- Assim como o coentro, o Bitcoin vem sendo tema de acaloradas discussões entre quem ama e quem odeia
- Nos últimos meses, algumas notícias vêm favorecendo o segundo grupo, mas sabemos que o cenário pode mudar a qualquer momento (até porque, a volatilidade é de 76%!)
- Nesse cenário é que acontece a discussão sobre os criptoativos serem ou não capazes de substituir o ouro como reserva de valor. Listamos as vantagens e desvantagens das duas classes para descobrir quem ganha essa batalha
Você sabia que o amor ou horror pelo coentro é uma questão genética? Estudos já mostraram (esse aqui é da Cornell, de 2012) que algumas pessoas têm mais sensibilidade gustativa que outras, o que pode levá-las a sentir o famoso “gosto de sabão” quando comem esse tempero tão singular (eu adoro! E você?).
É mais ou menos assim que eu tenho visto investidores lidarem com o Bitcoin e outras criptomoedas. Para quem acredita no potencial desse mercado, é comum ver uma defesa com unhas e dentes sobre o futuro dos pagamentos passar necessariamente por blockchains e criptoativos. Na outra ponta estão os que não aceitam nem uma pitadinha de cripto na carteira — vai ver sentem que esses ativos dão uma ensaboada no portfólio.
Esse último grupo está em vantagem nos últimos meses. Após chegar à máxima histórica em março, perto dos US$ 65 mil, o Bitcoin já negocia abaixo de US$ 33 mil novamente e vem colecionando más notícias nos últimos meses. Vamos a essas más notícias.
China vs. impactos climáticos
Uma das notícias mais impactantes para o universo cripto recentemente foi a ordem da China, país que abriga 50% da mineração de Bitcoin globalmente, para que a província de Sichuan (segunda maior do país em mineração de criptos) encerrasse a atividade. Geradoras e distribuidoras de energia foram impedidas de fornecer eletricidades para pontos de mineração. A medida tem relação com a busca por metas climáticas (entenda mais sobre a relação entre criptos e o clima aqui).
O outro lado
O plot twist dessa história é que essa medida chinesa pode ser positiva para os mineradores. No início deste mês, o algoritmo do Bitcoin foi reajustado para aumentar a produtividade da mineração global, apesar desse contratempo. Com isso, os mineradores que ainda estão na ativa passam a ser recompensados com mais Bitcoins do que eram antes, o que estimula a atividade. Além disso, o fato de passar a ser minerado em outros países, de matriz energética mais limpa, pode melhorar a atratividade da cripto no longo prazo.
Europa pela segurança
Recentemente, o Banco Central Europeu reforçou uma postura de preocupação com a volatilidade do Bitcoin, as questões ambientais e o uso para fins ilícitos. A França já ordenou que as exchanges (corretoras de criptoativos) disponibilizem os nomes dos clientes “por segurança” — acontece que negociar valores sem rastreio dos governos é justamente uma das vantagens das criptos, para quem defende esse mercado, então precisamos ver como eles vão reagir se essa moda pegar.
Fora da Zona do Euro, no Reino Unido, autoridades proibiram as operações da criptocorretora Binance no país, obrigando-os a postar este aviso em seu website britânico, bem como impedindo-os de fazer qualquer tipo de publicidade acerca de seus serviços no país.
É o novo ouro?
Apesar de todos esses eventos, ainda há quem defenda os criptoativos, em especial o Bitcoin, como uma espécie de “novo ouro”: o futuro da reserva de valor. Esse argumento tem como premissa principal a escassez (já que o Bitcoin deixará de ser minerado quando chegarmos a 21 milhões de unidades). Mas quem será que ganha essa batalha?
Bitcoin | Ouro | |
Proteção contra a inflação | Histórico curto impossibilita de saber | Questionável (veja no gráfico 1 abaixo, retirado do portal CNBC) |
Diversificação em períodos de estresse | Tudo indica que não (caiu junto com a bolsa no pior momento da Covid – alta correlação com ativos de risco) | Sim |
Escassez | Sim (mas a ascensão de novas criptomoedas podem diminuir esse efeito) | Sim |
Volatilidade | Maior (veja no gráfico 2 abaixo em comparação com outros ativos de risco) | Menor |
Meio de troca | Pouco aceito (e até a Tesla desistiu de aceitar) | Questionável (até dá pra usar como meio de troca, mas muitos ativos que dão acompanham o preço do ouro não necessariamente dão acesso ao metal em si) |
ESG | Ruim (ao menos até que a mineração passe a usar majoritariamente energias limpas) | Agora já foi: como a maior parte do ouro do planeta já foi minerada, provavelmente a atividade não vai aumentar muito mais sua pegada de carbono agora |
Como pudemos ver, portanto, o ouro continua sendo um ativo mais indicado para lidar com momentos de estresse no mercado (principalmente considerando a volatilidade), mas existem aspectos dos criptoativos que estão em plena evolução e podem eventualmente mudar esse cenário. Já tem quem fale que as chamadas “Stablecoins” (criptoativos cujo valor é atrelado ao de moedas estáveis, como o dólar, ou ao próprio ouro) vieram para ocupar esse espaço com maior segurança. Mas, por ora, não vemos sinais concretos da substituição de um pelo outro.
Um tempero para a carteira
A boa notícia é que, diferentemente do coentro, sua relação com o Bitcoin e outras criptomoedas não tem nada a ver com genética e não precisa ser 8 ou 80: dá para ter só um pouquinho de exposição, um tempero mesmo, sem “espalhar o gosto no prato todo”, ou melhor, sem prejudicar o restante da sua carteira por essa volatilidade tão grande.
Quanto é o ideal? Bom, vai depender de você. Nossa sinalização é até 5% para os perfis mais agressivos, mas hoje preferimos nem incluir nas carteiras recomendadas, enquanto a compreensão sobre esse ativo é tão limitada (melhor não servir coentro para os amigos sem saber se algum tem o “gene do sabão”, né?).
A real, real MESMO, é que você só deve colocar em cripto o máximo de dinheiro que tem disposição para ver praticamente “sumir” em momentos mais críticos. Sempre que estiver pensando em aumentar sua exposição, é só voltar pro gráfico acima, que mostra a volatilidade de 74% do Bitcoin, para pensar se vale a pena.
Elaborado por:
Betina Roxo, CNPI 1493
Paula Zogbi, CNPI 2545
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