A inflação medida pelo IPCA, nosso principal indicador de preços ao consumidor, registrou alta de 0,59% em agosto. Apesar da variação positiva no mês, o resultado levou o índice para 6,47% no acumulado em doze meses, desacelerando em relação ao observado em agosto – quando estava em 7,17%.

Desde janeiro, o IPCA acumula alta de 4,7%.

Efeito de corte de impostos perde força, mas serviços sobem menos do que o esperado

Como esperado, a deflação observada nos últimos meses não se repetiu em outubro. Em grande parte, por conta do fim dos efeitos mais relevantes da redução de impostos em preços de combustíveis, energia e telecomunicações aprovada pelo Congresso em junho.

Assim, apesar de ainda vermos queda no preço de combustíveis em outubro (com gasolina caindo 1,56% no período, por exemplo), a deflação foi bem menor do que a sentida nos meses anteriores.

Por outro lado, a alta de preços registrada no setor de serviços veio melhor do que o esperado. Ou seja, os preços ainda sobem, mas mais devagar do que o esperado. O movimento é boa notícia, dado que o setor de serviços segue bastante resiliente (diante da normalização do consumo pós pandemia), o que dá mais espaço para a alta de preços.

Traduzindo para a “vida real”, isso quer dizer que a alta de preços em serviços como cabelereiros, cinemas e médicos começam a perder força, trazendo certo fôlego para o orçamento das famílias.

Dito isso, alguns destaques no resultado mensal indicam que a inflação segue um dos principais desafios do dia a dia dos brasileiros.

Passagem aérea, por exemplo, registrou alta de 27,4% apenas em outubro, refletindo tanto a demanda aquecida quanto a alta de custos – especialmente combustível. Aqui, vale destacar que, diante da alta recente do preço de petróleo no mercado global, a Petrobras reajustou o preço do querosene duas vezes no último mês (apesar de ter optado por não reajustar outros combustíveis, como gasolina).

O que esperar?

Com o enfraquecimento da inflação, a sensação de perda do poder de compra perde força, apesar de ainda persistir. 

A menor volatilidade do índice de difusão da inflação no mês (de 62% para 68%) reflete esse movimento, indicando que a disseminação da alta de preços entre diferentes bens e serviços na economia está enfraquecendo.

No palco internacional, os desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia devem seguir afetando a inflação global, especialmente na Europa – que depende muito do gás natural russo. Como energia é usada para praticamente tudo, a inflação segue “a todo vapor” no velho continente.

Por outro lado, Bancos Centrais no mundo seguem no processo de alta de juros. Nos Estados Unidos, o FED deixou claro que fará “tudo o que precisar” para trazer a inflação de volta à meta de 2,0% (hoje acima de 7,0%), enquanto o Banco Central Europeu elevou os juros para 2,00% ao ano – taxa bastante alta para padrões históricos da região.

Esse movimento de juros subindo já começa a impactar a economia, como podemos ver na forte retração do setor imobiliário nos Estados Unidos (com taxas de hipoteca subindo rapidamente), e as próprias expectativas sobre a inflação futura – ponto crucial para o controle de preços.

Assim, com “dinheiro ficando mais caro no mundo”, as pressões inflacionárias começam a perder força, nos ajudando no controle de preços aqui no Brasil também.

Por que os juros sobem?

A elevação da nossa taxa básica de juros, a Selic, por parte do Banco Central tem como objetivo controlar a subida dos preços, sendo a base para todas as taxas de juros na economia.

Juros altos encarecem o crédito, ajudam a valorizar a nossa moeda (com maiores juros aqui, atraímos mais de capital estrangeiro), e impactam as expectativas sobre onde estarão os preços no futuro.

Além disso, juros altos também contribuem para a atração de capital estrangeiro ao país. Com mais moeda estrangeira entrando, nossa moeda valoriza – ajudando, assim, na alta de preços internamente.

Te contamos tudo isso em mais detalhes aqui.

Já no Brasil, esperamos que a taxa Selic permaneça em 13,75% ao ano até pelo menos o meio do ano que vem.  Quer saber mais sobre isso? Vem ler aqui!

Assim, projetamos que a inflação encerre esse ano em 5,80%. Trata-se de uma forte redução em relação aos dois dígitos vistos na primeira metade do ano, embora acima da meta do Banco Central (de 3,50%).

Vale lembrar que a projeção de queda da inflação não significa que os preços irão cair, como vimos nos combustíveis e alguns itens. E sim, que os preços, de maneira geral, subirão mais lentamente.

Deste modo, projetamos dados de inflação positivos para os próximos meses, apesar da queda no acumulado em doze meses.

Como se proteger da alta de preços?

Embora a inflação esteja perdendo ímpeto no Brasil e no mundo, proteger os investimentos contra a alta de preços segue essencial. 

Títulos indexados à inflação, como o Tesouro IPCA + 2026, debêntures de empresas sólidas e boas classificação de risco, e fundos de inflação (fundos de investimento que investem em ativos indexados à inflação) são ótimas alternativas. Falamos mais das melhores oportunidades de renda fixa aqui.  

A classe de ativos reais se tende a se beneficiar de um cenário como o atual.  São ativos que tem um valor intrínseco (ou seja, não podem ser emitidos por Bancos Centrais, por exemplo), e costumam ter baixa correlação com ciclos econômicos, altas de juros e inflação.

Exemplos de ativos reais são commodities minerais, agrícolas e energéticas. Uma alternativa simples para acessar esses investimentos é o fundo Trend Commodities, disponível na Rico com aplicação mínima de R$100,00.

Mas não só de proteção contra a inflação devem viver os investimentos nesse momento. Por isso, selecionamos abaixo algumas sugestões de diferentes ativos recomendados – sempre lembrando da importância da diversificação.

Classe Opção de investimento Aplicação mínima
Renda fixa pós-fixada Trend Pós-Fixado FIC FIRF R$100,00
Inflação Tesouro IPCA 2026 R$31,27
Renda Fixa Prefixada Tesouro Prefixado 2025 R$31,56
Renda Fixa Global Trend Crédito Global FIM R$100,00
Multimercado Selection Multimercado FIC FIM R$100,00
Renda variável Brasil Cesta de ações “No Stress” Rico N/A
Renda variável Internacional Trend Bolsa Americana Dólar FIA R$100,00
Renda variável internacional com hedge Trend Bolsa Americana FIA R$100,00
Alternativos Trend Commodities FIM R$100,00

Vale lembrar que as recomendações sinalizadas na tabela abaixo não são as únicas possíveis, mas sim alternativas viáveis selecionadas pelos nossos especialistas para você.

Confira o detalhe dessas recomendações de investimento de acordo com o seu perfil de investidor no “Onde Investir”.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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