Faltam só 2 semanas para as eleições presidenciais dos EUA e o mercado continua de olho na disputa entre Donald Trump (Republicano) e Joe Biden (Democrata). O interesse no resultado dessa corrida é grande porque ela deve influenciar nos mercados globais com possíveis alterações na política econômica e nas relações internacionais da maior economia do mundo.

As pesquisas eleitorais nacionais mais recentes indicam que Biden lidera a corrida pela presidência com vantagem de 10,8 pontos, a maior desde o começo do ano. Segundo o agregador de pesquisas do FiveThirtyEight, a intenção de voto de Biden é de 52,5% contra 41,7% de Trump em 19/10.

De acordo com o modelo preditivo do mesmo site, hoje a probabilidade de Biden ganhar a maioria dos votos dos delegados é de 88%, enquanto a de Trump é 12%. Essa previsão é feita com base em resultados de pesquisas de intenção de votos nacionais e estaduais, além de informações demográficas e histórico de eleições dos estados.

Além disso, a probabilidade do Senado, que atualmente tem maioria republicana, ter predominância democrata após as eleições de 3 de novembro vem crescendo desde o fim de setembro e está em 74%.

Você pode ver as previsões completas do FiveThirtyEight para as eleições presidenciais aqui e para o Senado aqui. Para baixar os dados de pesquisas e do modelo preditivo, é só clicar aqui.

O avanço do ESG

Com Joe Biden consistentemente à frente na disputa pela presidência, as propostas democratas também ficam cada vez mais em evidência e o mercado busca entender melhor os possíveis impactos de cada medida prometida.

Dentre os temas da agenda Biden, o meio ambiente é um dos mais importantes para seu eleitorado. Segundo pesquisa do Pew Research, o assunto é o quarto mais relevante para eleitores do partido nesse pleito — 68% apontam o tema como “muito importante” na hora de escolher seu candidato à presidência. Em comparação, apenas 11% dos republicanos dizem o mesmo.

Se Biden for eleito presidente dos Estados Unidos, temas de ESG (sigla em inglês para Meio ambiente, Social e Governança) devem ganhar mais força no país, assim como investimentos que levam em consideração esses critérios. O candidato tem propostas focadas em energia limpa, com investimento em estrutura e incentivos fiscais para o setor de energia elétrica renovável. Biden ainda é a favor da ampliação de legislações punitivas para corporações e indivíduos que causem danos ambientais.

Existe uma movimentação dos investidores de todo o mundo em direção a portfolios alinhados com os princípios ESG nos últimos anos e, apesar do tema não ser prioridade no atual governo, isso fica ainda mais evidente no mercado americano.

Nos Estados Unidos, 1 a cada 4 fundos já considera os critérios ESG na seleção dos investimentos. Caso Biden ganhe, o que de acordo com as pesquisas e modelos é cada vez mais provável, essa busca das empresas por práticas alinhadas à agenda ESG deve acontecer de forma ainda mais intensa.

É importante lembrar que para colocar em prática seus planos para o meio ambiente em caso de vitória, Biden também depende de aprovação no Senado e na Câmara de Representantes. Essa última tem maioria Democrata, e o resultado das eleições para as 35 cadeiras no senado pode alterar a configuração atual do Senado, com maioria do Partido Republicano. Caso os democratas controlem o Congresso, Biden teria o melhor cenário para aprovar as medidas que desejasse na pauta de meio ambiente.

Refletindo os interesses do eleitorado republicano e em oposição a Biden, Trump não apresentou plano ambiental em suas propostas de campanha, apesar de propor novos projetos para o setor de energia. Caso seja reeleito, não são esperadas grandes mudanças nas políticas ambientais do governo americano.

Se governos impulsionam e priorizam os temas ambientais e de sustentabilidade, é natural que eles tenham um alcance maior. Mas não é só a eleição que influencia nisso: cada vez mais os próprios investidores, as empresas e a sociedade em geral assumem a frente nesses temas, incentivando as práticas alinhadas a pauta ESG. Por isso, esse movimento deve avançar daqui para a frente ainda que não seja uma prioridade do próximo presidente americano.