A inflação medida pelo IPCA, nosso principal indicador de preços ao consumidor, registrou alta de 1,25% em outubro, levando o índice para 10,67% no acumulado em doze meses.
O resultado veio acima do esperado por analistas de mercado, e a alta se mostrou disseminada entre diferentes categorias e setores, como alimentação, combustíveis e serviços. Mas a principal surpresa veio dos produtos industriais, pressionados por desequilíbrios nas cadeias de suprimentos globais.
A crise global de suprimentos
As restrições de mobilidade por conta da pandemia afetaram a produção de muitos bens, com fábricas, portos e boa parte da produção e exploração fechados ou limitados. Com a demanda ainda forte (impulsionada por programas de auxílio fiscal), os estoques secaram.
Conforme tudo foi voltando ao normal com a vacinação, a demanda subiu ainda mais, pressionando os preços de matérias primas, como o petróleo, gás natural, minério de ferro, carvão — as famosas commodities.
Jogando mais lenha na fogueira de preços, questões climáticas e políticas afetaram a produção de energia no mundo, incluindo por aqui (onde a falta de chuvas afetou a produção hidroelétrica). A estratégia rígida contra o avanço da Covid-19 na China, ainda vigente, também agrava a situação, com um “abre e fecha” de locomoção e produção ao redor do país.
Com demanda forte e oferta limitada, produtores passaram a conviver também com a falta de insumos para produção. De semicondutores para carros e computadores a plástico para embalagens ou vidro e cimento para construção, começou a faltar de tudo um pouco ao redor do mundo — afetando diretamente a produção global, e a atividade econômica em si.
Ou seja, a alta acelerada de preços é uma realidade na economia brasileira hoje, puxada principalmente por preços industriais pressionados no mundo, quanto pela volta do setor de serviços com a melhora da pandemia.
Inflação deve cair, mas isso não quer dizer que preços vão cair
Para o dia a dia do brasileiro, o dado de outubro reflete que a alta de preços segue sendo uma das principais preocupações atuais. A inflação alta corrói o poder de compra de consumidores, além de reduzir a confiança em diferentes setores, impactando a economia como um todo.
Olhando para frente, entretanto, esperamos que a inflação comece a ceder gradualmente, especialmente ao longo do ano que vem. Essa perda de força da inflação deverá vir de movimentos internacionais e domésticos.
Do lado da economia global, a expectativa é de normalização gradual das cadeias de suprimentos globais (hoje, a produção de tudo no mundo segue muito impactada pelo descasamento entre oferta e demanda causado pela pandemia, o que pressiona os preços especialmente de matérias primas), e de redução também gradual de estímulos monetários no mundo – com Bancos Centrais começando a subir os juros e reduzir a injeção indireta de dinheiro nas economias por meio da compra de ativos.
Do lado doméstico, a melhora das condições climáticas (especialmente a volta das chuvas ajudando no preço da energia) e das safras (que afetam os alimentos) devem ajudar a reduzir o ritmo de alta dos preços ao longo do ano que vem. Mas a alta da nossa taxa básica de juros, a Selic, por parte do Banco Central deverá ser o ator principal.
A alta dos juros encarece o crédito, impacta a nossa moeda (com maiores juros aqui, atraímos um pouco mais de capital estrangeiro, ajudando o real a perder menos valor) e as expectativas sobre onde estarão os preços no futuro. Assim, a alta dos juros desaquece a economia, e deve ajudar a trazer a inflação para próximo de 5% no ano que vem. Ainda acima da meta do Banco Central (de 3,5% no ano que vem), mas se afastando dos dois dígitos.
Mesmo assim, vale lembrar que não devemos esperar que os preços passem a cair (com poucas exceções, como energia elétrica). Isso porque desinflação é diferente de deflação. Ou seja, os juros altos e os movimentos que mencionamos acima farão com que os preços passem a subir de maneira mais lenta (inflação mais baixa), e não caiam.
E seus investimentos? Renda fixa, variável e diversificação
Assim, proteger os investimentos contra a alta de preços segue sendo essencial no momento atual, que traz boas oportunidades não somente na renda fixa, mas também em ativos que podem se beneficiar desse cenário.
Títulos indexados à inflação, como Tesouro IPCA + 2026, debêntures de empresas sólidas com vencimento médio, e fundos de inflação (fundos de investimento que investem em ativos indexados à inflação) são ótimas alternativas. Falamos mais das melhores oportunidades de renda fixa por aqui.
Já na renda variável, empresas ligadas ao setor de commodities (ativos reais, com receitas dolarizadas) também podem ser boas oportunidades, de acordo com o perfil de risco do cliente. Ainda, por aqui, fazemos uma seleção de empresas brasileiras e internacionais que se destacaram historicamente em momentos de inflação alta.
A inflação ao consumidor nos Estados Unidos, medida pelo CPI (sigla em inglês para índice de preços ao consumidor) também registrou alta em outubro, de 0,9%. Clique aqui para entender como a inflação lá fora impacta os investidores brasileiros.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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