Por Júlia Aquino e Lucas Collazo

  • Nosso dia-a-dia é cheio de vieses, desde um corte de cabelo até concentração dos investimentos por região;
  • O brasileiro está no topo do ranking de viés doméstico: os nossos fundos de previdência investem 97% dos recursos por aqui;
  • Mas será que é tão distante assim investir no exterior?
  • Entenda como diversificar melhor seus investimentos com ETFs e fundos indexados!

Sempre que vou falar de viés, penso naquela música do Chico Buarque (“Todo dia ela faz tudo sempre igual”), porque nós mesmos temos vários no dia a dia: comer sempre na mesma padaria, cortar o cabelo com a mesma pessoa, usar o mesmo perfume. São hábitos que já estão tão consolidados que é raro sair dessa linha, e sempre tendemos a voltar para o que conhecemos.

Quando falamos de investimentos, decisões enviesadas não costumam ser tão legais quanto comer na padaria predileta todos os dias ou procurar o cabelereiro de confiança toda vez. Geralmente, continuar naquilo que você sempre conheceu te faz perder oportunidades ou nublar sua visão para possíveis riscos — podemos estar perdendo um pão na chapa mais gostoso e mais barato de uma padaria um pouco mais longe de casa, por exemplo.

Um estudo do FTSE Russell, empresa que faz índices para as bolsas internacionais, mostra que os brasileiros, ultimamente, também estão presos ao cotidiano. Somos os investidores com maior tendência a investir dentro do próprio país, construindo carteiras com pouca diversificação internacional.

Comparado a outros países do estudo, os fundos de previdência privada (que naturalmente investem focando no longo prazo) do Brasil tem 97% de sua exposição a ações voltada pra dentro do próprio país, enquanto no México, por exemplo, a exposição doméstica é de 31% do portfólio.

Com isso, a exposição aos riscos locais fica amplificada, e a carteira acaba sofrendo mais quando passamos por períodos de incertezas no cenário brasileiro e volatilidade na bolsa. Além disso, o viés doméstico também pode fazer o investidor perder oportunidades — entre janeiro de 2008 e março de 2021, o índice global do FTSE em reais valorizou mais de 600%, enquanto o índice de ações brasileiras subiu pouco mais de 200%.

Olhando para a relação entre risco e retorno dos últimos 12 meses nesse mesmo período, em geral o índice com exposição global também bate o brasileiro, indicando que diversificar vale mais a pena mesmo quando comparamos a volatilidade e retorno dos ativos em conjunto.

Ou seja, investir fora do Brasil pode não somente ser mais rentável, como também mais eficiente do ponto de vista do retorno versus risco (que aqui é a volatilidade): investir em ativos internacionais através do FTSE All-World no período entre 2008 e 2021 resultou em mais ganhos, arriscando menos.

Em resumo: diversificar geograficamente beneficia (e muito) seus investimentos. Podemos até afirmar que seus investimentos só estarão diversificados quando parte deles não estiver mais falando português.

Como fazer seu portfólio viajar pelo mundo (mesmo com pouco dinheiro)?

Diferente do que já foi no passado, hoje em dia você não precisa ter milhões de reais disponíveis, nem ser um fundo com bilhões sob gestão para investir fora do Brasil. Já existem várias formas de fazer parte do seu dinheiro viajar sem sair do sofá (e sem precisar abrir contas internacionais ou realizar remessas), investindo diretamente pela B3 ou em fundos internacionais na sua conta da Rico. Batemos tanto nessa tecla que já até fizemos um Guia para te ajudar nessa viagem sem sair do lugar.

Hoje vamos focar em duas das formas mais democráticas de investir, que ainda tem o bônus de trazer diversificação para sua carteira: ETFs (Exchange Traded Funds, ou fundos negociados em bolsa) e fundos indexados (aqui representados pela família Trend).

Os Trend e os ETFs replicam a carteira teórica de algum índice de mercado (benchmark ou, em bom português, uma referência), criados para representar a performance de um mercado ou de um dos seus segmentos. Toda vez que você escuta “a bolsa caiu hoje” ou “a bolsa subiu hoje”, por exemplo, nos referimos ao Ibovespa, índice que é o principal benchmark de ações brasileiras.

Ou seja, quando você investe numa dessas duas opções você estará acompanhando os movimentos de mercado, e não buscando batê-lo — por isso, dizemos que ETFs e Trends têm gestão passiva. Um fundo de gestão ativa seria aquele em que o gestor escolhe os ativos para investir em de busca retornos superiores ao mercado.

Mas qual a diferença entre um ETF e um fundo Trend?

Os ETFs são negociados em bolsa (no nosso caso, a B3) e o valor mínimo para investimento varia dependendo do valor de negociação da cota à mercado. Já os Trends são fundos abertos na plataforma (na sua área logada da Rico), e o valor mínimo de para começar a investir neles é fixo em R$ 100.

Como são fundos de gestão passiva, a taxa de administração de ambos costuma ser baixa, entre 0% e 0,7% ao ano. O resgate de investimentos em ETFs segue o padrão de liquidação de ações de dois dias úteis; para a maioria dos Trends, esse prazo fica entre 1 a 6 dias.

Agora que estamos todos devidamente apresentados, nosso time de alocação criou uma releitura de nossas recomendações de investimento focadas em fundos passivos e ETFs — uma carteira democrática, que por ser concentrada nessas categorias de produto demanda pouco dinheiro para ser construída, e mantém a vantagem de ser diversificada em temas e geograficamente.

Abaixo, exemplos para os perfis de investimento Precavido (Conservador) e Estrategista (Moderado):

Desta forma, você consegue montar um portfólio diversificado, inclusive em temas internacionais, mantendo o custo acessível e com resgate da carteira inteira em até uma semana.

Com caminhos democráticos como esse, podemos aos poucos mudar aquela história de manter todo o seu dinheiro em ativos nacionais, deixando pra lá o viés doméstico nos investimentos e ficando só com a fidelidade na padaria e cabelereiro mesmo.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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