No último dia 25 de janeiro, a notícia de que estrangeiros já retiraram R$ 5 bilhões da bolsa brasileira chamou a atenção dos investidores. Esse movimento, aliás, é um dos fatores que justifica o desempenho das ações em janeiro de 2024: com mais gente querendo vender seus ativos, a oferta aumenta e os preços caem em resposta. Com isso, o Ibovespa, principal índice de ações brasileiras, já acumula queda de quase 5% no primeiro mês do ano.

Mas o que levou os gringos a tirarem o dinheiro daqui? Os investidores estrangeiros ainda vão voltar?

O que é o fluxo de investidores na Bolsa?

Todos os meses, a B3 divulga informações de fluxo de capital para a Bolsa, segregando a fonte desse dinheiro em 5 grupos de investidores: estrangeiros, institucionais, pessoas físicas, instituições financeiras e empresas. O estrangeiro é, de longe, quem tem mais participação na bolsa brasileira.

A entrada de capital de fora na Bolsa atingiu R$ 56 bilhões em 2023, o segundo maior valor em 15 anos. Este ano, no entanto, começou fraco: até agora, os investidores estrangeiros sacaram R$ 5,3 bilhões.

Por que os investidores estrangeiros tiraram dinheiro da Bolsa?

Na nossa visão, essa forte saída de capital se deve não a uma preocupação com o Brasil, e sim à leitura do cenário macroeconômico global. O rali de ativos de risco que vimos no final de 2023 — que fez o Ibovespa alcançar o maior nível da história, acima de 134 mil pontos — foi motivado pela expectativa dos mercados de que o Federal Reserve (banco central dos EUA) começaria a cortar os juros já na reunião de março do seu comitê de política monetária, o Fomc.

No final de dezembro de 2023, o mercado precificava uma probabilidade de 88% para esse evento, e o otimismo em relação ao início do ciclo de queda de juros beneficiou as ações globalmente.

Entrando em 2024, uma série de dados econômicos mistos foram divulgados nos EUA, indicando que a economia ainda resiliente e a inflação levemente acima do esperado seriam pedras no caminho do Fomc para cortar as taxas. Com isso, a probabilidade da redução acontecer em março de 2024 caiu para os 45% atuais.

Vendo menos chances de a taxa de juros de referência cair logo, os rendimentos dos títulos públicos americanos (as Treasuries) subiram. Com esse movimento, o apetite por risco do investidor global diminuiu, levando-o a tirar dinheiro de ativos mais arriscados como ações em mercados emergentes — o caso do Brasil.

Nossa visão para a bolsa brasileira mudou?

Em resumo, não. Continuamos construtivos com ações brasileiras, pois entendemos que essa saída de capital estrangeiro está mais relacionada a fatores externos do que a mudanças na percepção dos gringos do mercado brasileiro. Como escrevemos em nosso Onde Investir na Bolsa em 2024, acreditamos que ela ainda pode se beneficiar por:

1) Investidores estrangeiros devem continuar comprando bolsa, e vemos bastante potencial dos investidores domésticos voltarem para as ações — tanto pessoa física quanto institucional.

2) Apesar de uma valorização relevante no fim de 2023, a bolsa brasileira segue barata. Ou seja, empresas brasileiras têm gerado mais valor, mas isso ainda não está refletido no preço das ações. Esse desconto ainda existe mesmo quando comparamos as ações brasileiras com as estrangeiras.

3) Enquanto nas economias desenvolvidas a discussão ainda é sobre quando os juros começarão a cair, no Brasil o ciclo de cortes segue a todo vapor. Historicamente, ciclos de corte de juros tendem a ser positivos para a Bolsa brasileira.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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