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21/10/2020 17:40:03 • Atualizado em 13/05/2024 09:03:38
7 minuto(s) de leitura


BDRs: mais um passo para democratização dos investimentos

As negociações de BDRs (Brazilian Depositary Receipts) para investidores não qualificados será liberada a partir de 22 de outubro. Tire as principais dúvidas.


Time Rico
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A partir de 22/10/2020, o investimento em empresas globais direto pela bolsa brasileira (BDRs) foi liberado a todos os investidores pessoa física, e não apenas aos investidores qualificados (aqueles que possuem mais de 1 milhão de reais investidos), como era anteriormente.

A nova regra é mais um movimento importante para democratização dos investimentos. Em um cenário de juros baixos, a migração de renda fixa para renda variável deve continuar ganhando força.

E agora, todas as pessoas poderão não só investir nas empresas listadas no Brasil, como em empresas globais, diversificando ainda mais a carteira, virando sócias de grandes negócios, e ainda com corretagem zero na Rico.

Os BDRs (Brazilian Depositary Receipts), também conhecidos como CDVM (Certificado de Depósito de Valores Mobiliários), são valores mobiliários emitidos no Brasil que representam outro valor mobiliário emitido por companhias abertas com sede no exterior.

Basicamente, os BDRs são um espelho das ações estrangeiras, refletindo a variação de preço das ações às quais estão atreladas, só que aqui no Brasil e em reais.

Hoje, há 676 BDRs listados na bolsa brasileira, como Apple (APLE34), Facebook (FBOK34), Microsoft (MSFT34), entre outros.

No caso da Apple, a ação original da empresa é negociada na Nasdaq, em dólares, sob o código AAPL. O BDR correspondente, que pode ser adquirido pelo investidor brasileiro no homebroker da Rico, é negociado sob o código AAPL34, em reais.E fica aqui, já a primeira “dica” de como investir em BDRs: não invista pensando em lucrar com variações do câmbio (para isso existe a compra direta de moeda ou fundos cambiais, por exemplo).

O investimento em BDR é como o investimento em ações normais, que estamos acostumados. Existe uma empresa por trás, que podemos nos tornar sócios.

Por isso, muito importante entender os fundamentos da empresa, quais as perspectivas futuras, para que haja ganho com o investimento. Afinal, no longo prazo, o movimento da ação nada mais é que o reflexo dos lucros da empresa.

Outro ponto importante é a natureza da renda variável: oscilação, períodos de alta e outros de baixa. Então, não se esqueça de entender se esse tipo de investimento é coerente com o seu perfil de investidor para que você monte uma boa carteira (que pra cada um é de um jeito).

Qual a vantagem dos Bdrs?

Sem dúvida, a principal vantagem de investir em BDRs é a possibilidade de diversificar a carteira com empresas de alcance global e em setores que não existem no Brasil ou são limitados, como o de tecnologia.

Vale lembrar que a bolsa brasileira é pequena em comparação às bolsas globais. Atualmente, o Brasil possui menos de 500 companhias com ações disponíveis para negociação. Na Inglaterra, o número se aproxima de 2.000 empresas, enquanto na Ásia, destaque para a China e o Japão, que possuem quase 4.000 companhias listadas. Liderando essa corrida temos os Estados Unidos, com um número que se aproxima a 5.000 empresas.

Dúvidas sobre BDRs

 Liquidez das ações originais vs BDRs. De fato, a liquidez das BDRs é menor – o volume de transações de BDRs do Facebook (FBOK34), por exemplo, é menos de 0,5% do volume das ações originais (FB, na Nasdaq). Porém, a liquidez deve aumentar muito com o reforço de formadores de mercado para todos os papéis, o que deve comprimir spreads e melhorar a experiência de negociação. A flexibilização já implementada do lote mínimo de negociação, que era de 100 unidades e passou a ser de apenas 1 unidade, também é importante porque torna o mercado ainda mais acessível para o pequeno investidor, trazendo mais liquidez para as negociações.

O risco de investir em empresas de fora mas estando no Brasil. O risco maior seria se houvesse a implementação de um novo imposto no Brasil (que gerasse, portanto, um descolamento da variação da BDR com a variação da ação original, mas que ainda assim, você teria o ganho da valorização da ação), ou um fechamento de fronteira (caso extremo, onde o mercado ficaria disfuncional e geraria um desconto em relação ao preço justo da ação lá fora, mas que de qualquer forma você continuaria dono dela), por exemplo.

De fato, com o investimento diretamente no exterior, riscos como esses são eliminados, mas também tem outras considerações a serem feitas como a própria burocracia do processo e taxas cobradas em remessas ao exterior.

Para investir lá fora é necessário fazer uma remessa de câmbio. Ao realizar lucro da operação e trazer o dinheiro de volta (outra opção seria deixar o dinheiro lá fora caso a pessoa tenha conta), o investidor incorre em mais custos e burocracia. No caso de BDR, você não paga pela remessa de câmbio, o que é interessante para investidores que negociam com mais frequência, além de ser mais simples gerenciar todo o seu patrimônio diretamente do Brasil. De novo, o investimento em renda variável é um investimento de risco alto, por isso precisa estar coerente com o perfil de investidor.

O impacto às empresas brasileiras. De fato, estamos falando de mais opções de investimentos aos investidores e com isso aumento da competição para as ações brasileiras. No curto prazo, isso pode trazer um impacto negativo, porém a equação ainda é muito positiva aos investidores. Outro ponto muito importante é que a alocação em renda variável ainda é muito baixa no Brasil. Ou seja, há muito espaço para o investimento em bolsa. Por isso, não necessariamente, haverá pressão de venda de ações brasileiras para BDRs, mas a migração de renda fixa para renda variável, essa sim, vai continuar.

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