- O filme “Não olhe para cima” da Netflix me lembrou uma passagem do mercado financeiro: a crise de 2020;
- O mundo não esperava que a Covid-19 se tornaria uma pandemia e os mercados colapsaram quando a OMS declarou o pior;
- Alguns (poucos) fundos de investimento ganharam dinheiro no “boom” da crise. Eles tinham algo em comum: investiam o dinheiro em proteções;
- Será que para nós “meros mortais” é válido fazer o mesmo? A resposta está nas próximas linhas:
Provavelmente você ouviu falar no lançamento recente da Netflix “Não olhe para cima”. Só se fala nisso nas redes sociais. Eu assisti recentemente, e confesso foi só porque o Leonardo DiCaprio é o meu ator predileto.
O filme conta a história de dois astrônomos que descobrem um cometa enorme que vai colidir com a terra, mas as pessoas não dão muita bola para a descoberta. Caros(as) 13 leitores(as), isso lembra alguma passagem histórica para vocês?
No fim de 2019, um vírus chamado “Sars-Cov-2” teve seus primeiros casos de infecção confirmados na Ásia, mais precisamente na China. Nesse início, o mundo (e o mercado) pensaram que seria algo isolado, que não sairia das fronteiras chinesas.
Pois bem, alguns poucos meses depois, no dia 11 de março de 2020, a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou pandemia de Covid-19. Não vamos cometer a gafe de sermos “traders de retrovisor” aqui: era muito difícil imaginar que isso aconteceria na época, afinal não conhecíamos a doença e estávamos tão tranquilos que pulávamos Carnaval quando o vírus começou a ganhar tração no mundo.
Como o mercado errou, rapidamente essa negligência foi refletida nos preços dos ativos financeiros. Os mercados tiveram suas quedas mais rápidas da história: era uma busca por dinheiro na mão incessante, e praticamente tudo caiu.
O guarda-chuva funcionou
Justamente nesse período alguns fundos (poucos) se destacaram por rentabilidades positivas em meio a tantos números vermelhos na tela. O que eles tinham em comum? Proteções na carteira.
Aqueles com retornos mais extravagantes tinham um “caminhão” de derivativos, principalmente opções de venda (puts) ou operações vendidas (que ganham com a queda de ativos). Outros já vinham mais pessimistas com o cenário, investiam em ativos como Ouro e Dólar, e tinham diminuído substancialmente investimentos de risco, como a bolsa de valores.
Ou seja, todos compraram guarda-chuvas em dia de sol. Se você anda ou já andou de transporte público, sabe muito bem o que essa metáfora quer dizer. Em dia de sol, um guarda-chuva custa R$ 15; começou a chover pula magicamente para R$ 50.
No mercado financeiro, a lógica é a mesma. Seguros são baratos em momentos prósperos e de otimismo, mas se tornam caros se o tempo fecha e o cenário inverte. Quem comprou proteções na época certa acabou ganhando dinheiro no “boom” da crise em 2020.
O guarda-chuva custa dinheiro tá?
A grande dificuldade da gestão de proteções nos investimentos é o custo. Quando você contrata um seguro de carro por exemplo, seu objetivo é acionar ele? Obviamente que não.
É um dinheiro que você quer jogar fora, um custo, e as proteções de carteira seguem a mesma lógica. Você vai comprar um ativo esperando que ele te entregue prejuízo.
Como assim? Se a sua proteção de carteira entrega prejuízos, isso é um bom sinal: provavelmente o resto dos seus investimentos, que esperam um cenário mais construtivo, estão entregando bons retornos.
Esses gestores que investiram em opções, Ouro, Dólar, não tinham a intenção de necessariamente ganhar dinheiro com eles em 2020. A conclusão que tiramos aqui é: sempre que você adicionar uma proteção na sua carteira, torça para que ela não te entregue bons retornos: isso será provavelmente um bom sinal.
O difícil mesmo é ser sommelier de guarda-chuva.
Você conhece algum especialista em guarda-chuva? Deve existir mundão a fora, mas eu confesso que nunca encontrei nenhum. Diferenças de tamanho, material, tudo isso deve importar para o volume de chuva e a ocasião (pelo menos eu imagino que sim).
Para proteções de carteira, é fundamental saber o que você está comprando, quanto, e a que preço. Confiem em mim, isso é tão difícil ou até mais do que parece ser.
Ainda mais quando entramos no mundo dos derivativos: são instrumentos complexos, que demandam muita experiência e dedicação do investidor. Isso os torna perigosos — um erro aqui pode custar muito mais do que não ter proteção alguma. Então, como se proteger de forma mais simples?
Não compre guarda-chuva, fique no coberto
Eu sempre esquecia meu guarda-chuva, e quando saia da Rico e ia para a faculdade geralmente eu pegava uma chuvinha aqui na “terra da garoa”. O problema é que eu não tinha coragem (e não me arrependo) de pagar R$ 50 reais num guarda-chuva de R$ 15.
O que eu fazia então para me molhar menos? Pensava numa rota mirabolante que tivesse boa parte do caminho coberto.
Numa carteira de investimentos isso se traduz em dois comportamentos: controle de tamanho e investimento em ativos dolarizados.
1– Size matters: controlar o tamanho dos seus investimentos, quanto de dinheiro você vai colocar em cada potinho, é fundamental para ter uma carteira equilibrada e aderente ao seu perfil. No episódio 37 do Stock Pickers (que eu participei como apresentador), o gestor do XP Macro, Bruno Marques, disse justamente isso: muitas vezes a melhor proteção é o tamanho das suas posições.
2- Ter todo patrimônio em reais é loucura. Em momentos de tensão, quando o mercado foge dos ativos de risco para a colinas dos ativos seguros, o dólar tende a se fortalecer. Moeda forte, da principal economia do mundo, verdadeiro amortecedor de quedas: ter parcela do seu patrimônio em dólares significa passar de forma mais sustentável por momentos de incerteza.
Não compre dólares, invista no dólar.
Já utilizamos essa frase aqui no Rico Matinal: não estamos falando para você investir em fundos cambiais, comprar futuros de dólar na bolsa, ou mesmo enfiar a moeda física debaixo do seu colchão. A sugestão aqui é o investimento em ativos dolarizados, preferencialmente renda variável internacional, como fundos no exterior, alguns ETFs, BDRs, assim por diante. A nossa carteira RICO3 inclui BDRs entre as recomendações, e também temos uma seleção de ativos globais dentro do nosso combo Estrelas se você quiser ainda mais alternativas.
Eles tornam o dólar mais eficiente dentro da sua carteira, como um “amortecedor de quedas”. Obviamente que, assim como o “Lucas estagiário”, é impossível chegar na faculdade seco, mas se até quem lembrou ou comprou o guarda-chuva chegou um pouco molhado, pelo menos eu economizei os R$ 50.
Ah, e claro, a diversificação de carteira também é um forma de se cobrir em dia de chuva. Aquele velho ditado de não colocar todos os ovos na mesma cesta, sabe? Pois é, esse aí é igual a vinho, quanto mais velho fica, melhor ele é. Diversificar a carteira é fundamental para reduzir seus riscos e potencializar ganhos no longo prazo.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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