Investir em renda fixa é considerado uma opção mais segura e previsível por muitos investidores, especialmente frente a investimentos em renda variável, como ações. Mas você sabia que, apesar da maior previsibilidade relativa e segurança, o valor de um título de renda fixa pode oscilar? O fenômeno que explica essas variações é a chamada marcação a mercado. Neste texto, vamos explorar porque isso acontece e como você pode usar esse conhecimento (e movimento) a seu favor.
O que é Renda Fixa?
Ao investir em papel de renda fixa, como um CDB, algum título do Tesouro Direto ou uma LCI, você está emprestando dinheiro a uma instituição — seja o governo ou uma empresa — por um prazo definido. Em troca, recebe uma rentabilidade previamente acordada, que pode variar conforme o tipo de indexador do título.
Quais São os Tipos de Rentabilidade em Renda Fixa?
1. Prefixada: A rentabilidade é definida no momento da compra, e você sabe exatamente quanto receberá no vencimento do título (considerando que você espere até essa data).
- Exemplo: um título prefixado com retorno de 10% ao ano, e vencimento de 1 ano, entregará ao investidor o valor investido, acrescido de 10% de juros (menos impostos) ao fim de 12 meses.
2. Pós-fixada: A rentabilidade é atrelada a um índice que varia ao longo do tempo, como o CDI ou a taxa Selic.
- Exemplo: um título que paga 110% do CDI ao ano, acompanhando as oscilações dessa taxa. Ou seja, caso a Selic permaneça no patamar de 10% ao ano, o título que paga 110% do CDI renderá 11% ao ano. Se no próximo ano, a Selic se altere para 9% ao ano, o título renderá 9,9% nesse novo ano.
3. Híbrida (ou “inflação”): Combina uma rentabilidade prefixada com uma parte atrelada à inflação, como o IPCA, garantindo uma proteção contra a perda do poder de compra.
- Exemplo: Um título que paga 6% ao ano + a variação do IPCA, em um ano com IPCA em 4%, esse título renderá 10% nesse ano.
Além do tipo de rentabilidade, o prazo de vencimento também é um fator crucial na escolha de qualquer investimento de renda fixa. Isso porque, para muitos títulos, a rentabilidade total é paga apenas no vencimento do título. Por esse motivo, é importante alinhar o prazo do título com seus objetivos financeiros. Caso contrário, resgates antecipados podem resultar em perdas, devido à marcação a mercado.
Há exceções, entretanto. Títulos pós fixados e que oferecem liquidez diária permitem o resgate a qualquer momento, com rentabilidade proporcional ao período em que o dinheiro ficou aplicado. Ou seja, sem perdas derivadas de movimentos de mercado.
Por isso, são as opções mais recomendadas para quem busca investir sua reserva de emergência, por exemplo.
Marcação a mercado: Por que a Renda Fixa varia?
A marcação a mercado é o ajuste do preço de um título de renda fixa diariamente com base nas condições do mercado. Quando falamos de Renda Fixa, essas condições são especialmente impactadas por movimentos das taxas de juros – tanto de curto prazo (taxa Selic), quanto de longo prazo (a chamada curva DI).
Esse ajuste está relacionado ao cálculo do valor presente do título.
Como é calculado o preço de um título de Renda Fixa?
O preço de um título de renda fixa é calculado como o valor presente dos fluxos futuros de pagamento (juros e principal) desse título – descontados pela taxa de juros vigente no mercado.
Quando a taxa de juros sobe, o desconto aplicado aos fluxos futuros aumenta, reduzindo o valor presente do título, ou seja, seu preço. Por outro lado, quando a taxa de juros cai, o desconto aplicado diminui, aumentando o valor presente (ou seja, seu preço).
Para facilitar o entendimento, confira o exemplo prático a seguir.
Considere que um investidor comprou um título prefixado que pagará R$ 1.000 no vencimento, daqui a 1 ano, com uma taxa de 10% ao ano. Nesse caso, o preço atual do título (valor presente) seria:
Preço do título = Valor futuro/(1+Taxa)^tempo = 1000/(1+0,10)^1 = 909,09
Agora, caso a taxa de juros suba para 12%, o novo preço do título será recalculado da seguinte forma:
Preço do título = Valor futuro/(1+Taxa)^tempo = 1000/(1+0,12)^1 = 892,86
Essa diferença reflete a marcação a mercado. Da mesma forma, se a taxa de juros caísse para 8%, o preço seria maior:
Preço do título = Valor futuro/(1+Taxa)^tempo = 1000/(1+0,12)^1 = 925,93
Portanto, o ajuste no preço do título ocorre matematicamente devido à mudança na taxa de desconto usada para calcular o valor presente dos pagamentos futuros desse título.
Taxa | 8% | 10% | 12% |
Preço atual | R$ 892,86 | R$ 909,09 | R$ 925,93 |
Preço final | R$ 1.000,00 | R$ 1.000,00 | R$ 1.000,00 |
Como podemos ver no exemplo acima, os títulos prefixados tem um valor fixo (em R$) a ser pago ao atingir sua data de vencimento. Assim, o que muda conforme os movimentos de mercado é o preço a ser pago por esse título no momento da venda/compra, e a taxa de remuneração ofertada pelo título a partir de então até o vencimento.
Vale destacar que, quanto mais longo for o prazo de vencimento do título, maior será a variação de preço provocada pela marcação a mercado, pelo efeito exponencial do tempo nessa equação. Confira na tabela abaixo o efeito da variação da taxa de juros em títulos prefixados à taxa de 15% ao ano com diferentes prazos de vencimento.
– 2 pontos percentuais | – 1 ponto percentual | + 1 ponto percentual | + 2 pontos percentuais | |
1 ano | 1,77% | 0,88% | -0,86% | -1,71% |
3 anos | 5,40% | 2,65% | -2,56% | -5,04% |
5 anos | 9,17% | 4,46% | -4,24% | -8,26% |
10 anos | 19,18% | 9,13% | -8,29% | -15,84% |
30 anos | 69,27% | 29,95% | -22,87% | -40,38% |
De todo modo, o ponto mais importante para o investidor entender é que essas oscilações de preço são irrelevantes se ele mantiver o título até o vencimento. Nesse caso, ele receberá exatamente o valor acordado, independentemente das mudanças nas taxas de juros ao longo do tempo.
A marcação a mercado acontece apenas nos títulos prefixados?
Vale destacar que a marcação a mercado ocorre em qualquer investimento de renda fixa que possua uma parcela prefixada em seu rendimento. Dessa forma, títulos que remuneram uma taxa prefixada somada a um indexador, como o Tesouro IPCA, também são impactados pela marcação a mercado no preço dos títulos. Assim, esses títulos seguem a relação inversa entre seu preço e a taxa do mercado.
A marcação a mercado é um risco?
As flutuações de preço na renda fixa causadas pela marcação a mercado podem assustar investidores, especialmente em momentos de queda da rentabilidade de seus investimentos.
Mas é importante entender que isso não representa um risco real para quem mantém seus títulos até o vencimento. O segredo está em alinhar o prazo do investimento aos seus objetivos e evitar resgates antecipados.
Entender como a marcação a mercado impacta os preços dos títulos de renda fixa é essencial para tomar decisões mais informadas. Ainda assim, essas oscilações não devem ser motivo de preocupação para quem investe com uma visão de longo prazo.
Porém, se as oscilações diárias de preço incomodam, uma alternativa é acompanhar seus investimentos pela marcação na curva.
A marcação na curva, embora não represente o valor real do título naquele momento, apresenta a rentabilidade acumulada do título de acordo com o prazo contratado, ignorando as variações diárias. Essa abordagem é ideal para quem não pretende resgatar o investimento antes do vencimento e deseja focar no resultado final.
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Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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