- Preparem os copos, e bem-vindos ao esquenta pro Copom setembro de 2021!
- No cardápio: fervura de fatores pressionando a inflação, como preços industriais, setor de serviços voltando, falta de chuvas no setembro que não chove, e dólar alto diante de incertezas políticas e fiscais.
- O menu conta também com algumas doses mais leves, em especial os juros ainda baixos no cenário internacional, e a economia que deve perder força por aqui ano que vem (pressionando menos a inflação).
- Seu estado final pós esquenta: pronto para mais uma elevação da Selic, para 6,25% amanhã, chegando a 8,50% em fevereiro do ano que vem (se estivermos certos nas doses).
No momento em que escrevo esse texto, os termômetros da cidade onde moro marcam 33°C. Penso em um esquenta perfeito: água de coco, seguido de um excelente Aperol. Mas como meu papel por aqui não é convida-los para meu sonho de dia de verão antecipado (e sem pandemia), vamos lembrar daquele outro esquenta preferido: o que acontece a cada 45 dias e antecipa a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central – o Copom.
Como vocês já leram aqui há exatos 45 dias, a cada reunião dos diretores do Banco Central do Brasil, o esquenta fica por nossa conta, para que você saia muito bem informada(o) sobre o que esperar da decisão que afetará a nossa taxa básica de juros, a Selic, e os seus investimentos.
O mapa mais quente dessa quase primavera: o Heatmap do Copom
Tudo começa com nossa visão 360° dos últimos 45 dias. O que aconteceu de importante na economia do Brasil e do mundo, que impactou, está impactando, e esperamos que impactará a inflação por aqui?
Quem leu nossos últimos esquentas, já sabe que tudo isso está ilustrado na tabela abaixo: o famoso heatmap do Copom. Esse mapa de calor, no bom português, serve para indicar a nossa leitura do que cada um dos indicadores representa no mundo da política monetária. Ou seja, o que achamos que os diretores do Banco Central estarão olhando para decidir o que fazer com a taxa Selic, com o objetivo de controlar o comportamento dos preços.
Quanto mais vermelho (azul), mais a variável está atuando para piorar (melhorar) a perspectiva da inflação.
Já os curiosos pássaros estampados no alto indicam uma nomenclatura também curiosa sobre política monetária no mundo: os Hawks (falcões) e os Doves (pombas). Quanto mais vermelho, mais o comportamento do indicador aponta a decisão de política monetária para um lado hawkish; do outro lado, quanto mais azul, mais o indicador aponta a decisão para o lado dovish.
Falcões X Pombas
Hawkish – Aparentemente relacionado ao comportamento de soldados na Guerra da Independência dos EUA, a figura de um falcão está associada à coragem, força, rigidez. Em política monetária, faz referência a um comportamento de banqueiros centrais mais preocupados com o controle da inflação, menos lenientes com a alta de preços e o potencial distanciamento de sua meta.
Dovish – Já as pombas são relacionadas a…acho que apenas pombas mesmo, na tranquilidade, de boa esperando seu pãozinho no parque! Em política monetária, as pombas então são associadas a autoridades monetárias mais lenientes com a inflação. Para os quais “um pouquinho de alta de preços não faz mal a ninguém”, mesmo que se distancie da meta almejada.
Mais vermelho = alta vem aí!
Para entender melhor os números da tabela acima, vale separá-los de fato entre os azuis ou brancos (ou seja, aqueles que reduzem as pressões sobre os preços, ou são neutros), e os vermelhos – aqueles que estão vindo quentes pra inflação ferver.
Como podemos ver, a tabela dos últimos 45 dias está mais para “fervura” do que para a cor do novo cabelo da Fadinha do Skate (vocês viram? Achei que arrasou!).
Do lado vermelho, comecemos com aquele velho ditado: setembro chove.
Pois é. Com exceção da praia onde passei uns dias à procura do Sol, até agora não choveu. Pelo menos não onde precisávamos: nos reservatórios. Essa realidade dos últimos 45 dias piorou bastante a perspectiva da crise hídrica (lembrem-se que a maior parte da nossa geração de energia se dá por hidrelétricas), e seu impacto sobre não somente os preços de energia em si, mas também boa parte da cadeia de produção do país. Afinal, energia faz parte dos custos não somente das famílias, mas como de grande parte dos bens e serviços do país.
Na mesma linha, temos também a pressão do câmbio, que deixou a tendência de valorização para trás e voltou a subir (mesmo estando um pouco abaixo do máximo do início do ano). Se engana quem acha que o dólar mais caro impacta só quem quer passear com o passaporte da vacina em mãos. Como importamos muito em nossa economia, um dólar caro impacta do pãozinho francês, à asa do avião da Embraer, ao material de construção.
Ainda da cor de analistas de mercado financeiro na praia após 6 meses entocados, temos o comportamento dos nossos índices de inflação de maneira geral. Como podemos ver, tanto o IPCA (nosso principal índice de inflação, que olha para os preços ao consumidor) quanto o IGP-M (índice que mede principalmente os preços ao produtor) apresentam uma tendência de alta desde a última reunião do Copom. Enquanto a pressão sobre o produtor ainda deve rebater nos preços finais ao consumidor (dado a normalização da atividade), a alta de preços ao consumidor já está mais disseminada.
Isso significa que a inflação não está mais tão restrita a aquelas altas levadas por questões de oferta. Por exemplo, o frio excessivo, a falta de chuvas ou por insumos caros no mercado global (como semicondutores). Mas que está começando a ser vista em outros bens e serviços – o preço do cabelereiro que aumenta, sem ter relação direta com o que está acontecendo com a chuva na plantação de tomate, por exemplo.
Finalmente, o risco fiscal. Pois é, sempre ele! O aumento das incertezas no cenário fiscal e político contribuem para uma política monetária mais contracionista – ou seja, juros mais altos a frente.
Do lado azul temos os juros nos países desenvolvidos, que seguem em patamar baixo. Ou seja, o cenário de liquidez rolando solta em busca de retorno (inclusive com um pouco mais de risco, como por aqui), deve perder força apenas de maneira bem gradual – sendo bom pra nós do lado de cá.
E para eles não ficarem sozinhos, temos também a piora da perspectiva de crescimento da economia por aqui. Infelizmente, é um motivo negativo para uma preocupação a menos do lado da pressão de inflação. Mas, como esperado, a elevação dos juros deve desacelerar a atividade econômica para o ano que vem. Afinal, é exatamente essa a intenção dos juros mais altos – economia menos aquecida com crédito mais caro (e deixar “o dinheiro render” valendo mais a pena), menor pressão sobre os preços.
Selic 6,25% amanhã, 8,5% em fevereiro: o que fazer com seus investimentos?
Considerando o cenário descrito acima, acreditamos que o Copom deverá seguir em seu caminho de alta da taxa Selic, levando a taxa para 6,25% a.a. na reunião que termina amanhã.
Ele não poderia acelerar, e subir mais a Selic já na decisão de amanhã, dado a inflação alta hoje e tantos riscos? Sim, essa é uma possibilidade. Mas acreditamos que o Copom manterá seu plano de voo. O plano de subir 1pp amanhã, seguido de mais altas de 1pp e 0,75pp até alcançar 8,00% no final do ano – e uma última alta no ano que vem, chegando em 8,50%.
Assim, a taxa Selic encerrará esse ciclo além do patamar neutro (aquele meio “em cima do muro”, que não estimula nem desestimula a atividade), de maneira a ajudar a trazer a inflação de volta para próximo à meta do Banco Central no final do ano que vem. Ou seja, maiores juros devem frear os preços altos e parte do crescimento da nossa economia, como contamos pra vocês aqui.
Mas não entre em pânico! Nesse cenário de volatilidade, inflação pressionada e elevação da taxa Selic, há sim como proteger a sua carteira, e ainda sair com boas oportunidades de investimento de quebra.
No Guia da Rico para Mercados Voláteis, a gente te indica uma série deles, incluindo:
i) Empresas de qualidade e alto crescimento (aquelas líderes que mercado, que conseguem “fazer o preço”);
ii) Ativos internacionais, como BDRs, ETFs e fundos internacionais;
iii) Títulos de renda fixa, especialmente atrelados à inflação, incluindo, mas não somente do Tesouro Direto; e
iv) Commodities, que devem seguir uma boa alternativa de proteção contra inflação, apesar da volatilidade recente observada especialmente com o minério de ferro (tá sabendo não? Te contamos tudo aqui!).
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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