• Economia brasileira fica “em cima do muro” entre abril e junho, mostram os dados oficiais.
  • O resultado acabou frustrando as expectativas dos analistas de mercado, e a inflação alta pode ser vista como um dos principais vilões da vez.
  • Alteramos nossa projeção de crescimento para 5,3%, mas ainda vemos a economia recuperando na segunda metade do ano.
  • Para o investidor, o PIB não deve mover muito os mercados, que seguem mais preocupados com o risco fiscal e discussões em Brasília – nos lembrando do principal risco no radar para o PIB, esse sim, do ano que vem.

Hoje, o IGBE divulgou o resultado do PIB para o segundo trimestre do ano. O dado indicou que a economia brasileira ficou praticamente estável entre abril de junho desse ano, em comparação com o período entre janeiro e março (primeiro trimestre), tendo contraído 0,05%.

Ou seja, o fluxo de tudo o que produzimos de bens e serviços no país caiu levemente no período.

O resultado acabou frustrando as expectativas dos analistas de mercado, especialmente por conta do consumo das famílias abaixo do esperado, e do fraco desempenho dos setores industrial e agrícola. A inflação pressionada se torna um verdadeiro vilão no momento atual, pesando tanto sobre o poder de compra dos consumidores, quanto sobre os custos de matérias primas para produtores. Em bom português: está mais caro consumir e produzir, formando um ciclo vicioso de preços altos.

Mas não apenas de surpresas negativas se deu o resultado do PIB. A indústria extrativa segue com crescimento robusto, assim como a de construção civil e as exportações, ainda na esteira da demanda aquecida e commodities em alta nos mercados internacionais. Além disso, o setor de serviços também mostrou crescimento no período, como esperado diante do avanço da vacinação e do fim das restrições de mobilidade no país (lembrando que esse dado refere-se ao segundo trimestre, quando essas ainda estavam vigentes).

Para o investidor, o mais importante do resultado está no que ele pode revelar sobre as expectativas para frente – afinal, o mercado vive de antecipar movimentos. Diante do resultado abaixo do esperado, alteramos nossa projeção de crescimento para esse ano para 5,3% (de 5,5%), mas ainda esperamos recuperação ao longo do 2º semestre de 2021, impulsionada principalmente pela continuação da retomada dos serviços.

Assim, o investidor não deve esperar grandes movimentos negativos em reação ao resultado – atualmente muito mais levados por discussões de cunho fiscal e político.

Vale lembrar, entretanto, que riscos para uma piora nas expectativas, especialmente para o crescimento no ano que vem, seguem no radar: especialmente a crise hídrica, a incerteza política e os crescentes ruídos fiscais.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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