- “Sell in May and go away, and come back on Saint Leger Day” (venda em maio, vá embora e volte no dia de Saint Leger) é um ditado antigo que prega que investidores zerem suas posições de maio a outubro
- Neste Insight, explicamos a origem dessa história, mostramos se faz sentido seguir essa premissa (aqui e lá fora) e revelamos nossas carteiras recomendadas para maio em seis perfis
- Spoiler: diversificação inteligente continua sendo a alma do negócio
Se você faz parte das 13 pessoas que acompanham religiosamente o Rico Matinal há mais de um ano, já conhece a fama do mês de maio no mercado financeiro — principalmente fora do Brasil. A frase “Sell in May and go away” (venda em maio e vá embora, em tradução livre) aparece em centenas de publicações especializadas em finanças mundo a fora há anos.
De onde vem isso?
Momento histórico: A versão completa do ditado (se é que posso chamar assim) seria “Sell in May and go away, and come back on Saint Leger Day” (ou Venda em maio e vá embora, volte no Dia de Saint Leger), uma referência ao período de férias de verão dos operadores de mercado da City de Londres. Os investidores passavam o período mais quente do ano viajando e voltavam em setembro, mais especificamente após uma corrida de cavalos chamada Saint Leger. Literalmente, em muitos casos, essas pessoas vendiam suas ações no mês de maio para não se preocupar com o mercado ao longo de todo esse período.
Só por essa descrição já dá para perceber que muita coisa mudou de lá para cá, né? Mas ainda hoje há quem olhe torto para o período de férias de verão do Hemisfério Norte por supostamente ser mais fraco para a bolsa, com volumes menores de negociação.
Até no Brasil tem quem faça eco, dado que nosso mercado é muito influenciado pelo volume de estrangeiros na B3 (mais de 24% do volume total em abril foi movimentado pelos gringos, por exemplo).
Devo vender minhas ações, então?
Não! Vamos com calma.
Algumas razões para você não se desesperar:
- Como a Betina mostrou no De Olho no Mercado, temos motivos para manter a visão construtiva para a bolsa brasileira no longo prazo, considerando os lucros projetados das empresas. Olhando para este mês mês, a temporada de resultados do primeiro trimestre de 2021 ganha força. Por mais que algumas empresas ainda estejam em situações bem desafiadoras, os setores de commodities e bancos, que são bem representativos no Ibovespa devem reportar resultados positivos.
- Quanto à bolsa estrangeira, ainda vemos nos últimos anos um desempenho médio inferior entre maio e outubro se comparado ao período entre novembro e abril, mas a diferença vem diminuindo:
- Fora isso, o Fed, banco central americano, e Joe Biden, presidente dos EUA, reiteraram de novo na semana passada que pretendem continuar injetando dinheiro na economia apesar dos sinais de inflação no curto prazo, o que é positivo para o mercado enquanto americanos seguem usando o dinheiro extra para investir. Por outro lado, importante destacar que as ações estrangeiras passaram por uma fase de crescimento forte na expectativa de resultados das empresas, que estão sendo divulgados. A partir de agora, o movimento esperado é de normalização dos preços, com caminhada mais errática.
- Por fim, como você já sabe, indicamos investimentos em ações pensando em longo prazo e com base nos fundamentos das empresas. Vender só por uma queda de volume nas negociações (e pagar imposto sobre os lucros) só para recomprar depois não faz sentido nessa estratégia. Um estudo da Morningstar mostrou que investidores adeptos da estratégia de passar os meses de maio a outubro fora da bolsa (linha vermelha) teriam retornos consistentemente piores que aqueles que mantêm o dinheiro investido o ano todo (linha azul):
Então devo ir de all-in em ações?
Calma lá! Diversificação continua sendo a alma de uma boa carteira.
As ações continuam nas nossas carteiras recomendadas de maio (composição completa no final desse texto), inclusive publicamos na semana passada 16 ações que tendem a se valorizar com a reabertura econômica.
No mais, nossa alocação mensal passou por poucas mudanças. Continuamos com uma composição em prefixados, que explicamos no início do mês passado, por conta da inflação implícita mais alta. A diferença é que dessa vez essa classe entrou inclusive na nossa carteira cautelosa e ganhou um pouco mais de espaço nas demais, até porque esses ativos se valorizaram ao longo de abril.
Também mantemos proteções contra a inflação através de papéis indexados ao IPCA e diversificação com multimercados e renda fixa global, além das ações. Aumentamos o risco em renda variável das carteiras moderadas e agressivas em relação ao mês passado. Confira a nossa composição de carteira para maio de 2021, lembrando que internacional inclui renda fixa e variável fora do país:
Veja também o detalhamento de investimentos recomendados para conservadores, moderados e agressivos.
Elaborado por:
Betina Roxo, CNPI 1493
Paula Zogbi, CNPI 2545
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