- 1. Vacina vs Covid: quando a vacina ganhará essa corrida?
- 2. O Voldemort da economia continua solto: a inflação
- 3. Endividamento do governo no Brasil eleva a percepção de risco
- 4. Curva de juros mexe e impacta os investimentos
- 5. Bolsa brasileira: o que esperar quando você está esperando
Se quiser acessar nossas carteiras recomendadas para abril, confira aqui as sugestões de alocação para os perfis conservadores, moderados e agressivos.
1. Vacina vs Covid: quando a vacina ganhará essa corrida?
Essa é a principal pergunta desde que a pandemia começou, cuja expectativa de resposta é o que mais tem impactado os mercados. Ao longo de março vimos movimentos positivos de evolução na imunização em alguns países, mas ao mesmo tempo novas restrições em lugares que tiveram novamente o aumento de casos da doença, como é o caso do Brasil.
A principal preocupação gira em torno da normalização da atividade, já que a resolução dessa equação “vacina vs covid” ditará o ritmo de retorno da economia. Enquanto os casos continuam subindo e a economia continua enfraquecida, novos estímulos se fazem necessários.
Nos EUA, todos os olhares estão no novo pacote de infraestrutura do governo Joe Biden, que pode custar mais de US$ 3 trilhões. Você poderia pensar: “que bom então, mais dindin pra ajudar a economia”, é… só que não é tão simples assim.
Depois já de quase 40% do PIB em estímulos (nos States), a preocupação com a inflação continua ganhando força e pressionando os juros. E não só lá, mas aqui no Brasil também. Falaremos mais sobre isso nos próximos pontos.
Antes de continuarmos, como estamos e para onde vamos no Brasil?
No Brasil, infelizmente, a situação continua muito desafiadora. O país ultrapassou 12 milhões de casos de COVID-19 no mês passado e continua batendo recordes de mortalidade. Por outro lado, já distribuiu mais de 16 milhões de doses da vacina, o dobro do mês anterior, e a taxa de vacinação também aumentou, com 500.000 vacinas administradas diariamente atualmente. Ainda assim, ao olhar para as doses administradas proporcionalmente à população, o Brasil imunizou 7,8 para cada 100 pessoas, atrás de outras regiões.
Vem vacina…
Segundo Fernando Genta, economista-chefe da XP Asset em coluna no Infomoney, as projeções da casa indicam que o ritmo de produção e vacinação deve se acelerar substancialmente neste mês, mesmo com um cronograma bem menos ambicioso do que o divulgado pelo Ministério da Saúde, principalmente por já termos importado Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) suficiente para a produção de dezenas de milhões de doses.
A XP Asset espera que o Brasil imunize seus idosos até maio. Além disso, todos os brasileiros acima de 20 anos estariam vacinados em agosto/setembro, reduzindo as mortes em 66% até lá. Vale lembrar, no entanto, que notícias de atraso no cronograma, como a recente negativa da Anvisa para a certificação de boas práticas à empresa fabricante da Covaxin, podem mudar as projeções. Veja mais detalhes aqui.
Gráfico interessante da Refinitiv: Com a produção alvo dos 10 principais desenvolvedores de vacinas, teríamos doses suficientes para vacinar a população mundial até o final de 2021
Fonte: Refinitiv
2. O Voldemort da economia continua solto: a inflação
E eu diria que estamos em ‘Harry Potter e o enigma do príncipe’. Segundo resenha da Amazon: – o momento em que fica provado que o poder de Voldemort e dos Comensais da Morte, seus seguidores, cresce mais a cada dia, em meio à batalha entre o bem e o mal. A onda de terror provocada pelo Lorde das Trevas estaria afetando, até mesmo, o mundo dos trouxas (não-bruxos), e sendo agravada pela ação dos dementadores, criaturas mágicas aterrorizantes que ‘sugam’ a esperança e a felicidade das pessoas.
A inflação no Brasil atingiu 5,20% em fevereiro (acumulada 12 meses) e esperamos que a pressão continue no curto prazo, ainda refletindo a elevação dos preços internacionais de commodities, níveis mais depreciados da taxa de câmbio e problemas de abastecimento em alguns setores industriais causados pela pandemia. Nossas projeções (leitura final) para o IPCA neste e nos próximos meses são: 1,08% em março; 0,50% em abril; 0,44% em maio; e 0,33% em junho.
No segundo semestre, esperamos alívio nesse aumento de preços conforme os juros vão aumentando, enfraquecimento do consumo e taxa de câmbio mais estável. Portanto, mantemos a projeção de alta de 4,9% para o IPCA em 2021.
Como me proteger da inflação?
Os ativos que mais se beneficiaram nos últimos 25 anos em momentos de alta da inflação no Brasil: ações, commodities, ouro e dólar dos Estados Unidos. Já os índices Ibovespa e Small Caps apresentaram desempenho inferior.
Nas nossas carteiras, temos exposição a ativos de renda fixa indexados à inflação, individualmente e por meio de fundos, e a fundos e ativos internacionais que podem funcionar como proteção para o seu poder de compra. Saiba mais sobre essas posições no texto que publicaremos amanhã.
3. Endividamento do governo no Brasil eleva a percepção de risco
Sabemos que o endividamento do governo já estava alto antes mesmo da pandemia. Com a crise atual, o governo precisou gastar mais para dar suporte à economia, aumentando a nossa dívida.
Por isso, reformas estruturais fiscais eram tão esperadas para o momento pós pandemia.
Porém, o ano de 2021 começou com a piora da situação, pressionando por mais gastos também esse ano. Além disso, o efeito da inflação mais alta ao longo do ano passado fez com que as despesas do governo para esse ano se elevassem muito mais do que o esperado há um ano.
Como cereja (vencida) do bolo, o Congresso aprovou um orçamento praticamente irrealista para esse ano (sim, que ainda não tinha sido aprovado). No documento aprovado, despesas obrigatórias, como previdência e folha de pagamento dos servidores públicos estão subestimadas entre R$ 30-40 bilhões — ignorando a alta da inflação, e cortando gastos sem critérios críveis, para garantir investimentos em redutos parlamentares.
Como essas despesas precisarão ser cobertas, aumentam as chances de o governo se ver obrigado a cortar outras despesas (aquelas que ele pode mudar, como investimentos e pagamento da máquina pública), para poder pagar as obrigatórias. Ou seja, um risco de “shutdown” (paralisação) da máquina.
O impacto disso tudo…
Toda essa incerteza política sobre o futuro dos gastos afeta os mercados.
O risco de gastos fora do controle afeta a expectativa e inflação, e assim a curva de juros (e seus investimentos em renda fixa); afeta também a trajetória dos juros — a Selic. E, junto, seus investimentos.
Na bolsa, a incerteza também gera volatilidade e o câmbio acaba sofrendo o que temos visto: a alta do dólar. No caso, depreciação do real.
4. Curva de juros mexe e impacta os investimentos
Com esse aumento do risco, o movimento de achatamento da curva de juros (alta dos juros de curto prazo e queda nos de longo prazo) que deu as caras logo após a reunião do Copom (e indicava que o aumento mais intenso da Selic diminuiria os efeitos inflacionários no longo prazo) foi desfeito, e a curva voltou a abrir nos vértices longos, indicando juros mais altos tanto no curto como no longo prazo — ainda distantes dos níveis recordes, vale lembrar.
Apesar desse “empinamento” da curva, seguimos preferindo nos posicionar em pós-fixados, que estão menos sujeitos aos efeitos da marcação a mercado, e indexados à inflação, que protegem contra eventuais aumentos nos preços maiores que o previsto até aqui. Isso porque a incerteza ainda latente sobre o cenário fiscal brasileiro (e a consequente possibilidade de aumento ainda maior nas taxas de juros da nossa dívida pública) mantém elevado o risco de “prender” a rentabilidade em prefixados.
Vale lembrar que a alta de 75 pontos-base da Selic na reunião de março foi acima do esperado pelo mercado e as comunicações do Copom a partir de então criaram uma divisão entre os que veem a Selic em 5% a.a., 6% a.a. ou acima disso ainda em 2021 — nossa expectativa atual é de que a taxa básica de juros termina 2021 em 5% a.a. e fecha 2022 em 6,5%.
5. Bolsa brasileira: o que esperar quando você está esperando
O mês de março do ano passado marcou o fundo do poço das bolsas nesse período de pandemia. O S&P 500 caiu 34% desde seu ponto mais alto em 19 de fevereiro até 23 de março, se recuperando fortemente em seguida, impulsionado principalmente pelas ações de crescimento (tecnologia), que foram menos impactadas pelas medidas de restrição.
Em 2021, vemos outro cenário. Com as vacinas ganhando força, as empresas mais cíclicas que mais se beneficiariam da volta da atividade começaram a superar os nomes de crescimento.
Porém, no Brasil, onde temos inclusive uma maior representatividade das empresas de valor (tradicionais como financeiro e commodities), a bolsa tem sido negativamente impactada pela preocupação com o avanço do coronavírus, incerteza do ritmo da imunização e questões políticas e fiscais, apesar da performance positiva (em reais) em março, com alta de mais de 5%.
Fonte: Bloomberg. Preços de 30/03/2021
Portanto, ter uma carteira diversificada, com exposição à renda fixa brasileira e renda fixa e renda variável global é muito positivo para maximizar a rentabilidade.
Olhando para as empresas especificamente, ainda acreditamos que a bolsa brasileira oferece oportunidades, como as empresas que estão para trás em relação ao resto da Bolsa e podem se recuperar com a melhora da imunização e consequentemente, normalização da atividade.
Além disso, as empresas de alta qualidade, de resultados sólidos e gestão eficiente, cabem muito bem na carteira em momentos de incerteza. Confira a lista completa das que estão descontadas (baratas em relação ao seu histórico ou em relação ao seu setor) na nossa carteira RICO3.
Elaborado por:
Betina Roxo, CNPI 1493
Paula Zogbi, CNPI 2545
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