• A inflação acumulada alcançou quase 9% em julho, puxada por todos os cantos.
  • Bens industriais com falta de insumos como chips para carros; falta de chuvas e excesso de frio; além da parte boa, mas que também pressiona os preços, que é a retomada da economia.
  • Mas sem motivo para desespero! Vários desses fatores devem enfraquecer e não podemos esquecer dos juros em alta.
  • O tom duro com a inflação reforçado hoje pelo Banco Central indica que devemos voltar a ter juros reais (valor da Selic menos a inflação) no ano que vem.

O IPCA, nosso principal índice de inflação ao consumidor do país, registrou alta de 0,96% em julho, levando o acumulado em doze meses (medida normalmente referida no dia a dia dos consumidores) para 8,99%, uma aceleração da taxa de 8,35% registrada em junho, mas bastante em linha com o esperado pelo mercado.

O resultado seguiu refletindo a dinâmica dos últimos meses. Bens industriais ainda em alta, puxados por desequilíbrios na cadeia de produção no Brasil e no mundo (como visto na falta de chips para automóveis), por commodities minerais ainda pressionadas, além da alta da energia e da própria retomada econômica.

Enquanto isso, alimentos (apesar de terem vindo um pouco abaixo do esperado no mês) e energia elétrica aceleram por questões climáticas, e a volta mais forte dos serviços com a reabertura econômica alavanca a retomada de margem. Ou seja, aqueles que ficaram muito tempo fechados e/ou sem reajustes, entendem que agora já conseguem também retomar o equilíbrio de seus custos (ou ao menos parte dele).

Para o dia a dia do brasileiro e do investidor, a inflação de quase 9% assusta, especialmente por ser sentida em atividades cotidianas como uma ida ao mercado ou em investimentos que hoje perdem da inflação (como a poupança ou o próprio Tesouro Selic hoje).

Apesar do contexto desafiador e de provavelmente encerramos o ano com o IPCA bem acima da meta do Banco Central (de 3,75%), a tendência é que a inflação perca força ao longo dos próximos meses, e especialmente durante o ano que vem. A queda deverá vir tanto de movimentos climáticos e globais (volta ao normal da produção global e chuvas/clima mais ameno no Brasil), quanto da política monetária mais restritiva – ou seja, o aumento dos juros por parte do Banco Central.

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária, divulgada também nessa manhã corrida para os economistas, reforça essa visão. Para os diretores do Banco Central, o objetivo de trazer a inflação de volta para a meta (de 3,5%) será perseguido com todas as ferramentas necessárias.

Em outras palavras, a taxa Selic será elevada para até o nível que for preciso para que a inflação retome à meta, podendo até superar os 7,25%, que projetamos para o fim do ano. Isso significa que provavelmente voltaremos a ter juros reais positivos no ano que vem, ou seja, os juros básicos (valor nominal que vemos na taxa Selic) voltando a rodar acima da inflação.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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