- Uma das empresas que mais se valorizou nos últimos 5 anos na Bolsa foi Magazine Luiza. Mas os últimos meses não foram muito bons para o acionista dessa varejista.
- Existem 3 principais motivos para a queda da varejista na bolsa. Inflação, competição e desaceleração do crescimento.
- E depois de toda essa queda, as ações da Magalu estão baratas? Vamos te contar tudo nesse texto!
O que está acontecendo com o Magazine Luiza, que caiu tanto nos últimos dias? Desde a divulgação de seu último resultado trimestral (3T2021), a ação da empresa caiu mais de 50%.
Quem é a Magalu?
Magazine Luiza (MGLU3) é uma grande empresa do varejo do brasil. Famosa na bolsa brasileira, teve uma alta de mais de 1.400% desde uma revolução digital a partir do ano de 2016, com a chegada de Frederico Trajano como CEO da empresa.
Voltada para o crescimento, seja pelo investimento em tecnologia, ou por diversas aquisições de outras empresas, possui fama por ser bem administrada e seu valor de mercado refletia essas características, se tornando uma das queridinhas da bolsa brasileira.
Entretanto, as empresas do setor de varejo têm uma forte ligação com a economia. Quando o ambiente macroeconômico não está bom, naturalmente o varejo reflete esse ambiente. O varejo no brasil não tem apresentado bons resultados e pelos últimos 3 meses vimos quedas nas vendas.
3 principais motivos têm pesado na cotação
O primeiro motivo para a queda da MGLU3 é a inflação. Com os efeitos econômicos causados pela pandemia, diversos produtos tiveram aumento de preços. Em um momento de stress econômico, as empresas varejistas tiveram dificuldade em repassar o aumento de custos ao preço final para o consumidor, visto a perda de poder de compra dos brasileiros.
Se não bastasse a inflação, um segundo fator aumentou a pressão das margens: o aumento da concorrência no e-commerce de empresas de outros países que começam a mostrar mais força no mercado brasileiro. Com a entrada de nomes agressivos em marketing, como a Shopee, no nosso mercado, a concorrência traz consequências financeiras.
Essa disputa, apesar de ser boa para você que estava buscando promoções pra Black Friday ou para o Natal, espreme ainda mais a margem de lucro das varejistas. Isso pode ser visto no resultado da MGLU3, que apresentou queda nas margens de lucro desse último trimestre. Inclusive, possuindo a pior margem EBITDA entre as concorrentes diretas no brasil.
Um terceiro motivo para a queda foi a desaceleração do crescimento do GMV online (principal métrica do e-commerce, que se refere ao valor bruto total de vendas da plataforma) para 22% ao ano, abaixo de suas principais concorrentes no mesmo período. Apesar de não ser um crescimento irrelevante, a diminuição no ritmo de crescimento é um balde de água fria para uma empresa com proposta de crescimento.
Ok, mas será que a queda de MGLU3 não foi exagerada?
Afinal de contas, 76% de queda no ano para uma empresa de qualidade é algo que chama a atenção de qualquer pessoa. Então, vamos falar de números.
Historicamente, a Magazine Luiza é uma empresa com múltiplos caros. Isso se justifica pela proposta de crescimento da empresa, que investe muito no presente para que no futuro alcance ainda mais clientes e, consequentemente, gere mais lucro na maturidade da empresa.
Múltiplos?
Os múltiplos, como os mais famosos EV/EBITDA e Preço/Lucro, funcionam como o preço/m² de um imóvel. Se alguém fala para você “esse apartamento custa 1 milhão de reais”, como você sabe se está barato ou caro? Você olha o preço/m². E compara com o que? Com apartamentos comparáveis, que estão na mesma região, têm a mesma idade, ou até mesmo com o próprio valor do m² histórico daquele imóvel.
Essa é a mesma lógica com o Preço/Lucro (que mostra quanto do lucro que a empresa deve gerar no ano em questão está refletido no preço da ação), EV/Ebitda (quanto do resultado operacional que a empresa deve gerar no ano em questão está refletido no valor da empresa) ou EV/GMV (quando se tratam de empresas ligadas ao setor de e-commerce).
Ou seja, quanto menor, melhor: se o múltiplo da empresa está abaixo do múltiplo do setor ou abaixo do seu valor histórico para aquela companhia, a ação está em um valor atrativo.
Uma das métricas importantes para avaliar em empresas do E-commerce é o EV/GMV. Considerando o histórico, MGLU3 está com esse indicador bastante abaixo de sua média histórica. Inclusive, abaixo da queda no início da pandemia do COVID.
Apesar da queda, esse indicador ainda é maior que a de seus concorrentes na média. Embora esse indicador não ser definitivo para dizer se uma ação está cara ou barata, traz uma boa base de comparação entre as empresas e entre o seu próprio histórico de valor.
EV/GMV 2021E | EV/GMV 2022E | |
Magalu (MGLU3) | 0,8 | 0,7 |
Enjoei (ENJU3) | 0,3 | 0,2 |
Mosaico (MOSI3) | 0,1 | 0,1 |
Via (VIIA3) | 0,3 | 0,2 |
Americanas (AMER3) | 0,6 | 0,5 |
Lojas americanas (LAME4) | 0,6 | 0,5 |
A conclusão em relação a esses dados é que a empresa está mais barata que o normal. Se você gosta da empresa e acredita que ela conseguirá contornar esses problemas, esse é um dado animador, mas é necessário cautela.
O que temos visto no varejo é que as empresas têm muito potencial de valorização com a melhora do ambiente macroeconômico do brasil e do mundo. Porém, existem poucos gatilhos no curto prazo que devem deixar os investidores otimistas novamente com esses papéis, como é o caso de Magazine Luiza.
Hoje, MGLU3 não está em nossa carteira de ações Rico11. Mas caso queira saber quais são as empresas do setor de varejo que possuem os melhores indicadores, veja aqui a lista com 5 nomes do setor de varejo para você ter na sua carteira, pensando no médio e longo prazo.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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