Nos últimos dias, o dólar ultrapassou a marca de R$ 5,35, impulsionado por uma confluência de fatores que merecem nossa atenção.

Primeiramente, a narrativa de “juros altos por mais tempo” está ganhando força no mundo. Dados robustos do mercado de trabalho dos Estados Unidos, conhecidos como payroll, indicam que o Banco Central americano (Fed) pode demorar mais para iniciar um ciclo de flexibilização. Em outras palavras, os juros altos por lá podem persistir, o que tem impacto direto no valor do dólar.

Além disso, os recentes resultados das eleições do parlamento europeu e a convocação de eleições legislativas na França adicionam uma dose de incerteza ao cenário global. Esses eventos políticos influenciam a confiança e, por conseguinte, os fluxos de capitais internacionais.

No âmbito doméstico, as preocupações com a política monetária estão crescendo. As expectativas de inflação desancoradas são uma fonte constante de inquietação. Além disso, as incertezas em relação à política fiscal, a efetividade das medidas de elevação de receitas e a possível necessidade de mudanças nas metas fiscais adicionam mais complexidade ao cenário.

O que esperamos e como se proteger?


Diante desse contexto, nosso time de economia revisou recentemente suas projeções de câmbio, estimando o dólar a R$ 5,00 para o final de 2024. Contudo, ressaltamos que, a curto prazo, a pressão sobre a moeda deve continuar.

Para enfrentar essa volatilidade, montamos uma cesta quantitativa de ações projetada para oferecer proteção contra um Real mais fragilizado. Selecionamos ações com base em três critérios principais:

(i) correlação positiva com as flutuações da taxa de câmbio, ou seja, betas superiores a zero no último ano;

(ii) exposição da receita ao dólar superior a 10%; e

(iii) recomendação de compra pelos nossos analistas.


Analisando o desempenho, nossa cesta de ações apresentou um retorno de +20,8% no último ano, comparado aos +11,2% do Ibovespa. Desde o início da alta do dólar em maio, nossa cesta teve ganhos modestos de 0,3%, enquanto o índice Ibovespa registrou uma queda de -4,9%.


Abaixo, apresentamos uma lista de 9 ações que se destacam. Focando nos efeitos cambiais do último ano e isolando a volatilidade do mercado em geral, identificamos BRFS3, PETR3 e PETR4 como as ações mais bem posicionadas para capturar a alta do dólar frente ao real. Esta lista adota uma abordagem totalmente quantitativa, mas é importante lembrar que eventos macro e micro adicionais podem influenciar a dinâmica de preços.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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