O fim da queda dos juros chegou, ao menos por hora, e Taxa Selic (nossa taxa básica de juros) foi mantida em 10,50% ao ano.

Com juros relativamente mais baixos, ações ficam mais atrativas. Abaixo te explicamos o porquê em três gráficos — e um bônus, com um motivo extra para você não deixar todos os seus investimentos atrelados ao CDI.

1) Expectativa de que juros caiam à frente beneficiam as ações

O DI futuro, que representa a expectativa do mercado para a taxa de juros adiante, caiu ao longo de 2023. Cada linha no gráfico é uma foto da expectativa do mercado para os juros adiante; assim, comparando linhas, sabemos se investidores estão esperando juros mais altos ou mais baixos que no passado. 

A queda nessa expectativa, além de puxar a curva DI para baixo, também impulsiona a bolsa para cima: no período representado no gráfico, o Ibovespa subiu 12,6%. Isso acontece porque, esperando que os juros caiam, os investidores começam a perder interesse pela renda fixa e passam a prestar mais atenção nas ações como alternativa para buscar mais ganhos (em troca, claro, de mais volatilidade).

O contrário também acontece: em janeiro, com o banco central dos EUA sinalizando que não deve cortar juros tão cedo quanto o mercado esperava, o DI futuro subiu — e a bolsa caiu 4,8%.

2) Ciclos de corte (de fato) da Taxa Selic também tendem a favorecer o Ibovespa

Mesmo com o efeito das expectativas de queda de juros já realizado, o corte de fato das taxas também faz diferença: nos quatro períodos indicados no gráfico, o Ibovespa teve retornos fortemente positivos em dois deles (+82% e +21%, anualizados), e levemente negativos em outros 2 devido a crises pontuais (crise da dívida dos países europeus em 2011 e pandemia de Covid-19 em 2020, ambos com -2% anualizado).  Desde o primeiro corte do ciclo atual, em agosto de 2023, a Bolsa já subiu 5,9%.

3) Juros mais baixos aumentam o valor justo das empresas (e fica mais vantajoso investir nelas)

O que chamamos de valor justo de uma empresa, do qual deriva o famoso preço-alvo da sua ação, é diretamente ligado ao nível da taxa de juros. Simplificando bastante, ele é calculado a partir do valor presente dos fluxos de caixa da operação (ou seja, quanto a empresa gasta e recebe com suas atividades do dia a dia), somado ao valor esperado para a empresa no longuíssimo prazo. Se o que sobra ao comparar esse valor presente (o preço-alvo) ao preço atual da ação é positivo, comprá-la parece ser vantajoso.

Se você já estudou matemática financeira, sabe que trazer a valor presente quer dizer que temos que aplicar uma taxa de desconto à quantia em discussão — o dinheiro hoje vale mais que o mesmo dinheiro no futuro, graças à inflação e ao custo de oportunidade. Nesse caso, esse valor vai ser o custo de capital, ou quanto a empresa paga para financiar suas atividades. Por um lado, os acionistas exigem retornos em troca do investimento na empresa; por outro, a empresa tem um custo de capital de terceiros, seja via emissão de dívida no mercado ou tomando crédito em instituições financeiras.

Em ambos os casos, quanto mais altos os juros, mais sobem os custos: acionistas podem encontrar outras oportunidades mais vantajosas e com menos risco por aí, enquanto bancos sobem taxas cobradas para manter sua rentabilidade. Assim, se os juros caem, o custo de capital também cai, puxando o preço justo das ações para cima.

No gráfico, um exemplo de como é a dinâmica do valor justo em relação à taxa de desconto: quanto mais alta essa taxa, mais baixo o valor presente dos fluxos futuros e menos vantajoso comprar essa ação.

Bônus: Adeus, 1% ao mês

Não é hora de dar tchau para a renda fixa (aliás, nunca é: ela é parte importante de uma carteira diversificada), mas o tão falado rendimento de 1% ao mês agora ficou mais difícil. Se antes você encontrava ganhos dessa magnitude num título com rendimento de 100% do CDI, a perspectiva é que, com a Selic em 10,5% até setembro de 2024, esse mesmo investimento pague cerca de 0,84% por mês. Para buscar mais rentabilidade sem abrir mão da previsibilidade da renda fixa, nossa sugestão é olhar com atenção para títulos de crédito privado e atrelados à inflação — confira mais das nossas dicas de onde investir na renda fixa com a Selic em queda clicando aqui.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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