Insight Rico: Por falar em IPO…
A última vez que “falamos” tanto em IPO foi em 2007, quando tivemos o recorde de 64 empresas listadas na bolsa brasileira (B3) e muitos de vocês, caros(as) 13 leitores(as), nem “existiam” nesse mundo do mercado financeiro. Muito menos eu, que ainda por cima estava no segundo colegial, fazendo intercâmbio. Claramente, não era sobre IPOs que eu “falava tanto”.
Desde então, claro que tivemos outros momentos positivos (como 2017 com 10 IPOs), mas voltamos com tudo ano passado e, principalmente, esse ano, apesar dos pesares.
Desde o início do ano, 20 empresas brasileiras fizeram suas ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) e estrearam na B3, movimentando mais de R$ 10 bilhões. Além disso, há 38 companhias aguardando a autorização da CVM para realizarem seu IPO.
IPOs: Histórico do valor das ofertas vs. quantidade de ofertas
Fonte: B3. Atualização até 2 de setembro
As incertezas e, consequentemente, volatilidade nos mercados pode impactar no ritmo das próximas listagens, mas, de qualquer maneira, muita gente se pergunta “como os IPOs estão acontecendo mesmo num ano de pandemia, com inúmeros impactos?”
A grande verdade é que, com os juros nas mínimas históricas, os investidores precisam buscar outros investimentos mais interessantes para aumentar a rentabilidade da carteira, e um deles é a bolsa. Inclusive, já vemos isso acontecer – em setembro, o número de pessoas físicas investindo em ações bateu o novo recorde de 3,1 milhões, contra 1,7 milhão no fim de 2019.
A pandemia trouxe sim bastante volatilidade. Por outro lado, algumas empresas viram necessidade de reforçar o caixa e, para aquelas que já estavam cogitando fazer IPO, a pandemia acelerou o processo.
Além disso, pensando nos empresários, no passado, com juros de dois dígitos, era praticamente inviável realizar o processo de IPO, dado que os acionistas buscam prêmios acima da renda fixa. Novamente, esse cenário é muito diferente com os juros de um dígito.
Vantagens de fazer IPO
Dentre as vantagens de se fazer IPO, vale mencionar os benefícios de:
- aumentar o caixa sem onerar o balanço, possibilitando o crescimento da empresa, e muitas vezes sua consolidação;
- atração e retenção de novos talentos;
- acesso a investidores que entendem muito sobre as empresas e setores que atuam, possibilitando inclusive a comparação entre ações da bolsa brasileira e também de bolsas internacionais – uma troca que pode ser muito positiva (e inclusive negativa se a empresa estiver em um nível “abaixo” de suas pares.
Outra pergunta muito comum é se o aumento de IPOs pode levar a uma grande pressão negativa na Bolsa, o que não parece o caso, tendo em vista que (i) a bolsa brasileira ainda é super pequena e pode crescer mais – há menos de 500 empresas listadas, vs quase 4.000 na China e no Japão e quase 5.000 nos EUA; (ii) a busca por renda variável devido aos baixos juros, como mencionado acima, deve continuar e (iii) a bolsa brasileira possui uma alta liquidez hoje em dia, muito capaz de absorver as novas ofertas – estamos falando de R$30 bilhões/dia de negociação média, vs R$4-5 bilhões/dia em 2007.
Vale observar que, mesmo com os juros na mínima histórica, em 2% ao ano, a alocação dos fundos de investimento brasileiros em ações é de apenas 11,5% – um aumento quando comparado a 2019, mas ainda abaixo da média histórica de 13,6%.
Em 2007, quando tivemos o boom de IPOs no Brasil, a alocação dos fundos de investimentos brasileiros em ações atingiu o valor recorde, em 21,7% (com Selic no período era de 11,25% ao ano). Portanto, há espaço para que os fundos aumentem a alocação em bolsa, o que impulsiona o interesse pelo ativo.
Pensando nos investidores gringos, já houve retirada de R$88,9 bilhões do mercado acionário brasileiro, diferente de 2007 quando o apetite pelas ações brasileiras era super alto. A participação do Brasil no índice de Mercados Emergentes (MSCI Emerging Markets), que já chegou a ser de quase 20% em 2007, se encontra hoje em seu menor nível (4,1%).
Por fim, com o aumento das preocupações no Brasil e o elevado número de ofertas em uma mesma “janela”, várias empresas anunciaram o cancelamento ou postergaram seus planos de abertura de capital. E neste cenário, é natural que os investidores sejam mais seletivos. Porém, olhando para frente, os IPOs devem continuar acontecendo, trazendo mais oportunidades de investimento aos acionistas e mais opções de financiamento para as empresas.
Resumo do dia: Sobe no boato
(por Paula Zogbi)
Mercados amanhecem em leve queda nesta manhã após subir ontem com a notícia de que o presidente americano, Donald Trump, seria liberado do hospital. O presidente já está na Casa Branca, mas continua em tratamento com remédios normalmente indicados para casos graves de covid-19.
Nos Estados Unidos, os futuros do Dow Jones estão praticamente no zero a zero, mas S&P e Nasdaq caem até 0,3%. Na Europa, o Stoxx 600 cai 0,25%, indicando que a transferência do presidente já teve seus efeitos antecipados pela bolsa ontem mesmo.
Ainda nos EUA, o mercado acompanha negociações sobre um novo pacote de estímulos à economia. A presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, e o Secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, conversaram ontem durante quase uma hora, mas ainda não chegaram a um acordo. Eles devem ter uma nova conversa hoje sobre o assunto, mas Pelosi disse que o avanço está “muito devagar”.
No Brasil, (mais) uma trégua. Depois de atritos nas últimas semanas, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, jantaram juntos e pediram desculpas mútuas. Também defenderam a continuidade da agenda de reformas.
Ontem, o Ibovespa teve sua melhor sessão em um mês, com alta de 2,2%, reagindo tanto às notícias sobre Trump quanto a acenos do governo a favor de uma forma de financiamento do Renda Cidadã que não fure o teto de gastos e seja permanente.
Agenda da Semana |
Terça-feira, 06 Todo o dia: China – feriado do dia nacional 05h35: Europa – Discurso de Christine Lagarde, presidente do BCE 09h30: EUA – Balança comercial (exp: -66,2 bilhões; ant: -63,6 bilhões) 10h00: Europa – Segundo discurso de Christine Lagarde 11h40: EUA – Discurso de Jerome Powell, presidente do Fed (BC norte-americano) |
Quarta-feira, 07 Todo o dia: China – feriado do dia nacional 09h10: Europa – Discurso de Christine Lagarde 11h30: EUA – Estoque de petróleo bruto (exp: 1,569 milhões; ant: -1,980 milhões) 15h00: EUA – Ata da reunião do FOMC (Comitê de política monetária do Fed) 15h00: EUA – Declaração do FOMC |
Quinta-feira, 08 Todo o dia: China – feriado do dia nacional 04h25: Reino Unido – Pronunciamento de Bailey, governador do BoE 08h30: Europa – Declaração de política monetária do BCE 09h00: Brasil – Vendas no varejo mensal (exp: 1,2%; ant: 5,2%) 09h30: EUA – Pedidos iniciais por seguro-desemprego (exp: 820 mil; ant: 837 mil) 12h00: México – Ata da reunião de política monetária |
Sexta-feira, 09 10h00: Brasil – IPCA mensal (exp: 0,23%; ant: 0,24%) 10h00: Brasil – IPCA anual (exp: 2,42%; ant: 2,44%) |