Em 2023, o Ibovespa, principal índice de ações brasileiras, teve seu melhor desempenho anual desde 2019, subindo 22,3%. Além da alta expressiva, o índice renovou recordes no final de dezembro e fechou o ano perto da máxima histórica, aos 134.185 pontos.

Veja abaixo o que marcou o desempenho do índice no ano, além das maiores altas e baixas tanto do Ibovespa quando do índice de Small Caps e no que ficar de olho para 2024.

O que marcou o Ibovespa em 2023

Ibovespa quebra recordes em dezembro e atinge 134 mil pontos

Impulsionado pelo rali no final do ano, Ibovespa quebrou recorde atrás de recorde: pela primeira vez, em 14/12, quando bateu 130.842 pontos. Após renovar essa máxima por vários dias seguidos, o índice alcançou o maior nível já visto no dia 27, chegando a 134.194 pontos.

Contribuíram para esse rali: (i) o cenário de queda de juros, com o Banco Central promovendo cortes na Selic desde agosto e a expectativa de que o Federal Reserve (banco central dos EUA) corte juros no próximo ano; (ii) desaceleração da inflação, que dá mais conforto para o BC continuar reduzindo a taxa básica de juros por aqui; (iii) anúncio de medidas que visam ajudar o governo a equilibrar as contas, reduzindo percepção do risco fiscal.

Já falamos antes sobre a diferença entre máxima nominal e real, quando ajustamos o Ibovespa pela inflação. Ainda que o nível visto no fim de 2023 não seja o maior em termos reais (nesse caso, a máxima seria de 177.594, em 20/5/2008), ainda é um marco relevante para os investidores e reflete o bom humor que tomou conta dos mercados no final do ano.

Setores do Ibovespa: quem ganhou e quem ficou para trás em 2023

No ano, os grandes ganhadores foram os setores:

  • Educação (+100,2%)
  • Óleo, Gás e Petroquímicos (+75,4%)
  • Imobiliário (+54,7%)

Além deles, tiveram desempenho superior ao Ibovespa como um todo os setores: Bancos; Tecnologia, Mídia & Telecom (TMT); Transportes; e Instituições Financeiras.

Por outro lado, Mineração e Siderurgia (-1,8%) foi o único setor com perdas em 2023. Varejo (+6,9%) e Saúde (+5,1%), apesar de terem subido ligeiramente, também ficaram para trás em relação ao Ibovespa e aos outros setores.

Ações: quais mais subiram em 2023

Dentre as ações do Ibovespa, as maiores altas foram de Yduqs (YDUQ3, +123,2%), CSN Mineração (CMIN3, 119,3%), Ultrapar (UGPA3, 114,7%) e Petrobras PN (PETR4, 96,0%).

Já em Small Caps — empresas com valor de mercado menor, geralmente com perfil de crescimento e que costumam ser mais arriscados —, Tenda (TEND3, +251,4%), C&A (CEAB3, 241,9%), Plano & Plano (PLPL3, 201,4%) e Marcopolo (POMO4, 166,6%) foram as grandes ganhadoras.

Abaixo, 10 maiores altas dentro dos índices Ibovespa e Small Caps (SMLL):

Ações: quais mais caíram em 2023

Do outro lado da moeda, Grupo Casas Bahia (BHIA3, -81,0%), Pão de Açúcar (PCAR3, -40,7%), Minerva (BEEF3, -38,9%) e Petz (PETZ3, -36,7%) foram as ações do Ibovespa que mais caíram no ano.

Dentre as Small Caps, os ativos com maiores perdas foram Sequoia (SEQL3, -87,0%), CBA (CBAV3, -52,7%) e Alliar (AALR3, -51,9%), além de Casas Bahia, que também é uma small cap.

Abaixo, 10 maiores quedas dentro dos índices Ibovespa e Small Caps (SMLL):

No que ficar de olho em 2024

Para 2024, alguns riscos globais ficaram para trás, enquanto outros permanecem. Por um lado, a visão para os resultados das empresas ficou mais positiva e o ciclo de alta dos juros americanos parece ter chegado ao fim. Por outro, juros altos por mais tempo e medo de uma recessão ainda seguem no radar.

Já no Brasil, saímos na dianteira do corte de juros, mas tampouco sem riscos adiante. Questões como a piora do risco fiscal (essencialmente, se o governo vai conseguir ou não arrecadar mais do que gasta) e desdobramentos da reforma tributária nas empresas continuam pressionado os ativos locais. Ainda assim, vemos o investimento em bolsa de valores brasileira de maneira construtiva.

Com algumas incertezas no cenário econômico à frente, juros caindo e valuation barato, nossa visão é de que não é necessário correr riscos adicionais na hora de buscar um bom desempenho na Bolsa. Por isso, entendemos que ainda existem oportunidades em ações de empresas consolidadas e de qualidade na bolsa brasileira, que mantêm preço atrativo.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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