- A renda fixa é uma forma de investir com maior previsibilidade de retornos
- Mas isso não significa que não existem riscos associados a alguns tipos de títulos
- Entenda a lógica entre os juros do Tesouro Direto e os preços dos títulos, que pode levar o seu patrimônio a perder valor temporariamente
A renda fixa é uma forma de investir com previsibilidade de retornos, em uma lógica de “emprestar” dinheiro e receber de volta, com juros, como explicamos neste outro texto.
Dentro dessa categoria mais previsível de investimentos, o Tesouro Direto, ferramenta do Tesouro Nacional criada para emprestarmos dinheiro para o governo Brasileiro, é considerado o mais seguro pelo risco de crédito (o risco de não receber o seu dinheiro de volta). Então, por que os títulos do Tesouro Direto em que investimos perdem valor em algumas janelas de tempo?
Essa é a pergunta mais comum que recebemos em períodos de incertezas macroeconômicas. Sim, porque a macroeconomia tem tudo a ver com o que vamos explicar agora.
A lógica dos juros
Se você leu nosso Insight que descomplica a renda fixa, sabe que pensar nesses investimentos tem tudo a ver com a possibilidade de tomar um calote. Se você for a pessoa mais bem de vida da sua turma de amigos, pode emprestar dinheiro para os demais, mas provavelmente vai ter mais desconfiança naqueles que demoram para devolver ou gastam de uma forma mais irresponsável, certo?
Você prefere emprestar para o seu primo que recebe um salário todos os meses e vai usar para trocar a geladeira (um item de primeira necessidade) ou para o vizinho, que largou o emprego e quer o dinheiro para curtir uma rave? Se emprestar para o vizinho, você vai cobrar mais ou menos juros?
É a mesma lógica para os títulos de renda fixa, inclusive o Tesouro Direto. Por vezes, os investidores enxergam os títulos públicos como o primo responsável. Em outros momentos, desconfiam que o governo terá dificuldade para pagar quando voltar da rave trançando as pernas (e essa desconfiança afeta todos os outros investimentos em renda fixa do país, mas isso é outro papo).
Um exemplo da vida real: entre o final de julho e meados de agosto de 2021, a discussão sobre o pagamento de precatórios (as dívidas judiciais da União), previsto em um valor muito mais alto que a média, somada à vontade do governo de ampliar o programa Bolsa Família. Basicamente, a previsão dos gastos do governo aumentou muito, em pouquíssimo tempo, e ficamos na dúvida sobre como o país conseguiria resolver esse pepino. Com isso, o valor dos títulos do tesouro desabou.
Foi como se, de repente, o vizinho que usou seu dinheiro para ir à rave descobrisse que a geladeira também quebrou. Você já ia ficar com medo de ele pedir mais dinheiro seu e, principalmente, de ele ter muito mais dificuldade para pagar. No caso do Brasil, isso é o famoso risco fiscal:
Tá, e por que o valor do meu título caiu?
Agora vamos ao que mais interessa: como esse movimento afeta o investimento que você já realizou e, principalmente, por que você não precisa se preocupar com isso.
Os títulos do Tesouro são emitidos com um valor pré-definido para a data de vencimento. Uma unidade do Tesouro Prefixado 2026 (o mencionado no gráfico acima) vale exatamente R$ 1.000 na data em que ele “expira”, em 2026.
Isso significa que a pessoa que comprou um título vai receber de volta exatamente mil reais nessa data (é possível comprar frações do título também, então, se você comprou metade de um título, vai receber R$ 500, por exemplo, e assim sucessivamente).
Agora, suponha que você comprou o título hoje por R$ 950 e que ele vence daqui um ano. Para valer R$ 1.000 em 12 meses, o título precisa remunerar a uma taxa de 5,26% a.a.
Só que, no dia seguinte, “a geladeira do governo quebrou”: os riscos fiscais aumentaram, e o mercado passou a acreditar menos na capacidade de o Tesouro pagar a dívida sem precisar emitir mais moeda. A taxa, então, sobe muito, para 8% a.a.
Para continuar valendo R$ 1.000 em 12 meses, esse título, que agora paga 8% a.a., precisa valer muito menos. Ele passa a custar R$ 925.
É por isso que, no mesmo período que a taxa do Tesouro Prefixado 2026 subiu (como vimos acima), o seu preço no mercado fez isso aqui:
O nome disso é “marcação a mercado”. É o ato de colocar um preço naquele título para o caso de você querer vendê-lo hoje. É como se você tivesse um imóvel e pudesse ver todos os dias o valor de venda dele no mercado — ele com certeza oscilaria.
De todos os títulos do Tesouro, o Tesouro Selic é o que menos sofre esse efeito (praticamente não sofre, aliás), por isso, ele é o mais indicado para investimentos de curtíssimo prazo e para a sua reserva de emergência.
E por que não se preocupar com isso?
Assim como no caso do imóvel, se você não tem intenção de vender os seus títulos do Tesouro hoje, não precisa se preocupar com o valor de mercado atual dele.
Como falamos alguns parágrafos acima, o valor do seu título do Tesouro na data de vencimento já está definido no dia em que você faz a compra. Se você não vender antes, vai receber exatamente a rentabilidade que contratou. No caso do nosso exemplo fictício, o seu lucro de R$ 50, ou 5,26% a.a., estaria garantido.
Aliás, o contrário também é verdadeiro!
Caso a taxa do Tesouro caia muito, o seu título vai se valorizar no mercado. Nesse cenário, pode ser vantajoso vender antes, porque você teria mais rentabilidade em menos tempo!
No nosso exemplo, se o título que você comprou por R$ 950 valorizasse para R$ 990 um ano antes do vencimento, poderia fazer sentido vender e aplicar em outros investimentos mais vantajosos (já que no Tesouro você só vai receber mais R$ 10 ao longo desse ano).
Não leu tudo?
Também explicamos essa dinâmica no vídeo abaixo!
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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