A temporada de resultados do 4º trimestre de 2022 nos EUA confirmou uma queda na lucratividade das empresas americanas, porém menor do que o esperado.
Analistas já haviam feito cortes nas expectativas no fim do ano passado devido ao cenário mais pressionado — maior probabilidade de uma recessão econômica a caminho, atividade econômica dando sinais de desaceleração e política monetária mais contracionista.
Os números, no entanto, vieram “menos piores” que o esperado: 68% das companhias do S&P 500 (principal índice acionário dos EUA) superaram as expectativas de lucros, com uma surpresa agregada de 0,7%. Já em termos de crescimento, houve uma contração nos lucros de -2,5%, sugerindo que os impactos macroeconômicos já começam a ser refletidos nos resultados.
A surpresa de lucro (ou earnings surprise) acontece quando os ganhos reportados pela empresa superam a expectativa dos analistas de mercado, construídas a partir dos números da empresa e das perspectivas macroeconômicas e do setor. Uma surpresa positiva pode levar a uma valorização das ações da companhia, enquanto uma surpresa negativa tende a pressionar os preços para baixo.
Apesar dos números acima do consenso, em termos absolutos eles seguiram a tendência de contração que já vinha apontando em meio ao cenário desafiador e diante de riscos de uma recessão global.
Consumo Discricionário e Energia foram destaques
Dentre os setores, o de Consumo Discricionário registrou a maior surpresa positiva, reportando lucros 9,3% acima do esperado e um crescimento de 24% em comparação ao 4º trimestre de 2021. Com o consumidor americano cada vez mais pressionado, as empresas ainda assim conseguiram superar as expectativas, puxadas pelos nichos de e-commerce e turismo. Na frente de e-commerce, a Amazon surpreendeu ao aumentar a eficiência de seus negócios através de cortes de custos e redução de mão de obra. Já na parte de turismo, vimos as companhias dos nichos mais afetados pela pandemia como Royal Caribbean, Hilton Worldwide e MGM registrando uma forte recuperação na demanda.
Olhando para o crescimento agregado dos lucros, o setor de Energia foi destaque mais uma vez, com um salto de 55% nos lucros na comparação anual. Na ponta oposta, os setores de Comunicação e Materiais foram os que mais sofreram na temporada, com contrações de -28% e -24%, respectivamente.
O pior já passou?
Continuamos esperando uma queda de lucratividade das empresas americanas, por conta de uma combinação de 3 fatores:
- inflação pressionando as linhas de custos;
- demanda mais fraca em meio a uma economia global em desaceleração;
- a forte base de comparação do ano passado.
Notamos que a margem de lucro das empresas do S&P 500 já recuou das máximas, mas se encontra ainda próxima dos patamares elevados do pré-pandemia. Olhando para períodos recessivos anteriores, vemos que ainda tem espaço para contração de margens por parte das empresas.
Já no campo positivo, vemos as empresas também mais capitalizadas (e menos endividadas) do que em períodos recessivos anteriores, como ilustrado pelo múltiplo de Dívida Líquida/EBITDA. Sendo assim, um salto em insolvências ou inadimplências das companhias do S&P 500 parece um cenário menos provável na configuração atual vs. períodos recessivos anteriores.
Em linhas gerais, seguimos ainda bem cautelosos quando ao posicionamento em bolsa americana e achamos que o prêmio de risco do mercado acionário ainda não é condizente com as incertezas do cenário. Ou seja, ainda podemos ver impactos negativos nas empresas (e, consequentemente, nos preços das ações) devido a perspectivas piores.
Nossa visão vs. consenso
Vemos que os maiores consensos do mercado para compra estão entre os setores de Energia, Comunicação e Tecnologia. Em contraste, vemos o consenso mais negativo com os setores de Materiais (commodities, exceto petróleo), Indústria e Consumo Básico.
Na nossa visão, mesmo que alguns setores já tenham sofrido grandes correções, ainda é cedo para ficar otimista e aumentar exposição a setores mais cíclicos. Seguimos favorecendo setores mais defensivos como Consumo Básico, Utilidades Públicas e Saúde.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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