• Uma das gigantes da bolsa, a Petrobras (PETR4) tem chamado a atenção dos investidores, principalmente pelos dividendos pagos no último ano.
  • Nesse texto, explicamos como funciona o negócio da Petrobras o que tem feito ela estar entre as empresas que esperamos os maiores dividendos de 2022.
  • Por fim, será que vale investir em PETR4 agora?

Uma das maiores empresas da bolsa brasileira é a Petrobrás (PETR4) e uma das maiores produtoras de petróleo do mundo. A empresa tem chamado a atenção dos investidores pelos fortes dividendos que foram pagos no último ano e também pelos que deve pagar agora em 2022.

Você conhece a Petrobras?

Muita gente já ouviu falar da empresa, mas nem sempre sabe exatamente o que ela faz. Então antes de tudo, vale uma rápida explicação do modelo de negócio.

A Petróleo Brasileiro S.A. atua na exploração, refino, transporte e comercialização de petróleo, além de pesquisas de desenvolvimento ligadas ao setor de energias. Mas o seu grande trunfo é a exploração de petróleo em águas profundas e ultra profundas (sim, estamos falando do pré-sal).

E o que motivou esses maiores pagamentos de dividendos?

Historicamente, a empresa não é conhecida por pagar grandes dividendos. Mas algumas mudanças na sua estratégia ao longo dos últimos anos têm modificado seus resultados.

A empresa se endividou bastante ao longo dos anos e atingiu seu pico em 2015. Desde então, tem feito desinvestimentos (que comento um pouco nesse vídeo sobre Petrorio), venda de refinarias, pagamento de dívidas e a redução da sua alavancagem para níveis mais saudáveis de suas dívidas.

Outra alteração de estratégia foi o foco na extração do Pré-sal. Diferente da extração em terra ou águas rasas, a extração no pré-sal permite a extração de grandes volumes por longos períodos. Isso significa que a operação fica mais barata a longo prazo, ou dizendo de outra forma: menos custos, mais lucros.

Fonte: Petrobras, ANP, Eikon, EPA, EIA e XP Research.
2 k = mil, bbl = barris. Portanto, a unidade de medida do gráfico é mil barris por dia (padrão na indústria global de O&G)

Ações descontadas e dividendos altos (mas com riscos)

Ação descontada. Como costumo repetir por aqui, o preço de negociação atual de uma ação é muito pouca informação para chegar a uma conclusão se ela está cara ou barata. Para fazer essa análise, gostamos de avaliar alguns múltiplos.

Múltiplos?

Os múltiplos, como os mais famosos EV/EBITDA e Preço/Lucro, funcionam como o preço/m² de um imóvel. Se alguém fala para você “esse apartamento custa 1 milhão de reais”, como você sabe se está barato ou caro? Você olha o preço/m². E compara com o que? Com apartamentos comparáveis, que estão na mesma região, têm a mesma idade, ou até mesmo com o próprio valor do m² histórico daquele imóvel (apesar de ter que tomar cuidado com a conclusão já que, com o passar dos anos, mudanças na região que levem a valorização do imóvel podem alterar o patamar desse múltiplo).

Essa é a mesma lógica com o Preço/Lucro (que mostra quanto do lucro que a empresa deve gerar no ano em questão está refletido no preço da ação), EV/Ebitda (quanto do resultado operacional que a empresa deve gerar no ano em questão está refletido no valor da empresa) ou Preço/Patrimônio Líquido (quanto do valor contábil da empresa — calculado como valor de ativos menos valor de passivos no balanço  — esperado para a empresa no ano está refletido no preço da ação).

Ou seja, quanto menor, melhor: se o múltiplo da empresa está abaixo do múltiplo do setor ou abaixo do seu valor histórico para aquela companhia, a ação está em um valor atrativo. Pela diferença na natureza de negócios de cada setor, indicamos olhar o EV/EBITDA para empresas de commodities ou exportadoras, já que essa métrica incorpora alguns números importantes para esse tipo de atividade, como endividamento e caixa da companhia.

Um múltiplo interessante para medir o valor de uma petroleira é o EV/EBITDA. Mas, além de comparar os múltiplos de uma empresa com seu histórico, também é interessante comparar com suas concorrentes para entender o quanto o mercado está otimista ou não com o setor.

Fonte: Petrobras, ANP, Eikon, EPA, EIA e XP Research.

Nesse gráfico podemos ver que a Petrobras está sendo negociada não só abaixo do seu histórico, mas também abaixo do múltiplo de seus concorrentes no mundo inteiro, incluindo na Rússia, onde a gestão das petroleiras também é estatal.

E quais os riscos? Fora o risco natural do negócio, como o risco operacional de derramamento de óleo e derivados, ou uma forte variação de preço do petróleo ou do dólar, existe um risco de gestão.

Como já vimos no passado, a Petrobras já foi utilizada como forma do governo (que é seu controlador) atingir outros objetivos que não estavam nos interesses da empresa, como por exemplo subsidiar combustíveis para controlar o preço no mercado. Em um ano de eleição, que é o caso de 2022, esse risco em específico é exacerbado, e entendemos que se torna um dos principais fatores de atenção para o investimento na empresa no curto prazo.

Apesar dos riscos, existe um possível bom retorno. Como falei ao longo desse texto, o que mais tem saltado aos olhos no investidor da Petrobras são seus dividendos. Com o aumento da produção e diminuição dos custos, esperamos que os dividendos acumulados da empresa até 2026 seja de aproximadamente 100% de seu valor atual. Isso quer dizer que, se tudo continuar como o esperado, o investidor que comprar a ação hoje pode receber esse mesmo valor em dividendos em menos de 5 anos.

dividendos esperados da Petrobrás nos próximos anos.
Fonte: Eikon e XP Research.

Confira nossa seleção Top Dividendos. Para acessar o relatório, clique aqui.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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