A Ata do Comitê de Política Monetária reforçou o tom mais duro do Banco Central observado no comunicado da semana passada. O Comitê destacou mais uma vez sua preocupação com o comportamento da inflação corrente, especialmente sobre preços industriais e energia, e diante da resiliência maior do que o esperado da demanda. Ou seja, a economia está voltando mais rápido, intensificando impactos da alta das commodities, desequilíbrios na cadeia de produção e da crise hídrica – mesmo diante da apreciação recente do real.
 
Mas o Copom usou a ata para ir além, indicando que estará pronto para acelerar ou intensificar a alta de juros ainda nesse ciclo, se preciso. O que significa levar a taxa Selic para além do seu nível neutro – aquele que não estimula nem desestimula a economia, que hoje está em 6,5% ao ano. Isso poderia ocorrer diante da disseminação mais ampla desse alta de preços (especialmente conforme o setor de serviços retome a normalidade), e da desancoragem das expectativas para o ano que vem.
 
Dois principais pontos contribuem para esse entendimento: i) a leitura do Copom de que os riscos hoje são mais altos para a inflação subindo além da meta, mesmo considerando a alta prevista para a Selic, e ii) o fato de que a economia pode se provar ainda mais resiliente do que o Copom vê – intensificando esse cenário.
 
Diante disso tudo, o investidor deve esperar a intensificação dos impactos vistos na semana passada, especialmente na renda fixa (redução da inclinação da curva de juros – maiores taxas de curto prazo, menores de longo prazo), e no câmbio – reforçando tendência de apreciação do real.
 
De maneira geral, os juros estão voltando a subir no Brasil, mas é importante ressaltar que o objetivo do Banco Central com esse movimento é reduzir os estímulos vigentes hoje na economia, e eventualmente entrar em um território bastante inicial de aperto monetário. Se o BC for bem sucedido em sua tarefa de controlar a inflação (especialmente no ano que vem, já que a política monetária demora um tempo para fazer efeito na economia real), é um movimento positivo: economia voltando ao normal, crescimento saudável da inflação e do crédito, sem necessidade de impulsos adicionais.

Elaborado por:

Betina Roxo, CNPI 1493
Paula Zogbi, CNPI 2545

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