Esse é o Rico Matinal de hoje, relatório diário escrito pelos analistas da Rico Thiago Salomão, Matheus Soares e Lucas Collazo e disponível a todos os nossos clientes. |
Extras: resumo da live com Marcio Appel: acompanhamos ontem pela manhã uma live feita pela XP com Marcio Appel, gestor da Adam Capital. Appel foi um dos poucos gestores que conseguiram passar bem por essas últimas semanas de caos no mercado e nesta live ele explicou como conseguiu isso e o que espera para o mercado. Enviei um resumo da live para a lista de transmissão do Stock Pickers no Telegram. Se você ainda não faz parte é só clicar aqui e entrar gratuitamente.
Ainda sobre Stock Pickers: preparamos um conteúdo especial para esta semana. Teremos novas lives e episódios especiais para falar sobre a “Corona Crise”. O primeiro episódio será uma conversa com os gestores que ganharam (ou perderam pouco) dinheiro nestes dias de caos. Muita gente boa (inclusive o Appel) vai participar dessa edição.
Resumo do dia: O alívio durou pouco
(por Thiago Salomão)
Como adiantamos ontem, as más notícias de domingo trouxeram mais um dia de pânico nos mercados e o Ibovespa fechou com queda de 13,9%, a 71.168 pontos, tendo acionado mais uma vez o “Circuit Breaker” durante o pregão (é o 5º desde a semana passada). Lá fora, S&P 500, Dow Jones e Nasdaq tiveram seu pior pregão da história ao caírem mais de 12%. O dólar disparou 5% e já é cotado a R$ 5,05 (no mercado futuro, ele chegou a R$ 5,10).
Nesta terça, os mercados bem que tentaram uma reação positiva, com os índices de ações americanos batendo o limite de alta de 5% no comecinho do dia, mas neste momento que escrevo as altas já eram na faixa de 1%. Governos do mundo todo se mobilizam para conter os estragos do coronavírus na economia (Trump promete ajudar companhias aéreas, países da Europa estão proibindo a venda a descoberto) e algumas notícias (ainda não confirmadas) de avanços para vacina do coronavírus começam a pipocar. Mas o grande temor de uma recessão global chegar mais rápido do que era esperado é o que está ditando o rumo dos investidores.
Como disse André Jakurski ontem: “Tudo é muito difícil de prever agora, Todo mundo que fez previsão queimou a língua. Dois meses atrás, todos os analistas garantiam que não haveria recessão nos EUA”.
No Brasil, o governo anunciou ontem o primeiro pacote oficial de estímulos econômicos para fazer frente aos efeitos negativos do coronavírus, mas a medida não parece ter animado os economistas que conversamos. O pacote totaliza R$147,3 bilhões em estímulos diretos, mas nem todas as medidas anunciadas são fontes novas de recursos, o que acaba reduzindo o alcance real do pacote. Tal frustração joga agora a responsabilidade para o Banco Central, que nesta quarta-feira deve cortar a taxa de juros em no mínimo 50 pontos-base, mas além do corte o BC deve trazer novas medidas.
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Insight Rico: Comprar ou não comprar ações agora?
Qual o risco de comprar agora?
Desde semana passada, eu e meu time temos entrado ao vivo pelo menos uma vez por dia no Instagram da Rico. E seja nos dias de pânico total ou nos dias que a bolsa se recuperou e subiu forte, a pergunta que mais recebemos é: “e aí, é hora de comprar ações?’
Serei bem direto ao ponto, então qualquer dúvida, me tragam na live que faremos hoje.
Por mais que pareçam irracionais os preços atuais de mercado, o fato é que o mercado perdeu completamente as referências para o futuro da economia: afinal, qual será o PIB global de 2020? Qual será o prejuízo nas empresas? Quais sobreviverão? Esse corte de juros provocará uma alta inflacionária nos preços? Todas essas incertezas tiraram a noção de preço sobre os ativos.
Já disse John Maynard Keynes: “mercados podem permanecer irracionais por mais tempo do que eu ou você podemos ficar solventes“
Nossa opinião sobre o mercado de ações continua a mesma.
Temos neste momento uma excelente oportunidade para o investidor que: i) tem horizonte de investimento de loooongo prazo (3 a 5 anos, no mínimo); ii) possui reserva de oportunidade disponível para alocar em um investimento de prazo tão longo; iii) possui uma carteira diversificada em outros ativos mais defensivos (renda fixa, ouro, dólar, ativos internacionais….), pois isso lhe dará tranquilidade e flexibilidade de “correr o risco” em ativos mais voláteis.
Não se esqueçam do novo mantra do Rico Matinal: as coisas podem piorar antes de melhorar. Com base no “tamanho” das quedas em crises passadas, não será surpresa se o Ibovespa cair para até 60 mil, 50 mil ou até 40 mil pontos! Contudo, como não existe a menor garantia de que ele possa cair até lá, não vale esperar bater o “fundo do poço” para ir às compras. Se você quer comprar ações, que compre de pouco em pouco, usando gradualmente a partir de agora sua reserva de oportunidade.
Assim, se o Ibovespa cair mais, você conseguirá fazer um preço médio para baixo; e se o Ibovespa não cair mais e só subir, você já começou comprando num patamar interessante e não ficou “fora do jogo”.
Eu sei que falar é muito mais fácil do que fazer…. Por isso eu valorizo muito as 17 horas diárias que a Bovespa está fechada para refletir, ler, conversar, estudar e traçar o “plano de ação”. Fica muito mais fácil pensar quando estamos distante do olho do furacão. Duvido que comissários de bordo teriam a mesma sincronia e plenitude na hora de passar as instruções de voo se deixassem para apresentá-las na hora que o avião entrasse em turbulência
(Aliás, deixo todo meu apoio aos profissionais de companhias aéreas: se já está sendo difícil para nós, nem consigo imaginar como será para vocês daqui pra frente. O mercado muitas vezes tira nossa sensibilidade, mas não podemos esquecer que, por trás de todos os impactos financeiros e econômicos que essa crise nos trará, temos muitas pessoas que sofrerão na pele todos esses efeitos).
A conclusão que eu deixo aqui é: o mercado pode ficar louco, histérico e irracional, mas isso não significa que você tem que ficar do mesmo jeito. Sem querer entrar muito no “tecniquês”, mas lembre-se que o preço de uma ação nada mais é do que a expectativa do fluxo de caixa de uma empresa para os próximos anos trazida a valor presente por uma taxa de desconto. Neste momento, como ninguém sabe como será o futuro, é difícil prever tanto os fluxos de caixa quanto as taxas de desconto – por isso essa volatilidade enorme nos preços. Mas será que aquelas empresas “excelentes”, tanto em resultados quanto em gestão, perderão esse status quando a “Corona Crise” passar?
Esse foi o Rico Matinal de hoje, relatório diário escrito pelos analistas da Rico Thiago Salomão, Matheus Soares e Lucas Collazo e disponível a todos os nossos clientes.