*Por Paula Zogbi e Rachel de Sá
- Você usa a previsão do tempo para orientar as roupas que vai vestir antes de sair de casa, mas sabia que o clima também afeta os preços de uma economia?
- Por causa da falta de chuvas e queda nos reservatórios de hidrelétricas nesse ano, o preço da energia vai subir entre 12,5% e 15% (em relação ao ano passado).
- A inflação de junho, medida pelo IPCA, será divulgada na quinta, e deve refletir parte desses efeitos (além de desequilíbrios causados pela pandemia e a própria volta da atividade) – atingindo 8,4% em doze meses.
- Trazemos neste Insight uma previsão do tempo para 6 tipos de investimentos, partindo desse cenário.
Você sabe o quanto as condições climáticas podem afetar os preços de uma economia? Ultimamente, essa discussão está mais quente do que o sol de verão num céu de brigadeiro (gíria pra um céu azul, totalmente sem nuvens, uma brincadeira com a patente mais alta da aeronáutica — os brigadeiros).
Para se ter uma ideia, por causa da falta de chuvas e queda nos reservatórios de hidrelétricas nesse ano, o preço da energia vai subir entre 12,5% e 15% (em relação ao ano passado). Embora a probabilidade de uma crise econômica causada por um racionamento (como a que vimos em 2001) seja bem reduzida, especialmente graças a evolução da nossa matriz energética desde então, essa alta dos preços de energia causa um efeito cascata, aumentando preços de produtos e outros serviços também.
Enquanto isso, as geadas causadas pela onda de frio recente no interior do Estado de São Paulo afetaram as plantações de tomate, fazendo com que a fruta que todo mundo acha que é legume suba por volta de 12% só em julho.
Nesta quinta-feira, às 9h, será divulgado o IPCA (índice geral de preços ao consumidor-amplo, nossa medida oficial de inflação) referente ao mês de junho. Projetamos que o índice atinja 8,4% no acumulado em doze meses, puxado por tais questões climáticas, além de desequilíbrios entre a oferta e demanda ainda fruto da pandemia, e pela própria retomada da atividade econômica.
Mas antes mesmo de você se assustar com a alta dos preços, queremos trazer a nossa própria previsão do tempo. A inflação alta é sol a pino para alguns investimentos, que se beneficiam de preços em crescimento (desde que não saiam de controle), mas traz uma nuvem de incertezas para outros ativos, que tendem a sofrer com o mesmo movimento.
Sol a pino: investimentos para se bronzear
☀️Renda fixa. Esse é o verdadeiro céu de brigadeiro: proteção contra a inflação com toda a segurança da renda fixa. Existem investimentos em renda fixa que pagam juros indexados à inflação. No Tesouro Direto, eles são chamados de Tesouro IPCA + ou NTN-B. Já na renda fixa de emissão privada, você encontra esse tipo de remuneração em títulos bancários e Debêntures, por exemplo (um pouco mais arriscado, mas com prêmios maiores). Com esses papéis, você garante o recebimento de um juro que corresponde a todo o aumento dos preços no período (geralmente medido pelo IPCA) mais uma taxa, acima desse aumento, já conhecida no momento da compra.
☀️Ações de empresas bem posicionadas em seus setores. Cilma de praia, pode até dar onda! Essas empresas são capazes de repassar as altas dos preços aos seus produtos e serviços. Com isso, a receita dessas empresas cresce, assim como os seus dividendos e o preço justo das suas ações. A Bolsa brasileira tem uma performance histórica de IGP-DI +6,3% ao ano desde 1968! Dentre as ações, conheça a nossa lista das que mais se beneficiam da inflação clicando aqui.
☀️Ativos reais. É tipo a relação entre o verão e a venda de filtros solares na farmácia. Momentos de inflação em alta tendem a ser, também, momentos de altas dos preços das commodities. Com muito dinheiro em circulação na economia, a reabertura e um momento desafiador para a oferta, itens como petróleo, minério de ferro, cobre, ouro, soja e outras commodities podem ser uma outra forma de se proteger. É possível investir via empresas de commodities, mercado de futuros ou via fundos, como o Trend Commodities.
☀️Fundos Imobiliários. Nos FIIs “de tijolo”, ou seja, aqueles que são proprietários de imóveis físicos, muitos contratos de aluguel são indexados à inflação (ou seja, os aluguéis pagos pelos inquilinos sobem junto com o IPCA ou o IGP-M) — isso leva a proventos mais altos. A inflação também pode fazer com que os preços dos imóveis suba e as cotas negociáveis dos fundos valorizem. Mas é melhor levar um guarda-chuva, já que essa classe, neste momento, está sujeita a trovoadas trazidas pela reforma do imposto de renda proposta pelo governo (saiba mais).
Tempo encoberto para estes investimentos
⛅️Prefixados de longo prazo. Não recomendamos pra sair sem casaco para comprar prefixados de longo prazo neste momento. Por mais que as taxas pareçam altas (9,33% a.a. para o papel com vencimento em 2031, na consulta em 6 de julho), as nuvens não nos deixam enxergar exatamente até quando os efeitos dos eventos atuais podem pressionar a inflação.
⛅️Ações de crescimento. Setores considerados de “crescimento”, como tecnologia, passam frio com a inflação muito alta. Como muito do valor dessas empresas está no futuro, daqui alguns (ou vários) anos, o processo de avaliação do preço justo na bolsa, usa uma taxa de desconto, que cresce quando a inflação está em alta. Em outras palavras, se essa taxa sobe, o preço considerado justo para a empresa no presente cai.
Elaborado por:
Betina Roxo, CNPI 1493
Paula Zogbi, CNPI 2545
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