• A decisão para a Selic hoje está praticamente dada: o mercado quase inteiro espera uma alta de 75 pontos-base da Selic
  • Isso não significa que a reunião não vai trazer mudanças: dependendo do tom do comunicado do Copom, muita coisa pode acontecer
  • Confira os cenários prováveis caso a autoridade monetária adote um tom mais ou menos expansionista

Nada menos que 92,2%. Essa é a probabilidade de o Comitê de Políticas Monetárias (Copom) do Banco Central brasileiro aumentar a taxa Selic, nossa taxa básica de juros, em 0,75% na reunião de hoje, de acordo com os agentes do mercado.

Essa probabilidade é medida através das opções de Copom, um instrumento que permite apostar na decisão da taxa de juros. A imagem abaixo (dado consultado ontem no site da B3) mostra a diferença entre essa aposta e as demais ao longo de abril e o começo desse mês:

Em outras palavras, a não ser que o Copom dê um olé em todo mundo e faça outro tipo de alteração na taxa, não é exatamente esse número que o mercado vai monitorar depois da decisão. O foco vai ser principalmente no comunicado da autoridade monetária — mais precisamente, na parte que indica quais serão os próximos passos.

Na reunião passada, o comunicado deixou bem claro que o BC planejava subir a taxa de juros com parcimônia, sem chegar ao nível considerado neutro (6,5%) em 2021. O trecho mais emblemático foi o seguinte: “o Comitê antevê a continuação do processo de normalização parcial do estímulo monetário com outro ajuste da mesma magnitude.

E dessa vez?

A Camilla Dolle, analista de Renda Fixa da XP Inc., vê dois cenários mais prováveis:

1. Manutenção de indicação de que fará apenas o ajuste parcial de juros em 2021, deixando em aberto a decisão seguinte – abrindo espaço para altas mais brandas, de 50bps, a partir da próxima reunião em junho. Este é o nosso cenário-base (dovish, ou expansionista).

Acontecendo isso, as taxas de juros de curto prazo tendem a cair, para se ajustar à mensagem reforçada de que a elevação de junho deve ser de novo em 75 pontos-base. Com isso, os juros de prazos mais longos provavelmente vão subir, já que o mercado acredita na necessidade de uma Selic mais alta para um cenário arriscado (alô, inflação). Queda nos juros curtos e alta nos longos = inclinação da curva de juros.

Como já explicamos por aqui, quedas nas taxas de juros aumentam o preço dos ativos e vice-versa. Então, caso esse cenário se concretize mesmo,  títulos prefixados e indexados ao IPCA de prazos mais curtos apresentariam valorização e os de prazo mais longo, desvalorização. Esse movimento, lembrando, só afeta quem vender os títulos antes do vencimento.

2. Mudança de tom, deixando de mencionar o ajuste parcial. Neste caso o mercado entenderia que o Copom vê a necessidade de uma taxa terminal mais alta, e manterá o passo de 75bps por reunião (hawkish, ou mais restritivo).

As consequências desse cenário seriam opostas: as apostas para a decisão da próxima reunião, em junho, se elevariam, em resposta ao comunicado de ajuste completo já em 2021. Esta indicação reduziria a necessidade de elevações maiores nos juros à frente, levando as expectativas para o longo prazo a cederem. 

Falaremos sobre tudo isso e muito mais em uma live especial hoje à noite, às 19h, no YouTube da Rico. Vai ser o nosso De Olho No Mercado de maio, com tudo que você precisa saber para investir esse mês. Nos encontramos lá!

Elaborado por:

Betina Roxo, CNPI 1493
Paula Zogbi, CNPI 2545

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