As bolsas americanas têm enfrentado um período de forte correção e volatilidade, refletindo um conjunto de fatores que vêm pressionando o mercado nos últimos dias. Depois de um início de ano muito positivo, o mês de março trouxe uma virada no humor dos investidores. A seguir, explicamos os 3 principais pontos que ajudam a entender o cenário atual:

1. Vendas dos fundos quantitativos e aumento da volatilidade

Uma das principais razões por trás da queda das bolsas americanas é o movimento técnico de venda por parte dos fundos quantitativos. Esses fundos operam com base em algoritmos, seguindo tendências, gráficos e dados de volatilidade, sem necessariamente olhar para os fundamentos.

Com a recente perda de força da tendência de alta, esses fundos começaram a reduzir suas posições, o que gerou fluxos de venda estimados em mais de 100 bilhões de dólares. Esse movimento técnico aumentou a volatilidade, o que por sua vez acionou mais vendas de fundos que operam com base em volatilidade.

Abaixo, temos o gráfico do S&P500 (em dólares), que mostra essa virada ao longo do mês de março:

Fonte: TradingView

2. Excesso de ruídos e incertezas (geopolítica, tarifas e economia)

O mercado está sendo bombardeado por uma série de manchetes, ruídos e incertezas. Entre elas, destacam-se:
• Tensões geopolíticas (incluindo o conflito Rússia-Ucrânia, com dúvidas sobre um possível cessar-fogo).
• Anúncio de novas tarifas entre Estados Unidos, México, Canadá e China, aumentando o risco de guerra comercial.
• Medidas internas de política econômica dos EUA: o novo governo Trump tem sinalizado foco na ‘economia real’, especialmente no apoio à indústria e ao emprego, o que, por um lado, reforça sua agenda doméstica. Por outro lado, ainda pairam dúvidas sobre o quanto as decisões do governo levarão em conta a reação dos mercados financeiros e em que momento poderão ser anunciadas medidas com viés mais ‘pró-mercado’.Essa combinação gera um ambiente de incerteza que leva muitos investidores institucionais a adotarem uma postura mais cautelosa.

3. Dados econômicos americanos mais fracos

Apesar da economia americana ter mostrado força em 2024, os dados mais recentes acenderam um alerta:
• A criação de empregos (payroll) em fevereiro ficou abaixo do esperado: 151 mil vagas criadas versus 160 mil esperadas.
• Taxa de desemprego subiu de 4% para 4,1%.
• O índice de surpresas econômicas voltou para o campo negativo, o que indica que os dados recentes têm ficado abaixo das expectativas do mercado — um possível sinal de que a economia americana começa a dar sinais de desaceleração.
Diante desse cenário, surge a dúvida: estaria a economia americana começando a perder fôlego? Tudo isso em um contexto em que o mercado segue operando com múltiplos elevados — especialmente nas grandes empresas de tecnologia —, o que aumenta o risco de correções.

Há tempos o mercado americano, principalmente os grandes nomes de tecnologia (como Nvidia, Tesla e Netflix), opera com múltiplos de lucro muito altos. Assim, com qualquer sinal de desaceleração econômica ou risco geopolítico, essas empresas se tornam ‘alvos fáceis’ de venda, em um ambiente de maior cautela por parte dos investidores e gatilhos de fundos quantitativos sendo acionados.

Possível oportunidade à frente?

Apesar do cenário de correção, essas quedas também abrem espaço para boas oportunidades, especialmente em:
Setor financeiro americano, que caiu bastante e pode se beneficiar de uma possível flexibilização de regras.
Mercado chinês, que já mostra sinais de recuperação com estímulos do governo e recompras de ações por grandes empresas (como Alibaba e JD.com).

No mercado brasileiro, apesar do cenário internacional mais desafiador, vemos oportunidades interessantes se formando. O mercado brasileiro continua sendo um dos mais descontados entre os emergentes, com o índice negociando a múltiplos muito abaixo da média histórica — o P/L do Ibovespa, por exemplo, gira em torno de 7,3 vezes, o que demonstra um valuation atrativo.

Por outro lado, é importante lembrar que o desempenho da bolsa brasileira segue muito dependente do fluxo de capital estrangeiro, já que o investidor local institucional tem sido vendedor. Por isso, o apetite ao risco global, principalmente o comportamento das bolsas americanas e o ambiente de juros no exterior, pode continuar influenciando a dinâmica por aqui.

Resumo da situação e nossa recomendação

Em suma, o mercado americano vive uma fase de correção técnica, marcada por:
• Vendas automáticas de fundos quantitativos.
• Incertezas econômicas e políticas.
• Dados econômicos mais fracos.
• Avaliação ‘esticada’ de muitas ações.

No curto prazo, o ambiente ainda é de cautela, mas essas fases também abrem portas para reposicionamento e oportunidades de compra em setores ou mercados mais descontados.

Se quiser saber mais detalhes sobre nossas recomendações de onde investir nesse cenário, acesse nosso relatório completo sobre Onde Investir em março.

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Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 6928

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