(Por: Ygor Altero, Ruan Argenton e Eduardo Bacelar)

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) referente ao mês de agosto apresentou uma deflação mensal de 0,02% (ou seja, uma queda de 0,02%) levando o IPCA acumulado em 12 meses de 4,50% no mês de julho, para 4,24% em agosto. A inflação do mês de agosto sofreu pressões negativas principalmente da deflação de alimentos e energia elétrica.

Veja aqui nossa análise completa sobre o IPCA de agosto.

Vimos um movimento parecido com esse, de variação mensal negativa no IPCA, no ano passado (2023) e em maior intensidade entre os meses de julho e setembro de 2022. Diante deste cenário, vale relembrar alguns conceitos de como a variação de inflação influencia o comportamento dos dividendos de fundos imobiliários de recebíveis, principalmente aqueles com maior exposição ao indexador IPCA, e como isso pode afetar os seus rendimentos em investimentos em fundos imobiliários.

Qual a relação entre em os fundos de recebíveis e o IPCA?

Os fundos imobiliários de recebíveis são investimentos de renda variável, mas que aplicam a maior parte do seu dinheiro em certificados de recebíveis imobiliários (CRIs). Esses CRIs são títulos de renda fixa ligados ao setor imobiliário.

A maioria desses títulos são ajustados pelo IPCA (índice de inflação) ou pelo CDI (taxa de juros do mercado). Portanto, os dividendos mensais pagos por esses fundos dependem dos rendimentos desses títulos.

Como a variação mensal negativa do IPCA pode impactar os rendimentos dos fundos de papel?

Durante períodos de deflação, as tendências históricas indicam que o rendimento dos fundos com maior exposição a CRIs indexados ao IPCA podem ter efeitos negativos. Assim, espera-se que, em períodos de deflação mais longos e intensos, a distribuição de dividendos desses fundos seja afetada negativamente, potencialmente resultando em menores rendimentos para os investidores desses títulos.

Apesar da deflação em agosto, a inflação de 12 meses continua positiva, o que deve continuar suportando rendimentos positivos para os FIIs de papel indexados ao IPCA, visto que a atualização monetária dos fundos de recebíveis é vinculada ao período de 12 meses.

Ademais, é importante salientar que quando as expectativas macroeconômicas indicam que haverá um período de deflação mais forte e longo, é comum ver os gestores dos fundos utilizarem reservas de caixa para manter o patamar de dividendos estável, ou para minimizar os impactos da variação mensal negativa do IPCA, e assim manter uma previsibilidade nos rendimentos a serem distribuídos.

Além disso, o efeito na distribuição dos dividendos costuma apresentar uma defasagem entre o que está sendo recebido dos títulos em carteira e o que de fato vai ser pago pelo CRI agora. Isso permite que os fundos com gestão ativa tenham tempo para atuar e tentar minimizar os impactos sobre os cotistas.

Ou seja, os gestores dos fundos imobiliários (FIIs) de recebíveis costumam se preparar e montar estratégias para minimizar os impactos negativos em momentos em que a previsão é de uma deflação por períodos mais longos.

Vale ressaltar que muitos fundos de recebíveis possuem exposição a mais de um indexador, como o CDI, o que deve contribuir para efeitos menos perceptíveis da variação negativa do IPCA.

Quais as expectativas para a inflação e nossa recomendação para os FIIs no contexto atual?

No momento atual, as expextativas do nosso time de economia são de que a inflação seguirá pressionada, visto que as projeções indicam que a “inflação voltará a acelerar, mesmo que moderadamente nos próximos meses”.

Dessa forma, esperamos o efeito negativo sobre a deflação de agosto e a distribuição de rendimentos seja temporário e menos intenso que o registrado no ano passado e em 2022, o que reforça a nossa sugestão de manutenção da alocação em fundos imobiliários de recebíveis como uma parcela importante de diversificação da sua carteira.

Se quiser saber mais detalhes sobre as nossas recomendações para essa categoria de ativos, acesse o relatório completo da Carteira de Fundos Imobilários.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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