O ano mal começou e já estou me sentido como nos dias de fazer limpeza no guarda-roupa. Toda vez tenho a “brilhante” ideia de tirar tudo do armário para limpar e separar o que permanecerá comigo para depois colocar de volta tudo arrumado.
Começo super empolgada e de repente estou lá, sentada no chão (porque não tem onde sentar com a cama cheia de roupa), com dor nas costas e pensando “quanta coisa! Alguém me ajuda!”. Aquele momento em que você só quer uma Marie Kondo na sua vida -> quem não entendeu é sinal que precisa assistir mais Netflix.
Pois bem, essa percepção de “muita coisa” parece o mercado nas primeiras semanas do ano. Para vocês, caros(as) 13 leitores(as), não se sentirem desanimados(as) no meio de tantas roupas, ops, notícias, trago a versão Marie Kondo do mundo dos investimentos, separando em 3 “hot topics”: Reflation Trade, Blue Wave nos EUA e Commodities.
Mercados globais começam 2021 com o mesmo entusiasmo do final de 2020, impulsionados pelos estímulos econômicos e desenvolvimento de vacinas, apesar do contínuo aumento de casos de covid-19.
A primeira semana do ano já foi bem agitada (e positiva) com o Blue Wave nos EUA (maioria democrata na Câmara, Senado e presidência), lançamento de vacinas em vários países, e corte na produção de petróleo pela Arábia Saudita, que intensificam o Reflation Trade* e a rotação nos portfólios para empresas de valor (tradicionais como commodities e bancos) e cíclicas.
*política fiscal ou monetária destinada a expandir o crescimento, estimulando gastos e contendo os efeitos da deflação, que geralmente ocorre após um período de incerteza econômica ou recessão. Reflation também pode ser usado para descrever a primeira fase da recuperação econômica após um período de contração.
Tivemos recordes no S&P500, MSCI Mercados Emergentes, nas commodities e no Ibovespa, que atingiu 125 mil pontos! Além disso, a rotação para ações de valor está entrando em seu quarto mês consecutivo, o mais longo período desde 2016.
Fonte: JP Morgan, Bloomberg
Vamos por partes.
Blue Wave nos EUA: a maioria democrata também no Senado* era uma preocupação do mercado devido à possibilidade de facilitar a implementação de impostos corporativos mais pesados e medidas mais rígidas sobre algumas empresas, principalmente de tecnologia.
*Ambos os partidos (democrata e republicano) ficaram com o mesmo número de vagas no Senado após as eleições de duas cadeiras na Georgia. Como votações empatadas serão decididas pela vice-presidente Kamala Harris, do Partido Democrata, na prática, os democratas são maioria.
Por outro lado, a margem estreita e o fato que uma parcela relevante dos senadores democratas representa estados onde o eleitorado conservador tem maior peso deve dificultar a aprovação de medidas mais polêmicas.
Sob governo unificado, o pacote de estímulo do final de dezembro, de US$ 900 bilhões, deve ser fortalecido por outros US$ 900 bilhões no início de 2021, enquanto aumentos de impostos em grandes proporções não serão triviais em meio a uma economia frágil.
Com isso, a perspectiva deste ano de reabertura econômica, vacinas e estímulos deve continuar favorecendo as rotações de portfólio de renda fixa para renda variável e, dentro de renda variável, empresas de valor são favorecidas vs. empresas de crescimento (tecnologia).
Nesse contexto, os mercados emergentes também ganham destaque, não só pela composição relevante por empresas de valor, como o caso do Ibovespa, mas também pelo dólar mais fraco (seguindo mais emissão de moeda nos EUA e menor aversão ao risco no mundo), tornando os investimentos nos mercados emergentes mais atrativos.
Moedas
Tal cenário também reflete nas moedas emergentes, que acabam apreciando (se fortalecendo). Vale observar, entretanto, que, no Brasil, a preocupação fiscal segue como principal fator que mantém o real depreciado e continuará como um dos temas principais em 2021.
Apesar de passar por uma forte queda no fim do ano passado, o dólar encerrou 2020 com valorização de 29% ante o real, deixando a moeda brasileira entre uma das piores do mundo.
Estimamos a taxa de câmbio em 4,9 reais por dólar no final de 2021, com potencial de apreciação adicional se o cenário global continuar a sugerir o dólar mais fraco frente a moedas emergentes.
Mas até quando o dólar continuará mais fraco? Eis a questão
Vale notar que, com mais estímulos, a expectativa de inflação americana no médio-longo prazo já está acima de 2%, que é a meta do Banco Central americano. Consequentemente, o título do governo de 10 anos superou 1% (vs 0,5% durante a crise), o que implicaria em dólar mais forte.
Há o questionamento de até quando os juros continuarão baixos (em meio à inflação mais alta), mas o Fed já deixou claro que as condições acomodatícias atuais permanecerão por bastante tempo.
Em particular, a nova estratégia adotada pelo Fed (que foi anunciada na conferência do Jackson Hole em 2020) implica que o BC americano vai tolerar que a inflação fique acima da meta por um período de tempo, de maneira a garantir que as expectativas de inflação fiquem ancoradas na meta (e não abaixo dela, como foi o caso nos anos desde a crise de 2008).
Na prática, isso implica que o Fed vai demorar mais para iniciar um novo ciclo de aperto monetário sob esse novo arcabouço do que caso estivesse usando sua estratégia antiga. Isso significa que as condições favoráveis para os ativos de risco devem permanecer por mais tempo.
De qualquer maneira, dado o tamanho do estímulo fiscal potencial do governo Biden, nesta semana o mercado começou a precificar esse novo cenário, impactando os juros longos para cima e colocando essa dúvida na dinâmica de apreciação das demais moedas contra o dólar.
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Commodities
Por fim, o rali das commodites continua ganhando força, também reflexo de estímulos que podem impulsionar investimentos em infraestrutura. Além disso, a falta de investimentos no setor nos últimos anos implica limitação na produção. Concomitante a demanda elevada abre espaço para mais aumentos de preços nas commodites.
Destaque para o acordo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+) de corte na produção em fevereiro e março, que adicionou otimismo. Os preços de petróleo Brent tiveram forte alta, impactando positivamente as ações da Petrobras, que inclusive faz parte da seleção Estrelas da Bolsa, ranqueada dentre as Top 5 mais queridinhas do mercado para gestores de fundos e analistas, com 87% de recomendações de compra e potencial médio de alta de 23%.
O anúncio da Opep+ é positivo por sinalizar menores pressões do lado da oferta de petróleo em um momento em que há incertezas de curto prazo com o surgimento da nova cepa do vírus causador do coronavírus e a imposição de lockdowns em países europeus como Reino Unido e Alemanha.
CRB Index. O índice consiste em 19 commodities: Alumínio, Cacau, Café, Cobre, Milho, Algodão, Petróleo Bruto, Ouro, Óleo para aquecimento, Suínos, Gado, Gás Natural, Níquel, Suco de Laranja, Gasolina RBOB, Prata, Soja, Açúcar e Trigo. Essas commodities são classificadas em 4 grupos, com pesos diferentes: Energia: 39%, Agricultura: 41%, Metais preciosos: 7%, Metais básicos / industriais: 13%.
Elaborado por:
Betina Roxo, CNPI 1493
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