• Depois de seis pregões renovando as máximas históricas, será que o Ibovespa está mesmo em seu nível mais alto?
  • Sim, nominalmente, estamos vivendo um momento de patamares nunca antes vistos para o principal índice da bolsa brasileira. Em termos reais, por outro lado, ainda não chegamos lá.
  • Entenda por que faz sentido corrigir o índice acionário brasileiro pela inflação (e quando foi nossa máxima)

O hexa finalmente chegou, diriam os aficionados por futebol. Ontem, depois de seis pregões seguidos renovando a máxima histórica, o Ibovespa fechou em um novo recorde aos 130.776 pontos.

Mas a verdade é um pouco mais complexa que isso. Sim, estamos na máxima nominal histórica. Contra fatos não há argumentos. Só que esse fato desconsidera a inflação.

O que a inflação tem a ver com isso? Bom, o aumento nos preços de produtos e serviços impacta a economia como um todo. A melhor forma de avaliar valores monetários em um período histórico passa necessariamente pela correção inflacionária — evitando, assim, comparar “laranjas com bananas”.

Comparando laranjas com laranjas

Como você pode ver no gráfico abaixo, se ajustarmos o Ibovespa pelo IGP-DI (que foi a medida oficial de inflação por muitos anos antes da adoção do IPCA), a máxima histórica não foi nem esse ano, nem nessa década: ela foi atingida em 20 de maio de 2008, e seria equivalente a 150.088 pontos corrigindo pela inflação de lá até aqui. Em outras palavras, para chegar na máxima de fato, o Ibov teria que subir 14,77%.

Já quando olhamos para o EWZ, o principal ETF de empresas brasileiras na bolsa estrangeira (e que considera o dólar), a máxima foi em 23 de maio do mesmo ano (97,45), e seria necessária uma alta de 133% para alcançá-la (o fechamento de ontem ficou em 41,85).

Essas datas foram logo após recebermos o selo de grau de investimentos pela primeira vez pela agência de classificação Standard & Poor’s, uma “aprovação” que estimulou a vinda de muitos gringos desconfiados para a nossa Bolsa. A máxima também foi num período de crescimento vigoroso da nossa economia, pouco antes da revista The Economist publicar a famosa capa Brazil Takes Off, em que o Cristo Redentor aparece decolando como um foguete (aliás, a mesma Economist trouxe o Cristo de novo na capa dessa semana, mas de um jeito bem diferente).

Por isso, quando você se questionar se faz sentido o Ibovespa estar na máxima histórica “justo agora”, seja por conta da Covid, das contas públicas, da demora para as reformas andarem, da proximidade de uma edição provavelmente conturbada das eleições ou o que quer que seja, lembre-se: quem vê cara, não vê inflação. Além disso, entenda por que ainda vemos espaço para a bolsa subir esse ano na edição mais recente do De Olho No Mercado.

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Elaborado por:

Betina Roxo, CNPI 1493
Paula Zogbi, CNPI 2545

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