Ontem, a página de humor do mercado financeiro (que inclusive eu adoro), Faria Lima Elevator, fez a seguinte postagem:
Sim, investimentos que acompanham a taxa de juros, teoricamente sempre positiva (pelo menos enquanto o Brasil for Brasil), pode ter variação negativa. Inclusive, muitos investidores da Rico notaram esse comportamento nos seus investimentos recém realizados no Tesouro Direto Selic 2025.
Mas Collazo, ele não é ótimo como reserva de emergência? Como assim resultado negativo?
Caros 13 leitores, primeiramente vamos recapitular como funciona a remuneração destes títulos. O Tesouro Selic remunera seu investidor a uma taxa pós-fixada de 100% da Selic, acrescida de uma pequena taxa prefixada ao ano (bruto de imposto de renda). Como podemos observar abaixo:
Essa segunda “taxinha” varia conforme algumas expectativas do mercado. Basicamente, semana passada teve leilão do Tesouro e o mercado pediu prêmio, ajustando a “taxinha”.
Na renda fixa, a variação da taxa de retorno – que acontece em todos os títulos que possuem alguma taxa prefixada – leva à variação do preço do papel.
Então você está me dizendo que a renda fixa varia? Bem como o Tesouro Selic?
Sim! Exatamente. Nossos 13 leitores já sabem disso de “cor e salteado”, mas nunca é demais relembrar. Porém, sobre o Tesouro Selic, não se preocupe, como essa taxa é muito pequena, essa variação também é extremamente baixa e rara.
Mesmo assim, quando acontece, a mudança na rentabilidade (no caso negativa) do Tesouro Selic dura pouquíssimo tempo. Estou falando literalmente de alguns dias de investimento para que a rentabilidade volte para o campo positivo. Para você entender isso melhor, vou fazer um exemplo prático e real abaixo:
Como podem ver, quem comprou o Tesouro Selic 2025 no primeiro dia útil deste ano, teve que esperar 3 dias para que o preço de resgate do título ficasse maior que o preço de entrada deste investidor no papel.
Aliás, falando em curto prazo, movimentações de resgate não são recomendadas em menos de 30 dias. Durante o primeiro mês de investimento, além da tributação tradicional do imposto de renda seguindo a tabela regressiva, que neste caso você pagaria a maior alíquota possível (22,5%), você também pagaria o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que também é regressivo e fica isento a partir do trigésimo dia de investimento:
O que podemos concluir?
O Tesouro Selic pode ter rentabilidade negativa, porém durante um curtíssimo período de tempo. Tempo esse, que em caso de resgate, coloca o investidor numa situação de tributação gigantesca (IR + IOF), o que não é recomendado de ser feito.
O “Selicão da massa” continua sendo a melhor opção para reserva de emergência. Como ele é emitido pelo governo, tem o menor risco de crédito possível.
Sem falar da rentabilidade, que deixa os “poupançudos” na saudade:
(leia com a voz do Galvão Bueno):
De verde nós temos ele, o campeão da reserva de emergência, Tesouro Selic, e em azul claro, o “poupançudo”.
Ai fica fácil para o investidor brasileiro escolher meus amigos e minhas amigas, não tem pra ninguém, tem que respeitar essa camisa!