Durante um bom tempo, navegar por sites como Shein, Shopee ou AliExpress foi praticamente sinônimo de encontrar “achadinhos” por preços bastante acessíveis. Mas esse cenário começou a mudar, e não apenas por causa do frete ou da demora na entrega. O custo final das compras internacionais vem aumentando por um fator específico: a carga tributária.
Desde agosto de 2023, até mesmo as compras de até US$ 50, que antes passavam ilesas pela tributação, passaram a ser taxadas. Isso ocorreu com a implementação do Programa Remessa Conforme, uma iniciativa da Receita Federal voltada a empresas de comércio eletrônico internacional. Plataformas como Shein, Shopee e AliExpress aderiram ao programa e, com isso, passaram a operar dentro de regras específicas: em contrapartida ao compromisso de transparência, coleta antecipada de tributos e fornecimento de informações detalhadas à Receita, as compras de até US$ 50 feitas nessas plataformas passaram a pagar uma alíquota reduzida de 20% de imposto de importação.
Para encomendas acima desse valor, a regra muda. A alíquota de imposto de importação sobe para 60%, como já era previsto na legislação. No entanto, para calcular esse imposto, aplica-se um desconto fixo de US$ 20 na base de cálculo. Isso significa que, ao invés de tributar o valor total da compra (produto + frete + seguro), subtrai-se US$ 20 antes de aplicar os 60%. Essa redução ajuda a suavizar o impacto da tributação nas compras um pouco acima do limite de US$ 50, embora o custo final ainda seja significativamente maior.
Entenda a taxação com mais detalhes aqui.
Esse movimento já indicava o fim da era das compras internacionais com preços simbólicos. Recentemente, uma nova camada de custo foi adicionada: o ICMS.
Em abril de 2024, dez estados brasileiros decidiram elevar essa alíquota de 17% para 20%. A medida, aprovada pelo Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda (Comsefaz) em dezembro de 2024, foi apresentada como uma forma de incentivar a indústria e o comércio locais. Do ponto de vista econômico, o argumento é compreensível, mas na prática, o impacto recai diretamente sobre o valor final pago por cada compra.
Diante desse novo contexto, é importante entender de forma mais clara o quanto essas mudanças afetam o orçamento e quais estratégias podem ser adotadas para consumir com mais critério. Isso ajuda a evitar decisões impulsivas, custos escondidos e escolhas que, no fim das contas, saem mais caras do que aparentavam inicialmente.
Afinal, quanto se paga por uma compra de R$ 80?
Para entender como os tributos se somam nas compras internacionais, é importante destacar que o ICMS é cobrado “por dentro”. Isso significa que o imposto incide sobre o valor total da compra já com o imposto de importação embutido, e não apenas sobre o valor original do produto.
A tabela abaixo mostra como essa dinâmica impacta uma compra de R$ 80, considerando a variação do ICMS entre 17% e 20%:

Só com a mudança na alíquota do ICMS, o mesmo produto ficou R$ 7,67 mais caro. Isso representa um aumento de quase 7% no valor total da compra. Em uma compra isolada, esse acréscimo pode parecer pequeno. Mas quando se considera o hábito de comprar com frequência ou fazer compras de valores mais altos, o impacto no orçamento se acumula de forma significativa.
Em quais estados o ICMS aumentou?
Até agora, os estados que aumentaram a alíquota do ICMS para 20% em compras internacionais são: Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima e Sergipe.
Quem reside em um desses estados já está pagando mais imposto em cada compra internacional desde abril de 2024.
Entenda a nova estrutura de tributação
Para visualizar com mais clareza como os impostos incidem sobre as encomendas internacionais, veja o quadro a seguir:

Informações importantes:
- As alíquotas se aplicam a encomendas com valor aduaneiro (produto + frete + seguro) de até US$ 3.000, destinadas a pessoas físicas ou jurídicas.
- Compras feitas fora do Remessa Conforme estão sujeitas à alíquota de 60% de imposto de importação e à mesma carga de ICMS (que pode variar entre 17% e 20%, conforme o estado).
- Produtos continuam isentos de IPI e PIS/Cofins.
O que muda para o consumidor?
Com mais impostos, o produto importado perde competitividade. Aquela sensação de estar fazendo um bom negócio pode desaparecer quando a fatura do cartão chega ou quando aparece uma notificação de taxa na entrega. Em muitos casos, comprar no mercado nacional acaba custando o mesmo ou até menos, com vantagens como garantia, entrega rápida e possibilidade de troca.
A lógica de consumo muda. Agora, comparar preços, fazer cálculos e repensar o impulso de comprar se tornam hábitos essenciais para quem quer manter as finanças sob controle.
6 dicas para comprar de forma mais inteligente
1. Faça as contas antes de concluir a compra
Leve em conta todos os encargos: imposto de importação, ICMS, IOF do cartão, frete internacional e possíveis taxas extras. Um produto que custa R$ 80 no site pode ultrapassar os R$ 120 no valor final.
2. Pesquise o preço do mesmo produto no mercado nacional
Com os impostos somados, muitos itens deixam de ser uma “pechincha”. Ao comparar com o mercado interno, você pode encontrar versões similares ou até melhores em lojas brasileiras com a vantagem de entrega mais rápida, garantia legal e facilidade na troca ou devolução. Além disso, o consumo local movimenta a economia e ainda evita perrengues com alfândega ou atraso na entrega.
3. Aproveite promoções reais, não só cupons
Cupons de desconto são atrativos, mas sozinhos não garantem economia. Uma boa promoção precisa levar em conta o preço final do produto com impostos, e não só o valor de vitrine. Fique atento a períodos como Black Friday, aniversários de lojas e datas comemorativas, quando e-commerces internacionais e nacionais fazem liquidações mais vantajosas. Um cupom só é bom negócio quando soma com um preço base realmente competitivo.
4. Planeje compras maiores com estratégia
Pedidos frequentes e de pequeno valor podem sair mais caros proporcionalmente. Quando possível, agrupe itens em uma única compra, respeitando o limite de US$ 50 para manter a tributação menor.
5. Avalie a qualidade e a durabilidade do produto
Nem sempre o mais barato compensa. Produtos com qualidade inferior tendem a se desgastar mais rápido, quebrar ou simplesmente não atender às expectativas o que gera mais gastos com reposição. Muitas vezes, investir um pouco mais em um item durável comprado no mercado nacional significa economia no longo prazo, sem contar a tranquilidade de ter acesso à assistência técnica ou suporte local.
6. Foque no planejamento financeiro
Imagine que, em vez de gastar R$ 40 a mais em cada compra por conta dos tributos, optasse por poupar esse valor mensalmente e aplicá-lo em um título do Tesouro com rendimento médio de 14,25% ao ano. Conforme o gráfico abaixo, em cinco anos, isso se transformaria em aproximadamente R$ 3.469, 72. Ou seja, aquele dinheiro “escondido” nos impostos poderia virar uma reserva para emergências, uma viagem ou até o início de uma reserva financeira.

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Mais consciência, menos impulso
As novas regras não impedem ninguém de importar, mas exigem uma postura diferente. Agora, cada decisão de compra precisa considerar mais do que o preço da vitrine. É preciso olhar para o valor total, com impostos e encargos, e entender o impacto disso nas finanças.
Essa mudança de comportamento ajuda a fazer escolhas mais conscientes. Em vez de comprar por impulso e se surpreender com os custos depois, o consumidor ganha autonomia para decidir com mais clareza, evitar desperdícios e até transformar economias pontuais em metas alcançadas.
Informação é poder. E quando se trata de consumo, entender os tributos é um passo importante para gastar com inteligência, sem comprometer o que realmente importa.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 6928
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