“Novo normal” é uma expressão que já deu o que tinha que dar. Primeiro porque tudo o que é repetido exaustivamente acaba ficando sem significado. Em segundo lugar porque vem sendo usada para fazer previsões que simplesmente não temos como cravar – convenhamos, impossível saber como vai ser o padrão de consumo online quando todos se sentirem seguros para sair nas ruas, por exemplo.
Mas neste Insight nós vamos falar sobre um novo normal que provavelmente ainda vai durar muito tempo no Brasil: as taxas de juros baixas.
Calma, não estamos falando que os 2% ao ano da Selic, mantidos ontem pelo Copom, ficarão aqui para sempre – esperamos que fiquem até o fim deste ano, mas no ano que vem a taxa já deve subir aos poucos, até chegar a 3% ao final de 2021. O que queremos deixar claro é que acabaram os tempos de taxas de juros de 2 dígitos, e temos que saber investir nesse cenário para não ficarmos presos no “velho normal”.
Não mude a Reserva de Emergência de lugar
Como falamos no último pós-Copom, a sua reserva de emergência vai continuar rendendo 2% ao ano por ora, porque o dinheiro da sua proteção contra imprevistos precisa de liquidez diária e risco baixo. Você só encontra o que é necessário hoje no Tesouro Selic e em fundos DI taxa zero, como o Trend DI Simples. CDBs de liquidez diária têm um certo risco a mais, porque o FGC pode demorar para pagar de volta os investidores caso o pior aconteça com a instituição.
Mas a renda fixa ainda é viável para construção de patrimônio: basta tomar um pouco mais de risco de crédito, liquidez e/ou mercado. Com um pouco menos de incerteza sobre o cenário durante e pós-coronavírus, já dá para arriscar um pouco mais nesse sentido.
O crédito privado ainda tem excelentes oportunidades para você ganhar dinheiro no mercado e deve voltar a trazer novas emissões com o tempo – ainda que os spreads tenham caído consideravelmente, como podemos ver no gráfico do Idex, da JGP, abaixo:
Para surfar essa onda sendo conservador, fundos como o XP Top Crédito privado fazem parte das nossas recomendações. Ele diversifica em ativos de crédito com foco em baixo e médio risco de crédito. Quem topa tomar mais risco pode escolher o fundo de fundos Selection FIC FI Renda Fixa CP LP, que busca investir nos melhores fundos de Renda Fixa disponíveis no mercado, mas pode carregar títulos de risco arrojado em algumas estratégias.
Quando falamos em indexação, preferimos hoje os ativos indexados ao IPCA, que protegem o investidor da inflação. Não é de agora que vemos uma preocupação forte com o aspecto fiscal do país e o temor da dívida pública aumentar demais. Tudo isso pode ser inflacionário, e a renda fixa prefixada não dá conta de garantir a manutenção do seu poder de compra. Os fundos Trend Inflação Curta e Trend Inflação Geral são bons veículos.
E a renda variável?
E, como nós também já falamos antes, os juros atuais mexem com o mercado de renda variável. Vale lembrar que a Selic baixa estimula o consumo, mas também facilita a tomada de crédito e permite que empresas façam investimentos mais vantajosos e consigam crescer de forma mais saudável financeiramente – tudo isso pode se traduzir em alta das ações.
Fora isso, CDI mais baixo também é apetite maior do investidor para renda variável. Além do potencial de valorização, em 2021, dezenas de empresas devem pagar dividendos mais altos que a própria Selic (AES Tietê, Santander, Engie e Banco de Brasil, por exemplo, devem pagar não só acima dos 2% mas mais de 4x os 2%, com rendimento acima de 8%) – isso sem falar nos fundos imobiliários, que, não à toa, chegaram à marca de 1 milhão de investidores esse ano após fechar 2019 em 645 mil.
O ponto é: com a Selic a 2% ao ano (e mesmo que chegue a 3% no fim de 2021, como esperamos), a Bolsa continua sendo um investimento muito atrativo. Vale também lembrar que ela é composta pelas melhores empresas do mercado, com poder de consolidação e crescimento, se diferenciando fortemente das empresas da “economia real”. Ontem falamos aqui sobre as “queridinhas” dos gestores e analistas do mercado – para saber quem faz parte da liga das estrelas da Bolsa, acesse a nossa Seleção All-Star clicando aqui.
Além disso, só de pensarmos na migração de renda fixa para renda variável pelos próprios investidores brasileiros, há um potencial de R$1 trilhão de fluxo – dos R$7,0 trilhões investidos em Renda Fixa, quase R$1 trilhão estão na poupança, enquanto os fundos Multimercados e Fundos de Pensão brasileiros, seguem com uma alocação em Bolsa abaixo da histórica.