- Quando o assunto é a “cobra” inflação, escutamos “é mentira” faz tempo no mundo desenvolvido
- Porém, dessa vez a história pode mudar, ainda mais com a globalização e a politica fiscal responsável em cheque em boa parte do mundo
- O problema é que o Fed (Banco Central americano) pode perceber isso tarde demais e precisar virar a mão com força na taxa de juros nos EUA
- Pensando nisso, entenda como investir em junho!
Leia também nossas recomendações detalhadas para perfis conservadores, moderados e agressivos.
Ontem, a nossa querida Paula “Zogbuy”, com a ajuda da maravilhosa Rachel de Sá, abriram alas para o De Olho no Mercado do mês de junho deste ano, com o clássico ‘5 pontos de atenção para investir no mês’.
Falando sobre clássicos juninos, eu comentei com as meninas que estudei em colégio de freira, mais precisamente no Regina Mundi da avenida Anchieta aqui em São Paulo. A festa junina era uma tradição na escola, as salas competiam entre si e a apresentação de dança no dia da festa era a que valia mais pontos.
Uma vez ao ano, escutava aquela frase clássica “olha a cobra! É mentira…”. Confesso que eu não entendia muito bem por que a gente pulava nessa hora e na sequência mudava o sentido da roda, mas olhando para a situação do mercado financeiro hoje, até que faz sentido…
Para nós brasileiros isso soa muito estranho, eu sei, mas lá fora no mundo desenvolvido a inflação deu as caras assim como a cobra na roda de dança junina: até assustou algumas vezes, mas a verdade é que, desde 1980, sua menção poderia ser acompanhada de um “é mentira”. O motivo dessa inflação tão persistentemente baixa é debatido em muita sala de faculdade por aí, mas, em resumo, pode-se falar numa mistura, em graus diferentes, de responsabilidade fiscal, banco central independente, evolução tecnológica constante, globalização e menor poder de barganha da força de trabalho.
O que nos deixa preocupado é: essa cobra que era mentira até hoje pode se tornar verdade. O motivo: parte desses pilares vem ruindo.
Acho importante darmos ênfase aqui aos dois pilares que mais nos preocupam até então: Globalização e Política fiscal responsável.
- Biden, o “Lupin” americano: falamos sobre isso no começo do ano. Donald Trump, presidente passados dos EUA, tinha uma visão conflituosa a respeito das relações internacionais, principalmente com a China. Com a eleição de Joe Biden, muitos acharam que isso passaria quando houvesse uma troca no comando da presidência americana, mas isso não ocorreu.
- Injeta dinheiro aí, depois a gente vê: assim como no Brasil, auxílios emergenciais foram regra no mundo desenvolvido com as economias em estado de quarentena. Entretanto, mesmo com parte do mundo em processo de reabertura, essa política expansionista continua, para tentar aliviar o problema das populações. Para isso, os estados estão se endividando, e assim vamos perdendo mais um dos pilares que mantinham a inflação sob controle.
E como preparar seu bolso?
Não somos os únicos que começam a ver essa cobra. Muitos temem, inclusive, que o Federal Reserve (o Fed – Banco Central dos Estados Unidos) demore a reagir a uma inflação mais alta, imaginando que ainda está no ritmo da quadrilha junina. Se isso ocorrer, em algum momento do futuro eles terão que reagir com mais força para controlar as expectativas futuras de inflação, subindo os juros com maior velocidade.
Já começa a ficar mais claro, por exemplo, que o Fed provavelmente terá que reduzir suas compras de ativos ainda em 2021, algo que seus diretores vinham se mostrando reticentes em fazer.
Compra de ativos? Quantitative Easing (QE, lê-se ‘kiwi’): é o ato do Banco Central realizar a compra de ativos a mercado, para controle de preços, ajudar na liquidez do sistema (facilidade de compra e venda).
Nas carteiras, isso faz com que tenhamos mais cautela especialmente no espaço de renda fixa global, que já é hoje uma posição bem menor do que no passado. Ativos que dependem dessa expectativa de taxas de juros futuras também podem sofrer no Brasil, se o mundo caminhar para um equilíbrio de juros mais altos.
Com a fogueira junina acesa, o que fizemos: aumentamos a parcela de investimentos indexados à inflação nas nossas carteiras, não somente para nos protegermos no médio prazo desse movimento de alta nos preços, como também para nos beneficiarmos de uma melhora no cenário de dívida brasileira (saiba mais sobre esse movimento neste texto).
Além disso, incluímos uma posição de bolsas europeias no nosso mix de renda variável internacional. Já achávamos que a bolsa americana não estava num patamar de preço que seja considerado uma “pechincha”, agora, com esse risco maior de inflação e do Fed perceber que não “e mentira…” tarde demais, ficamos ainda mais preocupados com uma exposição muito elevada aos EUA. Para manter o mix global de ações sem concentração excessiva nos EUA, diversificamos na Europa, que hoje está em patamares mais atraentes e finalmente avançando com sucesso na vacinação.
Ah, as demais classes seguem sem grandes alterações. Inclusive a bolsa brasileira, que, para nós, é uma das mais atrativas do mundo em termos de preço.
Leia também nossas recomendações detalhadas para perfis conservadores, moderados e agressivos.
Elaborado por:
Betina Roxo, CNPI 1493
Paula Zogbi, CNPI 2545
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