Sou uma pessoa que tem dificuldade em dizer não. Se alguém me pede um favor ou um conselho, por mais que eu esteja atolada de afazeres ou não queira me envolver no assunto em questão, grandes chances de eu acabar topando ajudar. Foi assim que eu acabei assumindo mais de uma função no jornal-laboratório da faculdade em boa parte das edições publicadas no semestre (que saudade do Jornal do Campus).
Mas a vida me ensinou que alguns “nãos” são mais importantes que outros, e deixar de os dizer pode ser muito prejudicial. E como queremos que nossos(as) caros(as) leitores(as) comecem o ano com as negativas em dia, eis alguns conselhos do que você NÃO deve fazer com o seu dinheiro em 2021:
Investir na poupança
Com a Selic em 2% ao ano e previsão de fechar 2021 em 3%, a caderneta de poupança rende apenas 1,4% a.a. hoje e, na melhor das hipóteses, renderá 2,1% a.a. no final do ano. Isso é menos do que o rendimento líquido (ou seja, descontando IR) de qualquer título de liquidez diária com remuneração em 100% da Selic ou do CDI, como o Tesouro Selic, o fundo Trend DI Simples ou os CDBs de liquidez diária.
Você que lê assiduamente este Rico Matinal pode achar isso uma informação básica, mas muita gente precisa escutar esse conselho.
No ano passado, a poupança teve captação líquida de R$ 166,3 bilhões (ou seja, os brasileiros investiram R$ 166 bi a mais do que sacaram da caderneta). Para ter uma ideia, o número em 2019 foi de R$ 13,33 bilhões.
Sim, o número provavelmente foi impactado pelo auxílio emergencial, automaticamente depositado nas contas-poupança da Caixa em alguns casos. Mesmo assim, uma alta de 377% de um ano para o outro indica que muita gente pode ter “desaprendido” a investir.
Se você tem amor à sua liberdade financeira, hora de dar adeus à poupança de uma vez por todas. Conheça as melhores alternativas para a sua reserva de emergência neste vídeo.
Duvidar do mercado
No longo prazo, o rumo da Bolsa é para cima. O próprio item anterior dessa mesma lista é um argumento para estarmos otimistas com o investimento em ações (sempre, claro, de acordo com o seu perfil de risco e pensando em resgate em longo prazo, a partir de 3 ou 5 anos).
Como assim? Elementar, leitor(a). Com mais de R$ 1 trilhão na poupança e mais de R$ 8 trilhões em títulos de renda fixa no geral no país, segundo a Anbima, tem bastante dinheiro que pode acabar escoando para a renda variável em um cenário em que os juros vão continuar baixos.
Não estamos falando que as pessoas vão deixar de investir na renda fixa, muito pelo contrário (vide o próximo item dessa lista). O ponto é que uma parte desse dinheiro pode fazer parte das carteiras dos filhos do CDI de 2 dígitos. Quando essas pessoas perceberem que a Selic baixa veio para ficar e, principalmente, quando a situação da economia estiver mais estável (ou seja, o medo da crise da covid diminuir), muita gente, e muitos fundos, podem migrar um patrimônio relevante para a renda variável. E mais volume comprador aumenta preços.
Concentrar sua carteira
O gráfico abaixo mostra os retornos de 11 classes de ativos entre 2011 e 2020, na ordem da maior para a menor rentabilidade.
A conclusão quase óbvia que se pode tirar dessa imagem é a seguinte: não existe uma classe de ativos que tenha bom desempenho todos os anos, sem exceção.
Por que estou falando tudo isso? A verdade é uma só: ninguém ganha dinheiro o tempo todo se concentrar investimentos. Sempre defendemos, e vamos continuar defendendo, que é preciso lidar com seu patrimônio da mesma forma que você lida com a sua alimentação: de forma balanceada, colorida e diversificada (saiba mais aqui).
Esperar as mínimas para investir
Tem uma pesquisa da Charles Schwab de 2013 que continua muito atual. Nela, existem 5 tipos de investidores:
O primeiro é o Peter Perfect, que sempre conseguiu comprar ações exatamente nos momentos em que os preços estavam mais baixos.
Em seguida vem a Ashley Action, que investe a mesma quantia assim que recebe todos os anos.
O terceiro tipo é o Mattew Monthly, que recebia o dinheiro anualmente, mas esperava para investir um pouco a cada mês.
Rosie Rotten é o oposto do Peter Perfect: deu tanto azar que investiu todas as vezes no pico do mercado.
Por fim, Larry Linger é um investidor que manteve seu dinheiro em renda fixa.
O resultado desse estudo, que simulou 20 anos desses 5 comportamentos, na mesma ordem que eu listei, é o seguinte:
Nós somos seres humanos e o mercado reage a emoções humanas. É absolutamente impossível conseguir investir sempre no melhor momento de cada ano — e, mesmo que fosse possível, sinceramente, não valeria o estresse.
Resumidamente, mesmo a pessoa que realmente conseguisse colocar o dinheiro na bolsa de valores exatamente no melhor momento possível (repito, isso é impossível) não ganharia muito mais dinheiro do que aquela que investe todo o dinheiro assim que ele cai na conta. Logo em seguida, aquele que investiu mensalmente par fazer um “preço médio” acumulou basicamente a mesma quantia.
Encurtando a história: não espere o momento perfeito. Invista logo!
Ignorar as tendências ESG
Não adianta fingir mais: as questões sociais, ambientais e de governança corporativas (ESG) já estão no radar dos maiores investidores do mundo e chegam com força agora no Brasil. O maior erro que você pode cometer agora a esse respeito é ignorar e ficar para trás.
E como nós queremos o seu melhor, vamos ajudar nessa. Já estamos em contato com especialistas no tema que, ao longo deste ano, vão trazer conteúdos aprofundados para você surfar como profissional essa onda verde (nada a ver com o Palmeiras, apesar da final da Libertadores).
Elaborado por:
Betina Roxo, CNPI 1493
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