O universo dos investimentos é conhecido por ser uma verdadeira “sopa de letrinhas” que pode confundir muitas pessoas, cheio de conceitos e definições distintas.
É por isso que hoje usamos uma série de “caixinhas” para facilitar o entendimento dos principais investimentos existentes, com base em suas semelhanças.
A renda fixa, por exemplo, é a classe de investimento que engloba dívidas – e na qual o retorno ao investidor é fixo, considerando sua data de vencimento. Investindo em títulos de renda fixa, o investidor recebe juros que são fixados de acordo com algum índice – como a taxa Selic, o CDI e o IPCA (índice de inflação).
Enquanto isso, a renda variável é um “outro bicho” – que, como sinaliza o nome, tem o retorno ao investidor sem estar atrelado a nenhum índice específico, e sim, varia de acordo com os movimentos de mercado e características do investimento, como a ação de uma empresa. Ou seja, ao investir em renda variável, o investidor está aplicando em algo que oferecerá uma renda variável de acordo com o desempenho futuro daquele ativo.
Entre tantos tipos de investimentos também existe o COE, que é um verdadeiro ornitorrinco dos investimentos. Tão distinto quanto um mamífero que bota ovos, o COE apresenta características que podem trazer oportunidades tanto para investidores agressivos em busca de maior retorno, como por investidores em busca de preservação de capital – com o perfil menos arrojado os investimentos.
Entretanto, esse investimento também apresenta riscos e pontos de atenção.
Neste texto, iremos explorar mais sobre o COE, suas características e vantagens, além de fornecer algumas dicas para quem está pensando em investir nesse produto.
O que é um COE?
O Certificado de Operações Estruturadas (COE) não era muito conhecido pela maior parte dos brasileiros até pouco tempo atrás, quando o seu acesso foi facilitado ao público de investidores gerais em 2016.
Da mesma forma que acontece com LCIs, LCAs e CDBs, os bancos também utilizam o COE como forma de captar dinheiro de investidores para financiar suas operações – para que ele siga emprestando dinheiro (com juros) para seus correntistas, e tocando suas operações.
Porém, o COE funciona diferente dos títulos de renda fixa.
Essas operações estruturadas são combinações de investimentos que, geralmente, envolvem o mercado de derivativos. Ou seja, é um investimento composto de outros investimentos – cada qual selecionado com um fim específico.
Um COE pode, pode exemplo, ser estruturado para criar proteções capazes de permitir ao investidor acessar investimentos de renda variável (exposição em fundos de investimento, ações negociadas em bolsas internacionais ou no próprio Ibovespa por exemplo), com um risco reduzido.
Assim, esse tipo de estrutura acaba sendo procurado por investidores que desejam investir em uma determinada classe de ativos, mas não tem grande convicção para investir diretamente sem uma proteção – caso algo não ocorra conforme o esperado.
As duas modalidades do COE
O Certificado de Operações Estruturadas (COE) é um investimento que poderá ter uma rentabilidade ou não, de acordo com uma condição.
Quando falamos de proteção, isso ocorre uma vez que cada operação possui uma regra tanto para casos de perdas, quanto para casos de ganhos. E o investidor sabe desses cenários antes mesmo de investir.
Já em termos de modalidades de índices aos quais os COEs são normalmente atrelados, esses podem ser bastante variados: como inflação, ações, bolsas ou o próprio dólar. Ou seja, a estrutura do COE pode considerar investimentos com base em índices e naturezas diversas.
Porém, existem dois tipos de Certificado de Operações Estruturadas: O valor nominal em risco ou valor nominal protegido.
1) Valor nominal em Risco
Nesse tipo de COE, você não encontra a proteção em caso do cenário negativo do seu investimento, estando exposto ao risco de perda integral de seu valor aplicado. Em contrapartida, essa modalidade costuma oferecer maior rentabilidade, dado o maior risco ao investidor.
2) Valor Nominal Protegido
No COE com valor nominal protegido, você terá seu capital investido mesmo que o pior cenário de rentabilidade aconteça com seu investimento. Dando um exemplo hipotético, digamos que você aplique em um COE dessa modalidade, que seja composto por investimentos em um índice de bolsa americana. Mesmo que esse índice caia 100%, seu valor investido será devolvido integralmente na data do vencimento do COE.
Inclusive, dependendo da estrutura de seu COE, você poderá ter lucro mesmo em caso de queda do ativo investido (estrutura que explicaremos mais a seguir).
Assim, o COE com valor nominal protegido permite que o investidor se exponha a uma classe de ativo com risco mais alto do que o tradicional (em busca de maiores retornos), mas sem correr o risco de perder o seu capital inicial pelas proteções que são criadas nesse investimento.
Características de um COE
Existem mais algumas características que você precisa conhecer antes de investir em um COE, que são:
Valor mínimo: varia de acordo com a instituição financeira que distribui o COE. De maneira geral, o valor mínimo costuma ser de R$5.000,00, eventualmente encontrados a partir de R$1.000,00.
Vencimento (Prazo): Da mesma forma que o valor mínimo de investimento varia de acordo com o COE, os prazos de vencimentos também se distinguem. A maior parte das operações possui prazo entre um e cinco anos. Vale destacar que, a depender do COE, não será possível vender o título antes do prazo (como detalhamos adiante).
Venda antecipada do COE: Uma das principais desvantagens do COE é sua falta de liquidez. Em alguns casos, você pode vender o seu COE de forma antecipada. Mas isso não é muito recomendado, já que você pode acabar perdendo dinheiro.
É importante que você sempre mantenha uma reserva de emergência ao fazer investimentos com baixa liquidez. Uma boa opção para isso é fazer investir no Tesouro Selic, por exemplo.
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Risco de crédito do banco emissor: apesar do COE possuir capital protegido na modalidade de Valor nominal protegido, o investidor estará exposto ao risco de crédito do Banco que emite esse certificado da operação estruturada – assim como acontece em investimentos em títulos bancários, do tipo CDBs e LCAs, além da própria poupança.
Desta forma, procure por bancos com boas notas de crédito. O COE também não é garantido pelo Fundo Garantidor de Créditos, o que significa que o seu capital não será devolvido em caso de falência do banco no qual você realizou o investimento.
Imposto: o COE possui a mesma tributação da renda fixa. Assim, a sua tributação se baseia na tabela regressiva ilustrada abaixo, que altera a cobrança de acordo com o tempo de aplicação do investimento:
Período de aplicação | Alíquota |
até 6 meses | 22,5% |
de 6 meses a 1 ano | 20% |
de 1 a 2 anos | 17,5% |
mais de 2 anos | 15% |
Custos e Taxas: Os custos e taxas de aplicação em um COE são embutidos nos próprios custos de criação daquela estrutura de investimento. Isso significa que o investidor não perceberá essa cobrança em seus extratos de investimento.
Rentabilidade: o COE é um tipo de investimento onde você conhece os cenários de ganhos e perdas, mas não é possível prever qual o retorno que ele trará em seu vencimento, já que isso envolve diferentes fatores e cenários.
Por projetar ganhos conforme movimentos de mercado, o ganho de um COE irá variar conforme o ativo que possui em sua estrutura (também chamado de “Ativo Subjacente”). Assim, o valor exato de sua rentabilidade só é conhecido no momento de seu vencimento.
Nesse ponto, o COE difere de títulos de renda fixa tradicionais.
Estruturas mais comuns de COEs
- COE Bidirecional: essa estrutura permite que o investidor participe dos ganhos tanto em momentos de alta quanto de baixa no mercado em questão. Em um COE Bidirecional, o retorno pode ser limitado em ambos os cenários ou ser ilimitado em um dos lados.
- COE de Alta Ilimitada: nesta estrutura, o retorno para o investidor é ilimitado em um mercado em alta, mas é limitado em uma eventual queda do mercado. Em geral, esse tipo de COE é adequado para investidores que acreditam em um forte desempenho de um determinado ativo subjacente (ou seja, daquele ativo que compõe a estrutura do COE).
- COE Auto Call: nessa estrutura, o investidor tem a oportunidade de ganhos com a valorização de um ativo subjacente específico ou uma cesta de ativos, que é conhecido como “ativo referência” ou “ativo alvo”. Se o ativo alvo atingir um preço pré-determinado na data de observação (que também é definida antes), o investidor recebe um pagamento adicional ao valor investido. No entanto, se o preço do ativo alvo não atingir o nível pré-determinado nas observações, o investidor pode não receber nenhum pagamento adicional. É comum que essa estrutura seja realizada com duas ou mais ações como ativos subjacentes. Também são previstas datas de observação em que serão verificados se os ativos atingiram a alta esperada da estrutura antes do vencimento. Em caso positivo, o COE será encerrado antes do previsto pagando a rentabilidade ao investidor.
- COE de taxa Fixa com Alta Ilimitada: essa estrutura de COE oferece uma taxa fixa de retorno ao investidor durante um determinado período, independentemente do desempenho do ativo subjacente. Algumas vezes, essa taxa pode ser fixada em um índice, como o IPCA, para proteger o investidor da Inflação no período. Além disso, se o ativo subjacente tiver um bom desempenho, o investidor pode receber um retorno adicional, que é ilimitado.
- COE Bond Repack: É um tipo novo de estrutura, que se assemelha muito a um título de renda fixa tradicional. Ao investir no COE de estrutura Bond Repack, o investidor possuirá uma rentabilidade pré-determinada, como uma taxa pré-fixada por exemplo, seja por um fluxo de pagamento de cupons fixos/variáveis, ou por diferentes indexadores. O COE Bond Repack é classificado na modalidade Valor Nominal em Risco. Ou seja, corre risco de crédito do (i) banco emissor do COE, e do (ii) ativo subjacente (Bond).
Essas são apenas algumas de muitas estruturas possíveis de COEs oferecidas no mercado.
Abaixo, listamos algumas dicas sobre como decidir se há um COE adequado para a sua carteira de investimentos.
Como investir em COE?
Investir em COE é um processo um pouco complexo, já que esse título pode conter derivativos (que são a parcela de renda variável) e ativos de renda fixa. Assim, é preciso conhecer esse tipo de investimento antes de investir nele.
Mas não se preocupe! Estamos aqui para descomplicar, apresentando algumas dicas que recomendamos antes da tomada de qualquer decisão sobre o investimento em COEs:
- Avalie o tipo de estratégia adotada por um determinado COE para ter certeza que esse ativo se encaixará na sua estratégia de investimentos a longo prazo.
- Escolha o tipo de COE que mais se adequa aos seus objetivos, prazo e ao seu perfil de investidor (lembrando que, dado o risco, esse tipo de investimento é recomendado para investidores de perfil arrojado).
- Observe todas as variáveis envolvidas, como prazo de validade, teto máximo de rendimento e valor do aporte e outros.
- Vale a pena considerar o custo de oportunidade. Ou seja, quanto renderia o seu dinheiro se estivesse aplicado em outro produto mais conservador como o Tesouro Selic ou IPCA+ no mesmo período.
- É fundamental que você também confira o Documento de Informações Essenciais (DIE). É obrigatório que o emissor do COE entregue esse documento, na forma física ou digital, para o investidor interessado. Ele resume todas as informações necessárias para que você possa investir em um COE, como: banco emissor; cenários de rentabilidade do investimento; data de início e final; regras para ganhos e perdas; se o valor investido é protegido ou não; e outros detalhes.
Esse investimento estará disponível para você em sua área logada da Rico, acessando o menu investimentos na versão desktop do site.
Lembre-se que por ser uma operação estruturada, possui uma data limite para que você realize seu investimento. Assim, o valor precisará estar disponível na conta até o último dia disponível para a aplicação, podendo ser rejeitado por falta de saldo.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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