Não seja pego de calças curtas!
Para quem não segue o mercado tão de perto, pode parecer estranho. Mas, de tempos em tempos, economistas mundo afora se debruçam sobre modelos matemáticos, e constroem projeções para o cenário econômico. Conforme o cenário evolui, eventos acontecem, decisões políticas são tomadas, dados econômicos são divulgados, e essas projeções vão sendo refinadas, revisadas.
Os juros seguirão nessa trajetória? A inflação precisa ser revisada — para cima, para baixo? E o PIB: o país vai crescer como esperávamos há um mês ou dados e acontecimentos mudaram a nossa visão para a atividade econômica? E, claro, a clássica: e o dólar?
Projeções macroeconômicas são importantes para todo investidor pelo motivo principal de ajudar a nos prepararmos para o que vem adiante. Ou seja, não ser pego de “calças curtas”.
Isso não significa que, olhando as projeções, você saberá “o dia exato em que o dólar vai cair para entrar em um fundo internacional ou comprar todo o dinheiro para aquela viagem ao exterior”. Pois isso, infelizmente, será praticamente impossível. E sim, que você entenderá melhor as tendências da economia, que é o principal pano de fundo do cenário financeiro.
Assim, poderá pensar em como adaptar seus investimentos (ou manter tudo como está, se for o caso), pensando no seu perfil de risco e objetivos.
Com isso em mente, detalhamos abaixo nossas principais projeções macroeconômicas para este ano e o próximo.
Onde estamos? O cenário no mundo
Como te contamos em detalhes no Onde Investir, a inflação, os juros em alta e o enfraquecimento da economia global seguem os principais temas por trás dos movimentos de mercado no mundo.
O último mês
Do lado positivo, o mês que se encerrou fortaleceu o cenário de que a alta de preços está perdendo força.
A produção e o escoamento de produtos ao redor do mundo continuam normalizando, reduzindo custos logísticos, como fretes, e revertendo a falta de insumos industriais, como microchips. Ao mesmo tempo, os preços de commodities seguem relativamente estáveis (mesmo que ainda altos para padrões históricos), enquanto os juros subindo começam a fazer efeito – trazendo alívio aos preços, especialmente os relacionados a bens que sofreram muito por desequilíbrios causados pela pandemia.
Porém, mesmo com a melhora, a inflação segue muito alta para padrões históricos, corroendo o poder de compra da população e prejudicando a economia. Assim, Bancos Centrais ainda não sinalizam que devem parar de subir os juros.
Assim, fica cada vez mais claro que o mundo deve crescer menos adiante. Afinal, juros mais altos têm o objetivo de frear a inflação, mas o efeito colateral é um freio na própria economia.
Além disso, a incerteza geopolítica segue presente com a continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia, impulsionando o preço da energia e alimentando tensões políticas especialmente na Europa, que deve enfrentar uma recessão no ano que vem. A atual crise no Reino Unido reflete esse cenário – te contamos tudo aqui!
Enquanto isso, a China ainda enfrenta os impactos de sua política de covid-zero, reforçada pela reeleição de Xi Jinping, além de problemas no mercado imobiliário. Assim, o gigante asiático deve desacelerar o crescimento nesse ano, mesmo com crescentes estímulos fiscais e monetários por parte do governo – que, na contramão do mundo, tem reforçado a queda nos juros permitida pela inflação baixa.
Enquanto isso, no Brasil
Economia cresce, mas perde fôlego
A atividade econômica aqui no Brasil segue positiva, mas começa a enfraquecer.
De um lado, o setor de serviços ainda se beneficia da normalização do consumo das famílias pós pandemia (que voltam a consumir serviços como transporte, viagens e lazer). A redução de impostos sobre combustíveis e outros serviços também ajudaram a “liberar” parte da renda disponível das famílias, assim como os programas de benefícios fiscal – como Auxílio Brasil aumentado, vale gás e auxílio taxista.
Lembrando que 70% da nossa economia é composta por serviços, que vão desde transporte até manicures, restaurantes e grandes eventos – sendo o setor que mais emprega no país.Assim, o setor tem puxado o crescimento do país nos últimos meses.
Já do outro lado, a economia começa a perder força do lado do varejo e da indústria. O comércio enfraqueceu nos últimos meses, especialmente de bens não essenciais, como alimentos e bebidas. Afinal, não podemos esquecer que nossos juros seguem bastante altos (encarecendo o crédito), pesando sobre o endividamento das famílias e – consequentemente – sobre o consumo de itens que exigem maior financiamento, como carros, móveis e eletrodomésticos.
Mesmo assim, não vemos um cenário de recessão para o Brasil. Setores como a indústria extrativa e agropecuária devem seguir bastante positivos no ano que vem, impulsionando um crescimento do PIB de 1,0%.
Inflação perde força
Como contamos aqui em mais detalhes, a inflação segue perdendo força por aqui.
Embora outubro não tenha registrado mais um mês de deflação (queda dos preços) – que foi fruto especialmente da queda de impostos e de movimentos bastante pontuais – podemos afirmar que o pior da inflação ficou para trás (ao menos por ora).
A normalização das cadeias de produção no mundo (como falamos ali em cima), o enfraquecimento do preço de commodities e o próprio efeito do crédito mais caro aqui no Brasil e no mundo têm ajudado a enfraquecer os preços.
Assim, esperamos que a inflação encerre esse ano em 5,8%, e em 5,2% no ano que vem. Mas vale destacar que a alta de preços segue um desafio importante, especialmente no setor de serviços – lembre que contamos que ele anda forte!
Ainda, vale lembrar: inflação caindo não significa que os preços vão cair, e sim que passarão a subir mais devagar.
Mas contas públicas aumentam incerteza
Mas como nem tudo são rosas, a incerteza sobre o futuro das contas públicas passadas as eleições presidenciais reacendeu a chama do conhecido risco fiscal.
Além da discussão sobre uma nova regra fiscal que garanta credibilidade ao novo governo (indicando que a dívida pública não sairá do controle no futuro), o desafio de equilibrar o orçamento já do ano que vem tornou-se o mais urgente.
Isso porque, de maneira simplificada, o novo governo precisa encontrar espaço para promessas eleitorais de maiores gastos (como o Auxílio Brasil em R$ 600 e ajuste de salários de servidores públicos) em um orçamento que já precisava de ajustes e não cabe no atual limite do teto de gastos.
Foi assim que a tal da PEC da Transição ganhou os holofotes, aumentando a incerteza entre investidores.
Te contamos tudo sobre isso nesse vídeo!
Afinal, gastos adicionais não apenas pressionam a inflação por meio do aumento da renda e do consumo hoje, como também precisam ser pagos no futuro – com mais dívida, maiores impostos ou mais emissão de “dinheiro” (no caso, inflação). O aumento da percepção de risco também piora as expectativas sobre a inflação no futuro, e pode enfraquecer nossa moeda, batendo novamente na inflação.
Em meio a tudo isso, fica “fácil” perceber por que a incerteza fiscal segue o principal desafio desafio do cenário atual.
Juros não sobem, mas também não descem
Para combater a alta de preços, o Banco Central deve seguir sua política de juros elevados. Como contamos aqui em mais detalhes,o Copom (nosso comitê de política monetária) manteve a taxa Selic inalterada em 13,75% ao ano, em sua reunião de outubro.
Diante da inflação ainda pressionada e muita incerteza em torno da trajetória das contas públicas, entendemos que o Copom deve manter a Selic nesse patamar até meados do ano que vem – quando deve começar um processo de gradual redução da taxa.
Como investir nesse cenário?
Agora que você já está atualizado da nossa visão para a economia nos próximos meses, confira no gráfico abaixo nossas recomendações de investimento atualizadas, de acordo com o seu perfil de investidor, e algumas sugestões de ativos recomendados nesse cenário.
Vale lembrar que as recomendações sinalizadas na tabela abaixo não são as únicas possíveis, mas sim alternativas viáveis selecionadas pelos nossos especialistas para você.
Confira tudo isso em detalhes no nosso relatório “Onde Investir” – acesse aqui o desse mês!
| Classe | Opção de investimento | Aplicação mínima |
| Renda fixa pós-fixada | Trend Pós-Fixado FIC FIRF | R$100,00 |
| Inflação | Tesouro IPCA 2026 | R$31,27 |
| Renda Fixa Prefixada | Tesouro Prefixado 2025 | R$31,56 |
| Renda Fixa Global | Trend Crédito Global FIM | R$100,00 |
| Multimercado | Selection Multimercado FIC FIM | R$100,00 |
| Renda variável Brasil | Cesta de ações “No Stress” Rico | N/A |
| Renda variável Internacional | Trend Bolsa Americana Dólar FIA | R$100,00 |
| Renda variável internacional com hedge | Trend Bolsa Americana FIA | R$100,00 |
| Alternativos | Trend Commodities FIM | R$100,00 |
Vale lembrar que as recomendações sinalizadas na tabela não são as únicas possíveis, mas sim alternativas viáveis selecionadas pelos nossos especialistas para você.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 6928
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14) Ação é uma fração do capital de uma empresa que é negociada no mercado. É um título de renda variável, ou seja, um investimento no qual a rentabilidade não é preestabelecida, varia conforme as cotações de mercado. O investimento em ações é um investimento de alto risco e os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros e nenhuma declaração ou garantia, de forma expressa ou implícita, é feita neste material em relação a desempenhos. As condições de mercado, o cenário macroeconômico, os eventos específicos da empresa e do setor podem afetar o desempenho do investimento, podendo resultar até mesmo em significativas perdas patrimoniais. A duração recomendada para o investimento é de médio-longo prazo. Não há quaisquer garantias sobre o patrimônio do cliente neste tipo de produto.
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