(Por Thales Carmo, analista de Materiais Básicos da XP Investimentos)
- O setor de mineração tem peso bastante relevante na nossa bolsa, e os movimentos da commodity geram discussões neste início de 2022.
- Chamamos um analista especialista no setor para explicar um pouco sobre o setor e para te contar o que está acontecendo nesse momento.
- Veja quais as recomendações desse analista para investir no setor.
Nas últimas semanas, o setor de mineração voltou com força à pauta principal no Brasil, com diversos eventos acontecendo simultaneamente.
Nesse pequeno comentário, tentamos trazer um resumo dos últimos acontecimentos para você não ficar de fora! Mas primeiro, vamos começar pelo básico…
Para que serve o minério de ferro?
O minério de ferro é o principal componente na criação do aço (cerca de 98% do minério de ferro no mundo é utilizado na indústria siderúrgica).
Estamos falando de um mercado altamente concentrado, com poucas empresas no Brasil e na Austrália sendo responsáveis por mais de 72% da oferta transoceânica de minério no mundo.
Como toda commodity existente, os seus preços são função de oferta, demanda, sentimento de mercado, liquidez, entre outras coisas. Por conta disso, seus preços tendem a ser bastante voláteis.
Quando falamos em demanda por minério de ferro, não podemos nos esquecer da China. Mesmo tendo a terceira maior produção da commodity, seguida da Austrália e Brasil, os chineses são – de longe – os maiores importadores do minério, responsáveis pela importação de mais da metade do minério produzido!
Além disso, a China ainda produz mais aço do que todos os outros países somados. Em 2021, a China produziu 1,03 bilhão de toneladas de aço bruto, 8,7x mais que o segundo maior produtor, a Índia. No entanto, hoje vamos focar no lado da oferta, principalmente no Brasil.
Conforme comentamos, poucas mineradoras no Brasil e na Austrália concentram a oferta da commodity no mundo. Essa concentração se dá, entre outros motivos, pela estrutura de custos dessas empresas. Os custos operacionais dos principais produtores estão entre os mais baixos de toda a indústria.
No Brasil, a produção de minério de ferro é bastante concentrada em dois estados (Minas Gerais e Pará), que representam 99% da produção total do minério no Brasil.
Não coincidentemente, as principais mineradoras brasileiras atuam nesses estados, como a Vale (72% da produção total), a CSN Mineração (10%), a Anglo American (7%), a Usiminas (2%) e a Vallourec (1%). A última teve um espaço especial na mídia nos últimos dias…
Recentemente, as fortes chuvas em Minas Gerais tomaram conta dos noticiários. Com os diversos alagamentos e tragédias, veio também a preocupação com a segurança das barragens.
No dia 8 de janeiro, o dique de água da Vallourec transbordou, paralisando uma rodovia e, como resultado, sofreu uma multa de R$ 288 milhões por danos ambientais.
Consequentemente, o transbordamento fez com que as demais mineradoras suspendessem as atividades para garantir o funcionamento das suas barragens. Essa paralisação não durou muito e as mineradoras já retomaram as operações, uma semana após o anúncio.
O risco acabou, então?
Muito pelo contrário. Inclusive, sempre buscamos ressaltar que o risco de um novo rompimento de barragem deve ser um dos principais pontos de atenção aos investidores, principalmente quando tratamos de Vale.
Segundo uma nota do Ministério Público, existem 31 barragens em situação de emergência em MG e determinaram que adotassem medidas em 18 delas para reforçar a segurança. Todas as 18 estruturas são da Vale.
Mesmo assim, ainda acreditamos no seu potencial de valorização das mineradoras, como a Vale, Bradespar e a CSN Mineração.
Recomendações
Nossa recomendação para Vale (VALE3) é de Compra e preço-alvo de R$97/ação para os próximos 12 meses.
Já para Bradespar (BRAP4), nossa recomendação é de Compra e preço-alvo de R$32,8/ação.
Por fim, também temos recomendação de Compra para a CSN Mineração (CMIN3), com preço-alvo de R$7,8/ação.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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