPI (sigla em inglês para o índice de preços ao consumidor) atingiu 8,5% no acumulado em doze meses até julho. Apesar da queda em relação ao mês anterior e sinais de que o pior pode ter ficado para trás, o patamar segue historicamente alto, e muito acima da meta do Banco Central americano, de média de 2%.

Como em tudo em economia, o porquê da inflação alta é encontrado em um conjunto de fatores – que, desta vez, parecem ter vindo quase todos ao mesmo tempo. Entre eles, os principais são:

i) os estímulos fiscais e monetários implementados para enfrentar a pandemia da covid-19 (como juros baixos e cheques de auxílio para famílias), que impulsionaram muito a demanda;

ii) a normalização fruto da vacinação contra a covid-19, impulsionando uma volta forte da economia, com mercado de trabalho bastante aquecido (ou seja, desemprego baixíssimo, dando maior poder de barganha para maiores salários aos trabalhadores);

iii) a guerra russa, que ajudou a impulsionar o preço de bens básicos (as famosas commodities) no mundo, especialmente agrícolas e energéticos – como o bom e velho petróleo; e

iv) a política de covid-zero do governo da China, que aumentou os gargalos na produção e no escoamento de todo tipo de produto, elevando os preços de fretes e insumos industriais ao redor do mundo.

Assim, americanos hoje enfrentam uma situação similar a muitos brasileiros e famílias em todo o mundo: a perda do poder de compra.

Como a inflação americana impacta o Brasil?

Inflação importada

Como vimos, a inflação observada nos EUA reflete movimentos de preços que também sentimos por aqui, como vemos na gasolina, em alimentos e produtos industriais. Ou seja, como a dinâmica entre oferta e demanda no mundo também afeta a nossa inflação no Brasil, preços perdendo ou ganhando força nos EUA acabam sinalizando um comportamento a ser esperado também no cenário doméstico.

Além disso, importamos muitos produtos manufaturados de países desenvolvidos, sendo os EUA um de nossos principais fornecedores. Assim, quando os preços de determinados produtos sobem por lá, sentimos parte dessa alta também por aqui, via importação. Claro, contabilizando aí também a diferença da taxa de câmbio do real em relação ao dólar – no caso, quanto mais desvalorizada nossa moeda (ou seja, mais alta a cotação do dólar), maior impacto terá a inflação vista nos EUA sobre os nossos produtos.

Quer saber mais sobre a taxa de câmbio e a cotação do dólar? Te contamos aqui!

Assim, a sinalização de que alguns preços começam a perder força nos Estados Unidos, que observamos nos resultados da inflação ao consumidor de julho, é positiva também para o Brasil.

Conforme vemos no gráfico abaixo, crescentes sinais de desaceleração da economia global, aliados à normalização de cadeias de produção no mundo, já tem impactado o preço de grande parte das commodities no mundo – o que deve trazer alívio para a inflação de alimentos, combustíveis e produtos industriais. Afinal, um mundo que cresce menos, consome menos, produz menos, e demanda menos bens e insumos básicos.

Maior inflação, maiores juros

Para além da alta de preços em si, o cenário de inflação alta nos EUA tem impactos no mundo todo por conta da atuação do Banco Central americano (o FED) para tentar controlar essa alta de preços.

Diante de dados sobre atividade econômica e especialmente sobre o mercado de trabalho no país reforçando que a economia já se recuperou há muito dos impactos da pandemia, e a inflação chegando em níveis não vistos há mais de 40 anos, o FED passou a subir os juros.

Assim, os “Fed funds” (taxa básica de juros americana), que ficaram no patamar de 0% – 0,25% durante o auge da crise pandêmica para estimular a economia, estão agora em processo de alta acelerada.

Nossa expectativa é os juros básicos nos EUA alcancem 3,25% ao ano até o final deste ano.

Além de crédito mais caro, juros em alta significam menor liquidez para mercados – ou seja, menos dinheiro em busca de retornos no mundo. Além disso, maiores juros nos EUA reduzem a atratividade relativa de ativos em países mais arriscados, como o Brasil.

Isso ocorre devido a redução do chamado diferencial de juros. Esse diferencial é uma comparação de quanto um investidor ganharia investindo aqui no Brasil – considerando a nossa taxa básica de juros como base para retornos – e quanto ganharia dado a taxa básica de juros dos EUA, onde o risco é considerado um dos menores do mundo.

Em bom português: com juros maiores lá, investidores pensam um pouco mais sobre investir aqui, onde o risco é maior.

Deste modo, o rumo dos juros nos EUA também impacta o rumo dos nossos juros aqui. Quanto maiores os juros por lá, menor a entrada de dólares aqui (logo, mais desvalorizada nossa moeda), o que por sua vez impacta nossa inflação. Contribuindo assim, para maiores juros por aqui também.

E seus investimentos?

Proteger seus investimentos contra a alta de preços aqui e lá fora torna-se ainda mais essencial momento atual. Além disso, o movimento de alta de juros pode trazer boas oportunidades.

No Brasil, títulos indexados à inflação, como o Tesouro IPCA + 2026, debêntures de empresas sólidas e boas classificação de risco, e fundos de inflação (fundos de investimento que investem em ativos indexados à inflação) são ótimas alternativas. Falamos mais das melhores oportunidades de renda fixa aqui. 

Ao mesmo tempo, o período de juros em elevação também traz oportunidades em títulos pós fixados – aqueles que acompanham a nossa taxa básica de juros, a Selic. Tesouro Selic, CDBs de bancos sólidos e fundos de crédito privado também ajudam a aproveitar as oportunidades do ciclo de alta da Selic.

Para surfar a onda da alta de juros também o cenário global, destacamos ativos de renda fixa internacional. Com uma dinâmica bem diferente dos ativos brasileiros, a renda fixa internacional além de incluir muito mais opções de ativos, possui maior liquidez e estratégias que podem ser exploradas por grandes gestores de fundos de investimento.

Você também pode encontrar alternativas para essas classes de ativos, além de outras recomendações de acordo com seu perfil de investidor e horizonte de investimento aqui – no Onde Investir.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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