Depois de meses de rumores sobre potenciais mudanças na política de preços da Petrobras, a empresa anunciou no dia 16 de maio uma nova “estratégia comercial” para definir os preços do diesel e da gasolina no país.
Apesar de a nova política em si não ter impactos imediatos nos preços dos combustíveis, a empresa também anunciou uma redução nos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha nas distribuidoras a partir do dia 17 de maio. Mas essa redução não será totalmente repassada para o consumidor.
Abaixo, te contamos tudo o que sabemos sobre as mudanças anunciadas, o impacto no seu bolso e nos seus investimentos.
Como é definido o preço de combustíveis no Brasil?
No Brasil, o valor final dos combustíveis pago pelo consumidor final (na bomba do posto de gasolina ou no botijão de gás) é composto por 4 fatores:
1) Preços do produtor ou importador de combustível; 2) impostos (federais, municipais e estaduais); 3) custo do etanol (no caso da gasolina) ou biodiesel (no caso do diesel); e 4) margens da distribuição e revenda.
Cabe à Petrobras a definição do primeiro elemento, referente ao preço do combustível nas refinarias. Ou seja, a Petrobras define, antes de impostos e outros custos, o preço do combustível produzido ou importado no país.

Desde 2016, essa definição vinha do preço do petróleo negociado nos mercados internacionais, além da própria variação da nossa moeda – já que importamos boa parte do petróleo refinado consumido no país (o produto final, que vemos na bomba de combustível). Essa era a chamada PPI – política de paridade de preços de importação.
Então, o que mudou?
A principal mudança implementada pela nova política é que esses preços passarão a ser definidos de acordo com uma série de fatores. E esses fatores, por sua vez, irão variar conforme a refinaria que produz o combustível.
Segundo a Petrobras, a nova política irá se “basear em preços competitivos por polo de vendas, em equilíbrio com os mercados nacional e internacional, levando em consideração a melhor alternativa acessível aos clientes”.
Ainda de acordo com a estatal, os fatores levados em consideração na determinação dos preços incluirão o: i) custo alternativo do cliente – ou seja, há alternativas para consumidores no mercado, de gasolina ou substitutos?; e ii) o valor marginal para a Petrobras – que nada mais é do que uma consideração do custo de oportunidade da Petrobras na dinâmica entre explorar/produzir combustíveis, exportar petróleo bruto e importar petróleo refinado.
Os preços, assim, devem estar dentro de uma faixa, na qual o nível superior ficará próximo ao custo alternativo do cliente (“CAC”) e o inferior próximo ao “valor marginal para a Petrobras”.
Em resumo, a nova política tem como objetivo reduzir a volatilidade dos preços de combustíveis aos consumidores. Ela tentará atingir isso por meio de um equilíbrio entre alternativas para clientes no mercado, limitadas àquelas que sejam financeiramente viáveis para o negócio da Petrobras.
Mas isso não significa que os preços não serão mais reajustados de acordo com o sobe e desce do petróleo nos mercados internacionais. E sim, que esses passarão a ser feitos sem uma periodicidade predefinida, e com base nos fatores acima.
Diante desse cenário, entendemos que a mudança na política trará poucos impactos práticos para o preço dos combustíveis no país. Isso porque a nova regra não altera o Estatuto da Social da Petrobras, nem a Lei das Estatais, além de basear a estratégia comercial no “valor marginal para a Petrobras” – que segue de acordo com a priorização de saúde financeira da empresa.
Ou seja, a saúde financeira da empresa seguirá sendo prioridade enquanto o Estatuto Social da empresa seguir inalterado, afastando (pelo menos por enquanto) cenários em que a empresa incorra prejuízos crescentes por manter os preços domésticos artificialmente baixos – importando combustível por preços mais altos do que o definido no país – por longos períodos.
Assim, achamos que o preço da refinaria da Petrobras pode cair alguns centavos em alguns pontos de entrega, mas não mudará de maneira material.
O preço da gasolina vai cair?
Apesar de não vermos grandes mudanças no preço dos combustíveis no país por conta da mudança na política praticada pela Petrobras, o preço da gasolina deve cair no curto prazo. Mas por conta do outro anúncio: a redução de preços da gasolina, diesel e gás da cozinha, que falamos no início.
Essa redução é explicada pela recente queda dos preços do petróleo no mercado internacional – que se encontra hoje em aproximadamente US$ 75 o barril (de US$ 86 no início de abril, e próximo de US$ 100 em novembro do ano passado).
No caso da gasolina, a redução anunciada foi de 12,6% (queda de R$0,40 nas distribuidoras), no diesel, de 12,8% (redução de R$0,44 nas distribuidoras) e no GLP, de 8,1% (queda de R$8,87). Mas esses percentuais não são totalmente repassados ao consumidor, sendo parte da queda perdida na cadeia.
Quanto, então, será repassado ao consumidor final (você)?
Impacto no seu Bolso
Gasolina: Com o anúncio de hoje, calculamos queda de R$5,49 na bomba para R$5,15 (R$0,34). Mas o alívio deve durar pouco, visto que teremos alta do ICMS em 1º de junho e do PIS/Cofins em 1º de julho. Estimamos que as altas fiquem na casa dos R$0,20 no mês que vem e mais R$0,20 em julho, encerrando o período em R$5,55 se o governo não anunciar novas reduções.
Diesel: Queda de R$5,57 para R$5,18 (R$0,39). No caso do diesel, não haverá aumento de impostos nos próximos meses. Esperamos que os preços mantenham o viés de queda.
Gás de botijão: Assumimos a premissa dita pelo próprio presidente da empresa, redução de R$8,90 por botijão para R$99,97.
Como a mudança afeta as ações da PETR4?
Falando das ações da Petrobras, o efeito da mudança na política de preços deve ser marginalmente positivo. Como falamos, pouco deve mudar e o preço da refinaria da Petrobras não deve variar substancialmente — ainda assim, a divulgação da nova política remove (pelo menos temporariamente) uma das principais fontes de risco para a tese de investimento nas ações da estatal.
O principal ponto de atenção para a empresa daqui pra frente continua sendo a definição da nova política de dividendos. No fim da semana passada, a Petrobras comunicou que seu Conselho de Administração (CA) determinou que a Diretoria Executiva prepare uma proposta para ajustar o planejamento estratégico atual e melhorar a Política de Remuneração aos acionistas da empresa, incluindo a possibilidade de recompra de ações, e a submetesse para discussão antes do final de julho de 2023.
Como as ações da Petrobras vêm tendo bons retornos totais devido ao pagamento de dividendos, investidores devem acompanhar de perto os próximos passos dessa decisão.
As ações da Petrobras (PETR3, PETR4) tem recomendação de Compra do nosso time, com preço-alvo para o final de 2023 de R$ 35,50.
Mas vale lembrar que investidores devem seguir atentos aos riscos políticos desse investimento. Se os preços dos combustíveis dispararem no mercado internacional, acreditamos que a pressão política sobre a administração da Petrobras para usar a flexibilidade dessa nova política para subsidiar os combustíveis aumentará significativamente. E a gestão será tentada a explorar quais são os limites dessa nova política frente às já mencionadas restrições que a Petrobras enfrenta (em seu Estatuto Social e diante da Lei das Estatais).
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 6928
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