- Você sabia que a diferença de informações disponíveis entre duas partes de uma transação pode gerar custos?
- O melhor exemplo disso na vida real é a precificação de empréstimos em instituições financeiras. Quanto menos informação do consumidor, mais caro é o crédito
- O Open Banking tem o objetivo de diminuir essa chamada assimetria de informações, e pode ajudar a reduzir os juros de muitos produtos de crédito e incentivar melhores serviços para consumidores
- É claro que o novo sistema não derrubará os juros vertiginosamente da noite pro dia, ainda mais em um momento de alta da taxa Selic
- Mas é um passo importante para um mercado mais democrático e competitivo.
Você já ouviu falar do termo “assimetria de informações”? Se sua resposta for negativa, não se preocupe! De fato, este não está entre os trending topics do Twitter ou nem mesmo figura entre os termos mais procurados no Google. Se sua resposta for positiva, siga por aqui mesmo assim, porque vou contar, além de um pouco mais sobre esse conceito, o porquê de eu ser particularmente fã de uma série de iniciativas regulatórias recentes que têm como objetivo olhar justamente para essa questão, como o Open Banking.
Sem informações, tudo fica mais caro!
Segundo uma teoria econômica, a Teoria de Contratos, toda transação entre duas partes que envolva o pagamento para a prestação de qualquer serviço sofre do problema de diferenças informacionais. Que diferenças são essas? São diferenças de quanto um sabe sobre o outro. No caso, o quanto aquele que está pagando sabe sobre aquele que está recebendo, e se este que recebe terá de fato a capacidade de executar o serviço para o qual está sendo pago. Em bom português: você compra o serviço, mas sabe-se lá se aquela pessoa vai ter ou não a capacidade de entregar esse serviço, e se será um bom ou péssimo serviço.
A esse problema de diferenças informacionais damos o nome (confesso que, se fosse minha escolha, daria um nome mais simples) de “assimetria de informações”. Uma relação assimétrica, em que um sabe menos do que o outro sobre uma mesma informação.
E qual o problema disso?, você pode estar pensando. O problema é que essa assimetria de informações entre duas partes envolvidas em uma transação pode trazer custos.
Trazendo essa realidade para o mundo financeiro, o melhor exemplo para ilustrar os efeitos disso na vida real é pensando em um empréstimo. Vamos supor que você gastou mais do que podia, e busca um empréstimo em um banco. Você sabe como é seu histórico com dívidas, que sempre paga tudo direitinho, e nunca deixa nem um boletinho passar da data de validade. Justamente por isso você está buscando um empréstimo – pois passou por uma situação emergencial, e agora não quer deixar que isso escale de maneira desproporcional.
Mas, quem empresta o dinheiro (no caso, uma instituição financeira) pode não ter todas essas informações sobre você, especialmente se você for cliente há pouco tempo.
Assim, quando a instituição financeira for precificar o risco de você não pagar o seu empréstimo (ou seja, o risco de você ser um mau pagador), sem essas informações completas em mãos, ela escolherá o caminho mais seguro: cobrar de você esse risco. Como? Elevando os juros do seu empréstimo. Em outras palavras, a incerteza é refletida no custo do empréstimo ao consumidor.
Open bar de juros mais baixos?
Agora imagine se fosse possível que a instituição financeira tivesse as informações sobre você – bom pagador, salário fixo, sem histórico de outras dívidas, poucas transações fora do perfil de renda. Sabendo tudo isso, ela poderia reduzir o custo de emprestar dinheiro a você. Afinal, você não precisa entrar na “estatística de quem vai dar o calote”.
Ou seja, quanto mais aquele que empresta recebe informações sobre a capacidade de pagamento do que quer pegar emprestado, menos arriscado torna-se o empréstimo – e menores serão os juros.
E mais! Imagine agora que, mesmo sabendo tudo isso sobre você, a instituição financeira onde você tem conta ainda não está oferecendo juros que você considera razoáveis. O que você faz? Procura outras alternativas, claro!
Em um cenário onde outras instituições saibam ainda menos sobre você (afinal, você nem cliente é!), elas provavelmente te colocariam na caixinha de “possíveis caloteiros”. Melhor prevenir do que remediar. Mas, e se… elas pudessem também saber tudo sobre você? No caso, aquilo que refletisse o seu histórico como pagador, respeitando até onde você quisesse que essas informações fossem compartilhadas.
Pois é! Como você pode imaginar, se o concorrente tivesse em mãos as informações que a instituição inicial que você tinha conta já sabia, ela poderia te oferecer melhores termos. Aliás, ela provavelmente faria isso, pensando em aumentar sua base de clientes. E isso significaria o que para você, como consumidor? Maiores chances de conseguir melhores termos para o seu empréstimo, além de outros serviços e produtos que poderiam querer te oferecer para garantir a clientela.
Open Banking: o primo chique do sistema financeiro aberto
É exatamente esse o objetivo do Open Banking – ou sistema financeiro aberto, no bom e velho português. Nas palavras do próprio Banco Central, que além de controlar a inflação por meio da taxa de juros, tem como responsabilidade garantir a estabilidade do sistema financeiro do país por meio de regulações:
O Open Banking, é a possibilidade de clientes de produtos e serviços financeiros permitirem o compartilhamento de suas informações entre diferentes instituições autorizadas pelo Banco Central.
É claro que o Open Banking e a consequente disponibilidade de informações sobre clientes não fará com que os juros de todos os produtos de crédito ao redor do país caiam vertiginosamente da noite para o dia.
Há diversos outros fatores que influenciam os spreads bancários (diferença entre os juros pagos por instituições financeiras pagam quando o seu dinheiro é investido em algum produto, e os juros que cobram nos empréstimos ou financiamentos). Eles incluem os impostos pagos por instituições financeiras, o nível de inadimplência média no país (ou seja, quanto os brasileiros ficam sem pagar suas dívidas), e a própria inflação.
Além disso, como já contamos por aqui, estamos em um processo de elevação da nossa taxa básica de juros, a Selic – usada como ferramenta para controlar a inflação, pelo mesmo Banco Central. Como a Selic é a base para todos as outras taxas de juros no sistema financeiro, a sua elevação certamente impactará os juros finais cobrados de consumidores por diferentes instituições no país, desacelerando o crédito na economia (uma vez que é justamente essa uma das formas pelas quais o Banco Central “desaquece” a atividade econômica para trazer a inflação para baixo).
Mas sim, o Open Banking é um importante passo. Inúmeros estudos já demonstraram que a baixa competição no sistema bancário no país é um dos maiores vilões para os altos spreads. Afinal, quanto menor o risco de perder o cliente para concorrência, menor o incentivo para a oferta de melhores produtos e serviços. Faz sentido, certo?
Mas e se eu não quiser?
Naturalmente, só será permitido o compartilhamento dessas informações entre instituições financeiras sobre os correntistas, se esses quiserem, e assim permitirem.
Mas de fato, eu que não ficarei fora dessa. Afinal, eu não sei você, mas adoro quando sou cobiçada como cliente. Já até consigo escutar… “Quem dá mais?” Ou melhor… Quem dá menos (juros)?? #ansiosa!
Obs: Prometo que isso não é #publi. E sim o reconhecimento de um avanço importante na nossa agenda regulatória para tornar o mercado financeiro ainda mais acessível, competitivo e democrático.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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