(Por Marcella Ungaretti, analista ESG da XP Inc)

Sim, eu de novo por aqui! Não é a primeira, nem será a última vez. No último texto, abordamos o conceito ESG e como ele pode se materializar nos investimentos, fazendo um paralelo entre um prato de alimentação e uma carteira de investimentos diversificada, colocando o ESG como a fibra. Dessa vez, venho aqui para explicar algo que sempre me é perguntado pelos diferentes investidores: afinal, os investimentos ESG geram retorno?

Antes de qualquer coisa, vale retomar alguns conceitos-chave: A sigla ESG advém do termo em inglês Environmental, Social and Governance — ou, em português, ASG, referindo-se à Ambiental, Social e Governança. No mundo dos investimentos, ESG é aquele investimento que incorpora questões ambientais, sociais e de governança como critérios na análise, indo além das tradicionais métricas econômico-financeiras e, com isso, permitindo uma avaliação das empresas de forma holística.

E não poderia deixar de fazer um convite a vocês: semana que vem teremos a Expert ESG, um evento que trará grandes nomes mundiais para debater sobre investimentos sustentáveis – e você, caro(a) leitor(a), que tem interesse no tema, não pode perder! Será 100% online e gratuito, de 2 a 5 de março – clique aqui para fazer sua inscrição. 

Tendo isso em mente, vamos voltar à pergunta que não quer calar, em relação aos retornos. Sim, existe um mito de que a preocupação com fatores ESG pode resultar em performance relativamente mais fraca. Porém, diversos estudos mostram que isso não é verdade. E eu trago aqui algo descomplicado que mostra que a incorporação dos fatores ESG nos investimentos tem sido sim um sinal eficaz de geração de retorno.

Vamos lá – o racional deste estudo foi comparar a performance dos índices ESG, ou seja, àqueles cuja composição contém as empresas que possuem as melhores práticas ESG, com outros índices de ações em geral. E não só no Brasil, mas em diversas regiões.

(Neste ponto, gosto sempre de lembrar: ESG não é novo! De fato, nos últimos meses, o tema tem estado nos holofotes e com certeza você já se deparou com essas três letrinhas em diversas situações, mas quando olhamos ao redor do mundo, ESG já é uma realidade. E aí vai um número que diz muito: Globalmente, já são mais de 31 trilhões de dólares geridos por fundos que definiram estratégias de investimento sustentáveis – sim, isso mesmo, mais do que 17x o PIB do Brasil).

Nos Estados Unidos, desde 2009, a Bolsa americana, NYSE, subiu impressionantes +346%. Quando olhamos a performance, no mesmo período, do índice que contém as empresas melhores posicionadas em termos ESG (FTSE4Good US Index), o número surpreende: +389% de valorização, ou seja, +43 pps acima de seu benchmark.

Na Europa, a conclusão é semelhante: desde 2007, a performance do índice MSCI Europe ESG Leaders superou em +8 pps o seu benchmark.

Olhando em uma perspectiva global, usamos o índice MSCI ACWI, que representa o desempenho de todo o conjunto de ações de grande e médio porte do mundo, em 23 mercados desenvolvidos e 26 emergentes. Novamente, desde 2014, a performance do índice ESG superou em +22 pps o índice geral.

Por fim, quando olhamos para o mercado de ações no Brasil, a conclusão não é diferente! Visando entender como as empresas brasileiras que estão à frente em relação aos aspectos ambientais, sociais e de governança performaram historicamente em relação ao mercado como um todo, fizemos uma comparação com dois índices: o ISE, conhecido como Índice de Sustentabilidade Empresarial, e o Ibovespa, que contém as ações das empresas mais negociadas no mercado – juntas, elas representam ~80% de todo o volume.

Desde a criação do índice ISE, em 2006, até atualmente, o Ibovespa teve uma performance surpreendente, valorizando +235%. Melhor ainda que o Ibovespa, foi o ISE, ultrapassando +278% de alta no mesmo período, ou seja, +43 pps acima do Ibovespa.

É sempre importante lembrar que performance passada não é garantia de performance futura. O que acreditamos é que a empresa do futuro é aquela que cuida de todos, não somente dos seus acionistas. Indo além, a empresa do futuro não é aquela que somente gera lucro, mas sim que é capaz de gerar lucro com propósito — e, na nossa visão, as companhias que não entenderem isso, provavelmente ficarão de fora.

Espero vocês, queridos(as) 13 leitores (as), na Expert ESG semana que vem!

Elaborado por:

Betina Roxo, CNPI 1493

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