Insight Rico: Sim, a liquidez vem (uma conversa sobre BDRs)

“Não invisto em BDR porque não tem liquidez é um argumento que escutamos muito desde o primeiro anúncio da liberação desse instrumento para o investidor de varejo (os não qualificados, com menos de R$1 milhão em produtos financeiros), em agosto. Mas ele é falho, já que tudo indica que o aumento da negociabilidade vai ser exponencial daqui para frente.

Sim, em agosto, o volume total de BDRs negociados na B3 no era inferior ao de uma única ação brasileira em vários casos (média de R$ 59,8 milhões). Mas o esforço institucional para bombar os investimentos em empresas estrangeiras não vai ser pouco.

Desde que divulgou a mudança na regra de negociação, a B3 já começou a implementar mecanismos para melhorar a negociabilidade da classe. O lote padrão de negociação dos BDRS Não Patrocinados Nível I passou de 10 para 1 unidade, o dos Níveis II e III passaram de 100 também para 1.

O pessoal da bolsa também tem enfatizado bastante a atuação dos formadores de mercado, ou Market Makers, que têm como compromisso manter ofertas de compra e venda de forma regular e contínua durante a sessão de negociação. Basicamente, é uma forma de garantir que a operação seja completada mesmo que não haja muita demanda.

No dia 22 de setembro, primeiro pregão de negociação totalmente liberada de BDRs, a quantidade de negócios efetuados com esse instrumento na B3 passou de 31,5 mil, quase 30 vezes a média diária de 2020 até então, que era de 1.060. E não foi passageiro: dia seguinte, sexta-feira, ficou em 27,5 mil. 

O volume negociado (em dinheiro mesmo) continuou estável, verdade. Mas alguns nomes maiores tiveram variações bastante expressivas, como Alibaba (BABA34), cujo volume financeiro saltou 8.750% em relação à média dos 20 dias anteriores, e Netflix (NFLX34), que viu salto de 5.078% na mesma métrica.

Só mais um fato: naquele mesmo dia (vale lembrar, só o primeiro de negócios para o público geral), mais de 20 BDRs sofreram desdobramentos, ou seja, transformaram uma unidade em duas, três, quatro… O mais significativo deles foi o da Netflix: um BDR se desdobrou em 49, levando o preço unitário para cerca de R$ 55. Isso, claro, facilita para o pequeno investidor: muito mais fácil ter dinheiro para negociar um BDR de R$ 50 reais do que um de mais de R$ 2 mil, afinal.

Mas pera aí, pode isso? Sim! Como explicamos nesse outro Rico Matinal, BDRs não são ações em si, mas sim certificados com lastro em ações. Justamente por isso, eles não precisam (e muitas vezes não são) negociados na proporção de 1:1 (um BDR valendo uma ação). Só para ter uma ideia, cada ação da Alphabet valem 150 BDRs GOOGL34, ou seja, a proporção é 1:150. Para saber o ratio dos BDRs em que você se interesse, acesse essa tabela da B3

E o mercado não é bobo e nem deixa dinheiro na mesa. Só na última segunda-feira (19), 72 empresas estrangeiras estrearam na B3 através desse tipo de produto, incluindo Unilever, AstraZeneca, Royal Dutch Shell e América Móvil, o que demonstra grande confiança na capacidade do país de negociar esses papéis. A BlackRock mostrou estar atrás do seu pedaço desse mercado ao informar que pretende ofertar 100 novos ETFs (fundos listados) no Brasil por meio dos BDRs até o primeiro trimestre de 2021.

Acreditamos ser de suma importância prestar cada vez mais atenção a esse mercado, dado que a diversificação (inclusive geográfica) é, comprovadamente, uma das maneiras mais eficientes de conseguir bons resultados consistentemente no longo prazo em investimentos. Vale lembrar que investir no Brasil é ter exposição a apenas 0,8% do mercado global (participação da nossa bolsa no valor de mercado total das ações listadas), contra 33% do S&P 500, por exemplo.

Para além da diversificação internacional, esse instrumento também permite relevante exposição a setores pouquíssimo representativos na bolsa brasileira, como tecnologia, comunicação e saúde, alguns dos mais relevantes em termos de rentabilidade até agora em 2020.

Amanhã, este mesmo Rico Matinal vai trazer uma “luz” para ajudar quem tem interesse nesse mercado a escolher bons BDRs para investir. Se eu fosse você, não perderia.

Resumo do dia: Apreensão com a segunda onda permanece

(por Júlia Aquino)

A segunda onda do coronavírus continua preocupando os mercados, que amanheceram mistos nessa terça-feira após movimentos de venda ontem. Os futuros do S&P sobem 0,5%; na Europa, o Stoxx50 cai 0,2%

Wall Street teve seu pior pregão desde o início de setembro ontem, dia que marcou novo recorde de casos de covid-19 em 4 países, incluindo os EUA. A falta de progresso no acordo para um novo estímulo fiscal também colaborou para esse movimento, com a Casa Branca dizendo que as conversas com a Casa de Representantes continuam, mas desaceleraram.

A uma semana das eleições americanas, o índice VIX, que mede a volatilidade dos mercados, atingiu ontem 32,5, o valor mais alto desde o inicio de setembro.

Fonte: CBOE

Na Europa, investidores estão de olho no que vai acontecer nos próximos dias, com as autoridades da França estudando aumentar as restrições já impostas no país, que parecem não ter contido a dispersão do vírus. Outros países europeus também implementam mais restrições. Vale lembrar, porém, que os números de mortes e internações não crescem na mesma velocidade que o de casos nessa segunda onda. 

Com apreensão nos mercados globais, Ibovespa fechou em queda de 0,24% ontem. O desempenho foi melhor que no exterior. Em Brasília, o Senado prepara a retomada da pauta econômica antes das eleições municipais.

Agenda da Semana
Terça-feira, 27
04h45: França – PPI a.m. set. (ant: 0,1%)
08h00: Brasil – custos de construção FGV a.m. outubro (ant: 1,2%)
09h30: EUA – Pedidos de bens duráveis set. (ecp: 0,%; ant: 0,5%)
11h00: EUA – Conference Board Confiança do consumidor out. (exp: 102; ant: 101,8)Brasil – Total da dívida federal set.  

Quarta-feira, 28
04h00: Alemanha – Índice de preços de exportação a.m. set (exp: -0,3%; ant: 0,1%)
04h45: França – Confiança do consumidor out (exp: 93; ant: 95)
05h00: Espanha – Vendas no varejo a.a. set (ant – 4,6%)07h00: Itália – PPI a.m. set (ant: 0,1%)
09h30: EUA – Estoques no atacado a.m. set. (exp: 0,4%; ant: 0,4%)Brasil – Copom – Decisão da Selic-meta (exp: 2%; ant: 2%)Japão – Decisão de política monetária (ant: -0,1%) 

Quinta-feira, 29
06h00: Itália – Confiança do consumidor out (exp: 102,3; ant: 103,4)
07h00: Zona do Euro – Confiança na economia out. (ant: -15,5)
09h30: EUA – Novos pedidos de seguro-desemprego (exp: 783 mil; ant: 787 mil)
09h30: EUA – PIB anualizado a.t. 3T (exp: 31,8%; ant: -31,4%)
09h45: Zona do Euro – Taxa de refinanciamento principal ECB (exp: -0,5; ant: -0,2)Brasil – Resultado primário do governo centralBrasil – Caged: Criação de empregos formais total set. (exp BBG: 235.000; exp XP: 168.333 mil; ant: 249.388) 

Sexta-feira, 30
03h30: França – PIB a.t. (exp: 15%; ant: -13,8%)
07h00: Zona do Euro – Taxa de desemprego set. (exp: 10,2%; ant: 9,7%)
07h00: Zona do Euro – PIB sazonal a.t. (exp: 9,5%; ant: -11,8%)
07h00: Zona do Euro – IPC a.m. (exp: 0,1%; ant: -0,5%)
09h00: Brasil – PPI a.m. (exp: 0,1%; ant: 0,1%)
09h00: Brasil – PNAD: Taxa de desemprego ago (exp BBG: 14,2%; exp. XP: 14,4%; ant: 13,8%)
09h30: Brasil – Resultado primário do setor público consolidado
22h00: China – PMI Composto out (ant:55,10)