Resumo do dia: Mercado e seu amor por estímulos
Mercados inciam a semana em alta: nos EUA, os futuros sobem entre 1,34% e 1,72%; já na Europa, o Eurostoxx sobe 1,9% após ter registrado sua pior semana desde meados de junho, puxado principalmente por bancos.
Uma esperança sobre o tão discutido pacote de estímulos fiscais americanos segue viva: a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA Nancy Pelosi informou que ela e o secretário Steve Mnuchin ainda podem chegar num acordo em relação a um pacote novo.
E falando em polêmica: o presidente Donald Trump teve suas declarações de imposto de renda vazadas no New York Times, constatando que não houve pagamento em 10 dos 15 anos declarados até 2016. Amanhã será o primeiro debate presidencial no país.
Aqui no Brasil, de acordo com o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, a proposta do novo programa social do governo, que deve ser incluído na PEC do Pacto Federativo, deve ser apresentada hoje ao presidente Jair Bolsonaro e a líderes partidários. Para avançar com as discussões, Barros se reuniu nesse final de semana com o ministro da Economia, Paulo Guedes, com o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria do Governo, e com aliados de Bolsonaro.
Nessa semana, além da continuação das discussões na seara fiscal, a divulgação da nota de crédito do Banco Central, a produção industrial de agosto e os dados do mercado de trabalho brasileiro (Caged e PNAD) serão os principais destaques da agenda econômica doméstica. No exterior, as principais divulgações serão os índices de inflação ao consumidor e ao produtor (CPI e PPI), o PMI industrial e os dados de desemprego das principais economias, além dos inúmeros discursos dos dirigentes do Fed (Banco Central americano).
Insight Rico: Três cenários para a eleição dos EUA
(por Júlia Aquino)
Faltam só 36 dias para a eleição americana.
Todos os olhos do mercado estão voltados para o debate presidencial no Estados Unidos, já que o evento pode trazer grande volatilidade e impacto no mercado global. A essa altura, você já deve ter ouvido os nomes dos candidatos à presidência dos EUA por aí: Donald Trump, do Partido Republicano e atual presidente, e Joe Biden, do Partido Democrata.
As pesquisas eleitorais para a eleição presidencial têm indicado que Biden tem mais intenções de voto de eleitores, segundo o FiveThirtyEight, e o primeiro dos três debates programados entre os candidatos vai acontecer amanhã (29). É o momento perfeito para falar sobre os principais cenários para a eleição segundo os times de Análise Política e Estratégia Macro da XP Investimentos.
Além do presidente, os americanos também vão eleger 35 representantes para o Senado. Atualmente, os republicanos têm a maioria absoluta das 100 cadeiras na casa, com 53 senadores, contra 45 senadores democratas e 2 independentes. Essa escolha também influencia nos cenários de resultados, considerando que a Câmara de Representantes já tem maioria Democrata.
Cenários eleitorais
1 – Joe Biden eleito com Congresso dividido
Aqui, teríamos a Câmara de Representantes com maioria Democrata e o Senado continuaria com maioria Republicana.
Nesse cenário, com resultado mais acirrado, a ala mais progressista do Partido Democrata, que defende propostas como quebrar o monopólio de empresas de tecnologia ou a proibição de seguros de saúde privados, teria influência limitada sobre as decisões da Casa Branca. Além disso, as propostas de campanha de Biden teriam que ser negociadas e moderadas para serem aprovadas, compondo um cenário positivo para os investidores.
2 – Donald Trump reeleito com Congresso dividido
A manutenção do cenário político atual, com Trump na presidência, Senado com maioria republicana e Câmara dos Representantes com maioria democrata, também é vista como positiva para os mercados.
Como no cenário 1, o controle Democrata na Câmara também implica moderação das propostas republicanas a fim de serem aprovadas, estimulando a estabilidade política. A vitória de Trump provavelmente significaria que não veríamos novas medidas de aumento em impostos ou grandes mudanças no sistema de saúde, como proposto pelos democratas.
Nesses dois cenários, apesar da diferença no resultado presidencial, os times da XP esperam uma reação semelhante dos mercados, com S&P em 3.550 pontos e Ibovespa em 115 mil até o fim de 2020. Também haveria pouco impacto na taxa de câmbio brasileira, mantendo a previsão de R$5,20 por US$1 ao final do ano.
3 – Joe Biden presidente com Senado democrata
Essa possibilidade, com Biden ganhando com grande margem, é a mais desfavorável para os mercados e a com menor probabilidade de acontecer. Com pouca resistência às propostas mais arrojadas de Biden, grande parte dos setores poderia ser afetada por aumento de impostos, mas o farmacêutico e de energias não renováveis poderiam ter maior impacto pela nova direção das decisões presidenciais.
Caso esse cenário se concretize, os mercados sofreriam mais, e a previsão seria de queda significativa até o fim do ano tanto no S&P, que cairia até 2.900 pontos, quanto no Ibovespa, que ficaria entre 90 e 93 mil pontos. No câmbio, a projeção para o dólar seria de R$5,36 no final de 2020. Os efeitos no Brasil tendem a ser limitados por um possível contrabalanço do Fed, podendo ser menores que essas estimativas.
A vitória democrata no senado deve acontecer apenas se Biden ganhar a eleição com ampla margem, já que em eleições polarizadas existe forte correlação entre as votações presidencial e parlamentar.
Previsões
Segundo o modelo preditivo do site FiveThirtyEight, hoje a probabilidade de Biden ganhar a maioria dos votos dos delegados é de 76%, enquanto a de Trump é 23% e a chance de empate é menor que 1%. Essa previsão é feita com base em resultados de pesquisas de intenção de votos nacionais e nos estados, além de informações demográficas e histórico de eleições dos estados.
Já a probabilidade de Biden ganhar com pelo menos 2 dígitos de vantagem no voto direto, o que poderia levar ao cenário 3 acima, é de 30%.
Para ver as previsões para o Senado do FiveThirtyEight, clique aqui.
Se você é um data geek como eu 🤓, os dados completos das previsões feitas pelo modelo estão aqui. Todas as previsões e dados de pesquisa são atualizadas diariamente.
E a relação com o Brasil?
Uma vitória de Biden traria uma nova abordagem para as relações diplomáticas e comerciais entre EUA e Brasil, já que o presidente Jair Bolsonaro está alinhado a Trump. O tema ambiental, muito importante no projeto democrata, poderia causar alguns momentos de tensão na relação entre os países, dado que o governo brasileiro tem tido dificuldade em projetar uma imagem positiva sobre sua política nessa área na comunidade internacional.
No entanto, as relações diplomáticas e comerciais entre Brasil e Estados Unidos são sólidas e de longa data, por isso não devem ser afetadas de forma significativa em caso de vitória Democrata.
A data oficial da eleição americana é 3 de novembro. Até lá, ficamos aqui acompanhando as previsões e de olho nas movimentações do mercado.
Agenda da Semana |
Segunda-feira, 28 08h25: Brasil – Boletim Focus 09h30: Brasil – Nota de crédito do BC 10h45: Europa – Christine Lagarde, presidente do BCE, fala no parlamento europeu Brasil – Dívida federal total agosto |
Terça-feira, 29 06h00: Zona do Euro – Confiança na economia setembro (exp: 89; ant: 88) 08h00: Brasil – IGPM setembro (exp: 4,5%; ant: 2,7%) 09h00: Brasil – Preços ao produtor agosto (ant: 2,7%) 11h00: EUA – confiança do consumidor setembro (exp: 90; ant: 84,8) 20h50: Japão – Comércio varejista agosto (exp: 2,0%; ant -3,3%) 22h00: China – PMI Composto setembro (ant: 54,50) Brasil: Resultado primário do governo centralBrasil: criação de empregos formais (exp: 206.826; ant: 131.010) |
Quarta-feira, 30 03h00: Inglaterra – PIB trimestral (exp: -20,4%; ant: -20,4%) 09h00: Brasil – taxa de desemprego nacional (exp XP: 13,7%; ant: 13,3%) 09h30: Resultado primário do setor público consolidado 09h30: EUA – PIB anualizado trimestral (exp: -31,7%; ant: -31,7%) |
Quinta-feira, 01 06h00: Zona do Euro – Taxa de desemprego agosto (exp: 8%; ant: 7,9%) 09h30: EUA – Pedidos de Seguro-desemprego (ant: 12.580.000) 15h00: Brasil – Balança comercial mensal setembro |
Sexta-feira, 02 02h00: Japão – confiança do consumidor setembro (exp: 31; ant: 29,30) 06h00: Índice de preços ao consumidor setembro (exp: 0,3%; ant: -0,4%) 19h00: Brasil – produção industrial agosto (exp XP: 3,7%; ant: 8,0%) 09h30: EUA – taxa de desemprego setembro (exp: 8,2%; ant: 8,4%) 11h00: EUA – confiança do consumidor setembro (exp: 79; ant:79) |