No mês de junho, o IPCA (principal indicador de inflação ao consumidor) referente ao mês de junho registrou deflação de 0,08%, levando o indicador acumulado em 12 meses para 3,16%.

A queda mensal foi puxado principalmente por automóveis novos, na esteira do programa de incentivos do governo federal, além de combustíveis e alimentação em domicílio – com preços de alimentos caindo diante de movimentos globais e da super safra observada aqui no Brasil nos últimos meses.

Confira aqui mais detalhes sobre o IPCA de junho.

Se por um lado a queda do IPCA pode ser positiva para o bolso dos brasileiros, ela também influencia negativamente os rendimentos e os preços dos ativos atrelados ao índice, especialmente na Renda Fixa.

Nesse cenário, o que podemos esperar da Renda Fixa e dos Fundos Imobiliários vinculados ao IPCA?

O que esperar da Renda Fixa com a deflação?

Como é de se esperar, títulos de renda fixa atrelados ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), como o Tesouro IPCA ou NTN-B acompanham o movimento da inflação. Assim, tendem a ser ativos populares por oferecerem proteção contra a alta de preços ao seu investidor.

É por isso que, quando há deflação registrada no IPCA em determinado período, o rendimento final dos títulos vinculados a esse índice tende a ser reduzido. Isso ocorre devido a uma correção negativa no valor do ativo, já que a deflação diminui o índice de preços utilizado para calcular os juros desses títulos.

Esse movimento pode acabar pegando de surpresa muitos investidores, que não esperavam retornos negativos nesse tipo de investimento.

Assim, vale lembrar que o impacto da deflação pode ser compensado pela variação na taxa de juros real. A taxa de juros real é a taxa de juros nominal ajustada pela inflação (Taxa de juros – inflação = Taxa de juros real), refletindo o retorno real do investimento. Essa taxa é determinada por movimentos de mercado e pode ajudar a mitigar a redução causada pela deflação.

Porém, como esse nem sempre será o caso, destacamos três pontos para acalmar o investidor de títulos de inflação atualmente:

1- A deflação observada em junho foi pouco expressiva, principalmente se comparada ao mesmo período do ano anterior, o que significa que qualquer impacto nos títulos deve ser pequeno.

2- A deflação não foi uma surpresa e, na verdade, foi mais branda do que o esperado por analistas de mercado.

3- Entendemos que esse movimento de queda no IPCA é temporário – ou seja, não deve persistir ao longo dos próximos meses, levando a uma situação de economia deflacionária. Pelo contrário, estimamos que a inflação permanecerá acima da meta do Banco Central nos próximos dois anos, o que mantém a importância desses títulos para a maioria dos investidores com objetivos de médio e longo prazo.

Cuidado com o efeito manada! Em momentos em que os preços dos títulos de renda fixa caem, é comum observar uma aversão a esses ativos por parte dos investidores. No entanto, em nossa visão, esse comportamento muitas vezes é precipitado, pois a queda nos preços pode ser passageira.

O que esperar dos Fundos Imobiliários com a deflação?

Os fundos imobiliários de recebíveis são ativos de renda variável que investem principalmente em certificados de recebíveis imobiliários (CRIs), ou seja, em títulos de renda fixa vinculados ao setor imobiliário. Esses títulos estão majoritariamente indexados ao IPCA e ao IGP-M.

Dessa forma, o pagamento de rendimentos mensais desses fundos está vinculado ao rendimento desses títulos.

Diante do movimento de deflação observado em junho, as tendências indicam que o efeito sobre a marcação dos títulos desses fundos indexados ao IPCA será negativo no curto prazo. Portanto, é esperado que, em cenários de deflação, o pagamento de dividendos dos fundos de recebíveis seja temporariamente menor do que o habitual, devido a um rendimento mais baixo dos títulos imobiliários vinculados ao IPCA.

No entanto, quando as expectativas indicam antecipadamente esses efeitos, os gestores desses fundos costumam fortalecer suas reservas de lucro em caixa, dentro dos limites permitidos, para garantir que o pagamento de dividendos aos investidores não seja afetado e que possam manter uma previsibilidade nos valores a serem pagos.

Além disso, existe um período de defasagem entre o que é recebido dos títulos em carteira e o que será efetivamente pago pelo CRI nesse momento. Dessa forma, os fundos de recebíveis costumam ter sua atualização monetária vinculada a um período de 12 meses, o que significa que se a inflação se mantiver positiva nesses 12 meses (o que é o caso) os rendimentos continuarão sendo positivos.

A deflação é uma tendência duradoura?

Embora a inflação esteja perdendo força gradualmente no Brasil e no mundo, proteger os investimentos contra a alta de preços segue essencial. 

Vale ressaltar que os fatores que resultaram no IPCA em deflação em junho são eventos não recorrentes. Segundo as projeções de nossa equipe de economia, o indicador deve registrar mais uma vez leve deflação no mês de julho. Porém, em agosto, o IPCA deve voltar a variar positivamente – ou seja, indicar aumento de preços.

Portanto, o efeito negativo sobre a marcação dos títulos de renda fixa e dos fundos imobiliários de recebíveis será temporário e não deverá ter um impacto significativo.

Com isso, títulos indexados à inflação, como o Tesouro IPCA + 2032, debêntures de empresas sólidas e boas classificação de risco, e fundos de inflação (fundos de investimento que investem em ativos indexados à inflação) são ótimas alternativas para proteger o seu patrimônio da inflação. Falamos mais das melhores oportunidades de renda fixa aqui.  

Além disso, os fundos imobiliários também seguem como uma boa proteção contra a alta de preços. Por serem muitas vezes atrelados a índices de inflação (conforme mencionado), os FIIs podem ser excelentes aliados do investidor em um cenário cauteloso com a alta de preços.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 6928

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